Capítulo 3 - Parte 5

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    Parte 5: Intensivo

    Eniac passou pela terceira vez seu olhar pelos jovens e cada vez se sentia mais empolgado. Ao que parece, tinha um ótimo material humano a ser trabalhado. Acreditava que o potencial cognitivo deles não tinha limites, e se tivesse, ultrapassaria todos os outros habitantes do continente. Com exceção dele próprio, claro. Mas antes de vislumbrar ainda mais o futuro daquelas crianças, tinha que fazê-los superar suas poucas limitações e aumentar seus limites. O nível de magia deles seria incrivelmente alto, conseguiriam estar à frente de qualquer tática e derrubariam qualquer oponente antes que eles tivessem chance de desembainhar suas armas.

    Os jovens encaravam o duque, tentando imaginar o que é que ele tanto pensava. Até onde sabiam, tinham um potencial que chamou o interesse do duque. Sabiam também que Norah, com sua nova habilidade, despertou os sentidos inventivos de seu mestre e estavam ansiosos para saber no que exatamente ele vinha pensando. Porém, ninguém tinha coragem o suficiente para distraí-lo com perguntas que provavelmente seriam respondidas.

    - Muito bem. – Disse Eniac calmamente. – Suponho que já informaram a senhorita Norah da conversa que tivemos.

    - Informamos sim, duque Eniac. – Respondeu Linus.

    - E como você se sente em relação a isso? - Perguntou a Norah.

    - Sinceramente, no início eu achei incrível. – Disse Norah, relutante. – Mas depois que coloquei meus pensamentos no lugar e pensei mais a respeito, não sei exatamente como me sentir...

    - Sinta-se privilegiada, minha cara Norah! – Sorriu Eniac. – Você possui uma habilidade capaz de causar inveja no melhor soldado real. Eu passei a noite em claro analisando possíveis utilidades para suas habilidades e encontrei muitas! Por isso quero fazer uma proposta a vocês.

    O duque fez aquele silêncio capaz de inquietar e desconfortar um abutre esperando sua preza morrer e, de novo, ninguém queria romper o silêncio, sabendo que logo o duque faria sua proposta, mesmo assim, os segundos de silêncio pareciam décadas.

    Finalmente, o duque ajeitou sua capa dourada caída sobre o ombro esquerdo e sorriu.

    - Quero que passem seis meses aqui. Nesse tempo, ensinarei o máximo do que sei a vocês. Acredito que absorveram conhecimento o suficiente para serem meus primeiros discípulos.

    Todos estavam boquiabertos. Era uma proposta tentadora.

    - Eu não tenho herdeiros. – Disse Eniac, virando-se de costas. – E duvido que tenha um dia. Não posso arriscar que um filho meu não tenha a capacidade e nem a competência para administrar o que minha família construiu. – Ele foi até a parede dos fundos, encarando o brasão de sua família, pendurado no centro da parede. – Por isso eu procurei em minhas instituições. Queria encontrar alguém a altura do meu legado. – Ele se voltou para os jovens. – E eu encontrei. Quero que vocês herdem minhas escolas, meus centros de pesquisa e é claro – Acrescentou sorrindo. – Minha fortuna.

    Atônitos de mais para responder, o máximo que os seis conseguiam fazer, era encarar o duque com suas expressões cheias de emoção. A resposta, lógico, era óbvia de mais. Neil foi o primeiro a se recuperar do choque.

    - Seria uma grande honra, duque Eniac! E acredito falar por todos os meus companheiros.

    Um a um, os jovens se recuperavam, olhavam sorridentes uns para os outros sem saber muito bem o que falar. Norah tinha certeza de que sua emoção era tanta que não poderia ser verbalizada, o que justificava abrir a boca constantemente e nenhuma palavra sair.

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