Capítulo 2 - Parte 2

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    Parte 2: Alistamento

    .Local – Tauvan – capital de Alao; 616 d.C.


    Depois do incidente resultando na morte da mãe de Nabal, seu pai foi preso e condenado à morte, uma pena muito incomum, mas justificada pela traição e assassinato brutal. Segundo o tribunal, Nardo tinha se aliado à Roldórnia e recebera ordens de matar a própria família como prova da fidelidade para com os novos aliados. A coleira de ouro seria um presente de Roldórnia e a prova da traição. É claro que quem conhecia Nardo sabia que era impossível que algo do gênero tenha acontecido, mas ninguém ousava a contradizer o tribunal ou acabaria tendo um destino semelhante. A vida de Nabal não foi fácil depois do incidente... As outras crianças passaram a evitá-lo. Não era saudável, segundo seus pais, terem como amigo o filho de um traidor e assassino da própria família. Sempre que tentava se aproximar, era rejeitado imediatamente. Os olhares de medo das crianças enquanto se afastavam de Nabal o deixou muito mal por anos, até que resolveu superar toda a tristeza para focar-se em um único sentimento: sua raiva crescente, que alimentava seu profundo desejo de vingança.

    Ele foi adotado por Thelma, uma mulher de meia idade e de desbotados cabelos vermelhos, que possuía uma pequena loja de doces, famosa nas redondezas, onde Nardo e Melissa costumavam dividir um pedaço de torta de cereja desde que começaram a namorar. Thelma era viúva e não tinha filhos. Quando soube da tragédia envolvendo aquele casal do qual tanto gostava, prontamente acolheu Nabal em sua casa, mas conforme os anos passavam, percebia o quanto aquela criança pouco a pouco mudava, sucumbindo ao sofrimento daquele fim precoce que seus pais levaram.

    Thelma sempre tentava consolá-lo dizendo para ele ser forte e que tudo iria melhorar, enquanto entregava-o a mesma torta de cereja que seus pais tanto amavam, mas Nabal não a comeu nem sequer uma vez. Só acreditava que tudo melhoraria quando conseguisse encontrar o roldórnio que matou seus pais e o atravessasse com a única coisa que restou de sua família: o sabre de seu pai, que Nabal recuperou, ainda ensanguentado, do chão se sua casa.

    Nos anos que se passaram, Nabal cresceu bastante até a marca de 1,73 metros e aperfeiçoava constantemente suas habilidades com o sabre. Ele se exercitava e corria todos os dias, focando todas as suas forças apenas no treinamento, se preparando para o dia em que poderia se alistar para ser um soldado de Alao. Esse dia chegou. Agora, com a idade mínima requerida para isso,18 anos, se sentia pronto para finalmente se alistar. Seu plano era se tornar soldado, pois, com o treinamento que teria, poderia ficar forte o suficiente para aniquilar qualquer soldado roldórnio que ousasse impedi-lo de descobrir quem era o responsável pela loucura de seu pai.

    Na manhã do dia do alistamento na capital, o jovem arrumou uma pequena sacola com seus pertences e desceu para o primeiro andar da residência de Thelma, onde sua doçaria funcionava.

    - Nabal! – Chamou Thelma de trás do balcão. – Já está indo?

    - Sim. – Respondeu simplesmente.

    Sem olhar para trás, Nabal caminhou até a porta e abriu-a.

    Thelma foi até ele e pôs uma mão em seu ombro.

    - Você tem certeza de que é isso o que deseja? Por favor, não deixe esses sentimentos ruins tomarem conta de você...

    - Ficarei ótimo. Não se preocupe.

    Ele saiu de seu lar adotivo e começou a caminhada até o castelo do Reino do Fogo, onde a seleção começaria em breve.

    - Nabal... – Chamou Thelma, novamente.

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