• Assédio •

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— E essa carinha? Tem alguma coisa acontecendo? — Antes do garçom trazer o verdadeiro prato do qual iriamos comer, eu já me empanturrava de batata frita. Não tinha jeito, por algum motivo eu estava com vontade de comer isso.

Jin ajeitou a jaqueta e voltou a bebericar o seu vinho. Estávamos numa mesa perto de uma enorme janela, longe das poucas pessoas que comiam ali conosco.

Sua feição demonstrava dois tipos de sentimentos, uma era a preocupação e a outra era felicidade. Ambas se completavam e formavam algo indecifrável.

Eu parei de comer e encarei seu rosto.

— Estive numa reunião com os garotos e algumas empresas parceiras da L.J Kim's, quero começar com os planos de levar nossa marca para outros países. Começando pelo Brasil. — Seus olhos analisavam todo o meu rosto e parando em meus lábios, depois encaminhando-se de volta à meus orbes.

Batucava a mesa com os dedos, a aliança refletindo bastante brilho por conta do diamante.

— Isso é bom, né? É uma coisa que você desejava há tempos, deveria ficar feliz com a oportunidade de levar sua idéia a diante.

— E estou, mas é muita responsabilidade e preciso encontrar alguém para tomar conta da empresa no Brasil, de preferência alguém confiável. — Pareceu pensar um pouco, perdendo-se em seus pensamentos. Logo reparou no que estava fazendo e se recompôs — Agora não importa, as obras só irão começar depois da festa, duas ou três semanas no máximo.

Peguei sua mão por cima da mesa e brinquei com a aliança em seu dedo. Vi o quanto estava exausto, mesmo certificando-se de dormir bem nas noites ele tinha uma aparência cansada.

— Posso te ajudar, não precisa fazer tudo sozinho, somos uma dupla agora. Você vai se sobrecarregar demais se fizer só, além do mais tem os garotos e o pessoal da empresa, sua mãe também conta.

Ele riu soprado e girou nossas mãos para que agarrasse a minha.

— Isso se ela não quiser se aposentar e morar na praia como uma madame.

— Duvido muito que Eliza jogue tudo nas suas costas. — O contrariei. Seu polegar alisava minha pele me causando sensações boas.

Ele deu de ombros e sorriu pouco.

— Também duvido. — A essa altura nós riamos sem perceber, o ambiente até que estava agradável nesse ponto de vista — Bom, deixando esse assunto de lado e falando sobre o final de semana. A festa será daqui à três dias, o salão do segundo prédio é um pouco maior, então pedi que mudassem às decorações pra lá. Tudo bem?

— Sem problemas.

Foi só o que eu consegui dizer antes do garçom chegar e colocar os pratos na mesa. Não sei se estava delirando ou vendo coisas, mas peguei o garoto que nos servia dando uma piscadela para mim, de algum modo ele tentava me seduzir sem usar palavras. Estava a poucos centímetros de mim e mais para o meu lado, seus olhos percorreram meu corpo até chegar em minhas pernas.

Abaixei o quanto eu pudia da saía para cobrir uma parte das minhas pernas, sentia-me desconfortável com os olhos dele sobre minha pessoa, sobre aquela parte. Por sorte Jin percebeu o que acontecia, e então eu pudia confirmar que não era coisa da minha cabeça.

O garçom deixou o último prato à minha frente e encarou um feixe da minha blusa que eu costumava deixar aberto, nada demais. O rapaz se assustou ao sentir uma das mãos de Jin agarrarrem seu braço, se levantou e o puxou agressivamente para perto de sí, fazendo o garoto ficar cara a cara com ele.

Até eu me assustei, o jeito como Jin encarou o garçom foi como se quisesse mata-lo ali mesmo na frente de todos que, a essa altura, assistiam ao show.

Apertou mais o braço do homem e contorceu o maxilar. Vendo a expressão do cara, eu pressenti que estava prestes a cair no chão e pedir desculpas. O medo era maior que a coragem de encarar os olhos de Jin, mas não deixou de fazer isso.

— Olha assim pra ela de novo e você nunca mais verá a luz do dia. Entendeu? — Ameaçou o rapaz com mais um aperto, a esse ponto o outro gemia de dor.

— S-Sim, por favor me solte.

Jin olhou para mim como quem pedisse permissão.

— Deixa isso quieto Jin, tá tudo bem. — Dei a volta na mesa e toquei a mão dele para que o soltasse, assim largando o pulso do moço com brusquesa.

Era de se esperar que caras assim estivessem por ai assediando mulheres a qualquer custo. Odiava isso, mas não tinha como escapar, mesmo que tenha sido olhares desejosos, ainda assim foi um tanto desconfortável e sei que seria para qualquer mulher.

Jin só estava tentando me proteger de caras como ele.

— O que está havendo aqui?! — O gerente do restaurante se aproximava de nós com passos apertados, no instante em que viu o rosto de Seokjin, se curvou mais de três vezes.

O rapaz ao qual tentou me seduzir saíu as pressas e entrou no banheiro, talvez com medo de levar bronca. Jin me colocou atrás dele e assombrou o gerente com um olhar desagradável.

— O seu funcionário assediou a minha esposa. — Respondeu com autoridade no seu tom de voz, algo que fez o cara à frente se espremer.

— Mas senhor, o senhor não pode machucar um funcionário por uma coisa tão simples.

— Simples? — Perguntei perplexa, não acreditava no que acabei de ouvir desse abestado.

O ódio subindo aos poucos e não foi diferente com Jin.

— Acha que assédio é uma coisa simples? Você é tão estúpido quanto o seu funcionário. — Negou freneticamente com um breve riso debochado — Eu vou denunciar o seu restaurante e acabar com a sua carreira por dizer uma estupidez dessa. É melhor que ensine seus funcionários a se comportarem diante de uma mulher, a não assediar esposa de ninguém e mulher nenhuma.

— Senhor, não tem esse direito....

Jin aproximou-se dele e o homem deu um passo para trás. Um gesto de bravura que me impressionou.

— Pague pra ver. — Disse simplista — Eu quebraria o braço de qualquer assediador e principalmente daqueles que mexerem com a minha garota. — Jin se virou e pegou minha bolsa no encoste da cadeira, depois pegou minha mão e me puxou consigo para a saída — Vamos comer na minha casa, eu farei um jantar pra gente. Será muito melhor.

— Tabom. — Encostei a cabeça em seu ombro como forma de esconder a vergonha que eu sentia por ser um dos motivos daquela briga.

𝕸𝖞 𝖇𝖔𝖘𝖘 °𝕂𝕀𝕄 𝕊𝔼𝕆𝕂𝕁𝕀ℕ°  [Terminada]Onde histórias criam vida. Descubra agora