𝕸𝖞 𝖇𝖔𝖘𝖘 °𝕂𝕀𝕄 𝕊𝔼𝕆𝕂𝕁𝕀ℕ° [Terminada]

• Primeiro beijo? •

— Jin, o que você.... — Sua mão é colocada em minha boca rapidamente.

— shhhi... Seu irmão me deixou entrar.
— Sussurrou, retirando as mãos que até então me calavam.

— Mas por que você veio?

Seok apoiou-se na escrivaninha perto da janela como uma escultura criada pelos deuses gregos, meramente seus olhos percorreram meu corpo. — Queria ver como estão seus pais, mas seu irmão disse que eles não estavam, então resolvi esperar você chegar.

— Impossível você chegar primeiro que eu. — Indaguei perplexa, o mais velho agora se aproximando de mim.

— Eu tenho meus segredos. — Disse convencido.

— Disso eu sei, tanto que você não quer me contar.

— Ei Ae-cha — Agarrou meu pulso
— Eu não disse que não te contaria, apenas falei que você iria descobrir com o tempo.

— Tanto faz, Jin. Você é meu chefe e eu não tenho o direito de me intrometer na sua vida.

— Esquece isso, vamos sair um pouco, tem uma praça aqui perto da sua casa... o que acha?

— Não Jin, é sério, você precisa ir pra casa, sua mulher deve estar preocupada. – Me soltei, saindo de perto dele.

Ele grunhiu, meio que sorriu fanho, cravando os dedos nos cabelos macios que ele tinha. Sua respiração se alterou e só então eu percebi o quão incomodado ele fica quando eu toco no assunto sobre sua mulher.

O que será que aconteceu? – É inevitável pensar que talvez ele não goste dela, e se for isso mesmo? Parece tão na cara que às vezes eu me sinto culpada, que ridículo.

— Seu jeito é diferente, sabia Ae-Cha?
— Ele mordeu seus lábios – É por isso que eu gosto de você... como amigo é claro.

Soltei um suspiro profundo e pesado, sentindo meus pés se fundirem com o chão. Jin conscientemente pareceu perceber e então se ajeitou com um sorriso bobo no rosto.

— Vai, é só um passeio para esvaziar a mente... E outra, tenho que te perguntar como está indo seu trabalho com o café.  — Suas mãos me puxaram.

— Tá, Tá, calma ai. – Tive que descer as escadas me arrastando, Minho e Yun continuavam jogando loucamente sem tirar os olhos da Tv – Meninos, estou saindo, não demoro.

Sai de casa naquela noite calma, o bairro onde eu morava estava calmo e sereno, sem nenhuma alma que possa nos incomodar – Eu deveria me preocupar por estarmos sozinhos?

Atravessamos a rua e em pouco tempo estávamos no parque, que apesar de vazio, estava escuro, somente com a luz da lua nos iluminando perante seu brilho intenso.

— Está com você. — Disse, começando a correr pela grama baixa e bem feita.

— O-O que?... ei espera!! — Começei a correr atrás dele. Jin correu mais rápido que eu e quando percebi, já estava na brincadeira. Sério? Brincando de pega pega com meu chefe, num parque, a noite?

Nós riamos feito crianças enquanto eu tentava alcança-lo, fazia tempo que não sabia o que era brincar e para ser sincera eu estava gostando, realmente eu estava?!

Ele parou, jogando-se na grama ainda rindo – Ah, aquela risada – tão intensa tão doce, nunca o vira rindo assim, esse não era o Jin que eu conheço, esse não é meu chefe, esse é a versão criança de Kim Seokjin.

Me joguei ao lado dele, um pouco afastada e olhando para a lua com seu brilho claro e encantador, segui as risadas dele, nós dois com a respiração ofegante que demorará a passar.

Virei meu rosto para analisar o dele. Era tão lindo até no escuro, sua pele molhada, seu cabelo grudado na testa por causa do suor, o peito descendo e subindo aceleradamente, sem contar aqueles lábios que atraíam qualquer ser humano.

Mas que merda deu em mim para pensar isso do meu chefe? – Tá, saímos uma vez, mas eu ainda devo respeito a ele – Só é meio difícil convencer meu coração disso. Jin me atraía de uma forma surpreendente, como isso é possível?

Quem sabe eu não estivesse louca de pensar uma coisa dessas, mas a verdade é que eu não sabia mais de nada, e... o que estou fazendo ali mesmo?

Encucada com meus malditos pensamentos, nem passou em minha cabeça que seus olhos negros e quentes me observavam também. Desviei meu olhar para o céu, tendo a certeza de que nossas respirações já tivessem voltado ao normal, me sentei novamente.

— E então, como está indo no café? – Ele também sentou-se, apoiando seu cotovelo nos joelhos e unindo as mãos.

— Consegui fazer o que eu queria, por sorte está tudo indo bem. Eu acho...

— Você acha?... e eu acho que você deveria ter certeza.

— Por que me trouxe aqui? – Encarei-o – Deveria estar preparando os detalhes da festa.

Ouvi um barulho sair de sua boca e fiquei contente por não ter sido em incômodo ou braveza.

— Certamente eu quero fazer com que você mude de ideia e vá a festa.

— Qual é... – Fechei os olhos, rindo por seu tom de voz — Já disse que não vou, podemos mudar de assunto?

— Sem problemas, bravinha. – Já vi que isso te incômoda, se você não quer ir tudo bem.

— Obrigada por compreender. – Rimos.

Ficamos em silêncio por um tempo, no canto dos olhos eu pude ver o quanto ele me olhava, como se estivesse pensando em algo que fosse difícil de entender.

— Para de me olhar.

— Por que? Gosto de olhar pra você.

O encarei de novo, sua mão foi levada até a lateral do meu rosto acariciando minha bochecha delicadamente, a qual ele apertou da última vez.

Ele molhou os lábios com sua língua, fitando minha boca com frequência. No meu caso só conseguia olhar seus olhos penetrantes, tentando ler o que ele pensava.

Aquela altura da situação já fazia ideia do que iria acontecer e se eu deixasse isso seguir em frente, acho que me arrependeria depois.

Se não esse caso, certeza de que no fundo eu gostaria e desejaria beija-lo essa noite, mas eu só conseguia imaginar o dia de amanhã, como eu olharia para ele depois desse beijo, como seria nossa relação de secretária e chefe.

E então ele se aproximou devagar, fui deixando levar até nossos rostos estarem a poucos metros de proximidade um do outro, e no momento em que nossos lábios se tocariam por completo, eu me afastei e virei o rosto para o outro lado.

— Tudo bem? — ele perguntou, preocupado.

Como ele consegue perguntar isso? quase nos beijamos e ele não parece se importar com a minha deixa, por que Seokjin? por que eu tenho que gostar de você?

Talvez eu só esteje blefando, ou então eu esteje com sono mesmo?

— Sim, está... eu só preciso dormir, é melhor eu voltar, está ficando tarde e amanhã eu tenho que ir pra faculdade. – me levantei, limpando minha roupa com as mãos.

— Tem razão, vou te levar para casa.

Quase dei um pulo para trás quando ele tocou minha mão e entrelaçou seus dedos com os meus, puxando-me para andar com o mesmo até em casa.

— Nos vemos amanhã, Ae-cha. – Ele soltou um sorriso breve, que me fez ir ao chão.

— Boa noite, Jin.

Ele entrou no carro e em segundos sumiu na escuridão, fechei a porta com força e me encostei nela, batendo na minha própria cara.

.

.

.