• O Pedido •

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Para minha surpresa fomos ao mesmo restaurante de antes, o Avalanch's Restaurante. Aquela loira nos recebeu e como eu esperava, dando em cima do Jin.

Virei meu rosto para não olhar aquela cena que eu não era obrigada a ver. Sentamos em uma mesa no meio das outras, nossos pedidos foram frutos do mar, e não demorou muito para que chegasse e começarmos a comer.

— Algum problema? — Jin agia normalmente mesmo que eu tivesse feito um desastre no carro. Não era só isso, ele percebeu que eu o olhava demais e às vezes encarava aquela loirinha.

— Nada, é só que... parece que alguém admira muito você. — Dei risada, me referindo a outro tipo de admiração. Ele entendeu muito bem e fez uma cara de assustado, negando de forma rápida.

Ele largou a lagosta e limpou as mãos no guardanapo para beber um pouco de seu vinho.

— Pare com isso, mal a conheço, Ae-cha.
— Revirou os olhos ao afastar a taça de seus lábios. Tentava mudar de assunto para não ficar mais ainda constrangido com o que eu pensava, mas não me importei e voltei a comer. — Vai usar o vestido que lhe dei para ir a festa, né?

Com a boca cheia de camarão, eu olhei para ele rapidamente com os olhos arregalados.

— Uhum!!

— Não fale de boca cheia. — Ele deu um sorriso fofo e pegou o guardanapo da minha perna para limpar minha boca. Desviei de primeira, sem saber o que Jin pretendia fazer. — Sua boca está suja de molho.

Suas mãos chegaram perto da minha boca e, limpando o molho, eu tirei o guardanapo dele. Sem possibilidades de eu cometer outra loucura, agora não.

— Tenho um pedido para te fazer.
— As lagostas e as lulas não me pareciam mais apetitosas a esse ponto. Meu coração parou de bater, na minha cabeça se passavam muitas perguntas sobre que tipo de pedido seria esse.

Tinha ficado tão nervosa que me lembrei da ameaça do senhor Kim. Por mais que eu o odeie já de primeira e não tenha medo daquele velho, ainda assim eu deveria tomar cuidado. E talvez eu devesse contar ao Jin?

— P-Pedido? Sobre o que?

— Quero que você vá a festa comigo, me acompanhando até o final. Você aceita?
— Sereno demais, Jin esperava minha resposta pacientemente. Descrever o quão suave era seu semblante ao olhar para mim, podia jurar ter visto um sorrisinho miúdo surgir no canto de sua boca.

Apertava o copo com tal força, sim, eu aceitaria ou não, eu negaria?

— Ir com você? Tipo um par? Mas terão tantos entrevistadores, pessoas da revista e até seus pais.

— Qual o problema com meus pais? — Semicerrou os olhos, colocando as mãos em cima da mesa. Ah não, que merda.

— N-nada.

Minha resposta ultrapassou a sua numa velocidade que o deixou ainda mais desconfiado.

— Ae-Cha... o que você tá me escondendo? Sei bem quando alguém mente pra mim. — Ficou ainda mais sério que o normal.

Já era, eu tinha que contar e não tinha como escapar. Bebi todo o meu suco de tão nervosa que eu estava. Nem sábia por onde começar e esperava que sua reação não fosse boa.

— Seu pai foi atrás de mim.

— O que ele queria?

— O senhor Kim me ofereceu dinheiro para deixar Seoul e sumir da sua vida.
Ele me ameaçou dizendo que eu pagaria quando eu disse que nunca sairia daqui. — De soslaio, eu pude ver que uma das mãos dele apertava o garfo. Seu maxilar se contraiu e uma veia saltou de sua testa. Jin estava furioso, em poucos segundos eu despertei isso nele só em tocar no nome de seu pai.

— Esperava isso dele, meu pai sempre conseguiu afastar as garotas de mim para deixar o caminho livre para Sung.
— Serrou os dentes de frustração, mas respirou fundo para se recompor e conversar mais calmamente, o que me alíviou muito por saber que Jin consegue controlar a própria raiva. — Que bom que você não aceitou, mas se arriscou demais em fazer isso. Vou ter que ficar de olho no meu pai para que ele não tente nada contra você.

— Como vai fazer isso?

— Não sei, se for preciso eu mesmo cuido de você. Tenho seguranças pra isso. — cruzou os dedos no rosto, bufando alto o bastante para que metade do restaurante ouvisse.

— Eii, eu sou bem adulta já e não preciso de ninguém me vigiando ou cuidando de mim como uma criança.

Jin estava certo, o pai dele poderia ser capaz de tudo até de me matar se for preciso. Ai se meus pais soubessem disso.

— Tudo bem. — Balançou a cabeça com os olhos fechados, inesperadamente ele se esquivou na cadeira para ficar mais próximo de mim e tocou meu rosto delicadamente. — Só me promete que não vai sair de Seoul e que vai ficar onde eu possa te ver. Caso precise terá que contar aos seus pais também.

Pensei um pouco enquanto olhava profundamente em seus olhos negros tomado pelo brilho da fúria, mas que, perto de mim, tinham outro efeito.

— Tá, acho que posso fazer isso.

Nossas bocas se tocaram em um laço definitivo. Pela terceira vez estávamos nos beijando e aquele beijo parecia que nunca perdia o prazer. Sua mão ainda se mantia em meu rosto, compartilhavamos do mesmo sabor e do mesmo momento.

Podia imaginar que a loira nos olhava de queixo caído, por essa ela não esperava e nem eu. Só posso estar sonhando? Ainda estou no sofá duro da minha sala e não consigo acordar por que estou apaixonada pelo meu chefe?

Pera! Eu estou apaixonada por ele? Impossível.

Enfim, nossos lábios se afastaram e os olhos dele não desviaram  dos meus até que seu celular tocasse no meio do momento. Maldito celular que se não custasse o olho da cara eu jogaria no vazo agora mesmo.

— É o Taehyung... vou pedir a conta pra gente poder voltar para a empresa, okay?

— Claro, perdi o apetite mesmo. — Aquele sorriso falso e envergonhado não saía do meu rosto. Que estranho é agir dessa forma, estranho mesmo é me apaixonar de novo.

[...]

Um pouco mais tarde eu fui embora com Sook, ela me deixou no restaurante dos meus pais porque precisavam da minha ajuda e, como ainda era cedo e Jin me liberou antes do horário que normalmente eu saía, fui a tempo de encontra-los servindo milhares de clientes desesperados para jantar.

— Oi, cheguei. Vou pegar o avental pra ajudar vocês. — Tirei meu casaco e imediatamente fui para dentro da cozinha e peguei meu avental.

— Querida, graças a Deus você chegou. Leva esse pedido na mesa 7, ainda tenho que preparar muitos pratos e sua mãe não para de receber pedidos de deliverys. — Papai cansava de tanto trabalharce soava de tanto que corria para lá e para cá mexendo com as panelas. Aquilo estava um verdadeiro inferno.

— Pode deixar pai, mãe quantos pedidos de delivery temos? — Peguntei quando peguei o pedido e levei na mesa sete para um senhor de idade — Tenha um bom apetite,  senhor.

— Cinco até agora, filha. Duas picanhas refogadas, um hambúrguer vegano e dois pedaços de lasanha de berinjela.
— Ela vinha com o bloco na mão e colando na parede para que papai preparasse os pedidos.

Dei a volta no balcão e peguei uma toca, fiz um coque e coloquei, entrando para dentro da cozinha. Papai estranhou até me ver pegar os ingredientes do hambúrguer vegano e começar a prepara-lo, separando também os pedaços de lasanha.

— Pai, pegue uma marmita para mim, eu tenho que fazer duas com picanha refogada.

A noite foi uma correria, atendendo muitos clientes e ajudando meu pai na cozinha. Fechamos o restaurante quase meia noite e chegamos em casa exaustos. Eu mesmo porque não dormi direito na noite passada.

— Vou dormir, boa noite meus pais.
— Dei um beijo nos dois e fui pro meu quarto. Primeiro tomei um banho pra tirar o cheiro de picanha do meu corpo, e segundo,  fui me deitar e pensar nos lábios macios de Kim Seokjin.

[...]

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𝕸𝖞 𝖇𝖔𝖘𝖘 °𝕂𝕀𝕄 𝕊𝔼𝕆𝕂𝕁𝕀ℕ°  [Terminada]Onde histórias criam vida. Descubra agora