Sempre fui um cara de frequentar festas de aniversário e nunca de fazer a minha própria festa. Foi numa noite quente de maio, faltando exatamente 10 dias para meu aniversário, que meus amigos inventaram de fazer uma festa para mim.
- Não que o Alan aparente gostar de meninas, mas seria bom ter mais mulher do que homem! – disse o Breno fazendo meu irmão gargalhar.
- Isso é porque o Arthur é o seu irmão! – disse o Bruno
- Mas se ele faz questão de ficar com o seu irmão, eu não ligo não. Pode ficar – disse fazendo a galera rir.
- Olha que ciumento eles são? – disse ele cutucando o Breno.
- Na verdade somos sinceros – retrucou o Bruno.
- Toca aí – disse batendo na mão do Bruno.
- Enfim... – disse o Breno puxando atenção para ele – Temos a "verba", o lugar e agora só falta às mulheres.
- Lembrando que o aniversário é meu e eu escolho?
- Alguém ouviu alguma coisa, algum ser, algum vulto, algum espírito dizendo alguma coisa? – perguntou o Arthur passando a mão pela minha cabeça.
- Como você é chato cara! – disse empurrando ele para longe – É minha festa!
- Olha o respeito moleque! Agora, vamos ver quem poderíamos chamar...? – disse meu irmão ignorando minhas palavras.
- Aninha! – disse o Breno na mesma hora.
- Nóóóóóssa! – gritou ele, pulando para cima do Breno - Aninha "A Deliciosa". Você ta com ela na cabeça, heim Brenão?
- Exatamente!
Ele anotou o nome da guria no caderno e se voltou para o Breno.
- Tem a Letícia – disse meu irmão.
- Aquela lá que pode amamentar o condomínio inteiro – disse o Breno e os dois gritaram que nem peão de rodeio.
- Mu, mu, mu, mu – disse meu irmão imitando alguém amamentando.
- Que coisa feia Arthur? – disse a voz mais maravilhosa e inesquecível. A única voz que poderia fazer daquele momento épico, minha mãe.
- Que coisa feia Arthur! – disse o Breno ironizando minha mãe – Nós aqui falando do aniversário do Alanzinho e você fazendo gestos grotescos. Onde já se viu?
Todos olharam boquiabertos para aquela encenação de Jesus do Breno. Sem pensar, meu irmão deu um tapa mega forte na sua nuca, fazendo estralar alto.
- Arthur? – bravejou minha mãe – Que coisa feia!
- É que o Breno tem essa mania besta de...
- Afinal, o que vocês estão fazendo aqui? – cortou minha mãe.
- Organizando a mega festa do Alan tia – disse o Breno se levantando e ficando ao lado do meu irmão.
- Eu juro que se você não tivesse um irmão idêntico a você e eu tivesse tido o Alan, diria com todas as letras que vocês são irmãos.
- Não foi por falta de nós querermos – eu disse fazendo meu irmão me olhar furioso.
Todos riram daquele comentário. Mas era cômico ver o Breno e o Arthur juntos, pois ambos vestiam quase as mesmas roupas, faziam os mesmos penteados, usavam as mesmas correntes. Até a entonação da voz e a risada dos dois eram iguais.
- Enfim... eu quero vocês três longe dessa "organização" – disse ela apontando para meu irmão e os gêmeos – Sei que você não está envolvido nisso querido, fique a vontade em ficar com os garotos – disse minha mãe ao Bruno.
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MEU CORPO É MUITO PESADO!!!
RomansaHistória de um garoto chamado Alan Bortolozzo, que vai descobrindo ao longo de sua vida, como se aceitar, como viver sendo homossexual, como ser aceito, como ter amigos que o apoiam, como ser recebido pela família e, o melhor, como é possível haver...