Ficamos sentados em silêncio enquanto a chuva diminuía. Esperamos a enxurrada passar e fomos até o bebedouro para poder nos lavar. Chegar em casa dessa forma, seria pedir a minha mãe que expulsassem os dois dali imediatamente.
- Vem cá que eu te ajudo – disse ele estendendo a mão.
- Vai tomar no seu cu! – respondi dando um tapa naquela mão que acabara de me espancar.
- Não quero que fique assim?!
- Não quer que fique dessa forma? Sabe como eu me sinto? Me sinto humilhado!
Ele me fitou por alguns segundos até pensar em algo mais aconchegante para falar.
- Temos que limpar você!
- Limpar essa merda que você fez, quer dizer!
Me sentia violentamente violado. Agachei num tronco de árvore e comecei a chorar. Meu irmão sentou-se ao meu lado. E me abraçou. Naquela hora não resisti e o abracei o mair apertado que pude. Chorava de soluçar. Chorava tanto que se alguém saísse na porta de casa poderia ouvir. Fomos até o bebedouro e limpamos o máximo que conseguimos. Fomos até o prédio.
- Você precisa ficar aqui! Eu vou subir, pegar roupas secas e vamos a um hospital aonde faremos o curativo nessa boca.
Concordei para não brigarmos mais. Passei o dedo na minha língua e senti o corte fundo.
"Ai!" – disse para o burro aqui.
Cinco minutos lá estava ele, com uma trouxa grande de roupas na mão.
- Essa aqui é para você! – disse ele jogando um amontoadinho de roupas secas – pegue essa toalha também!
Ele tirou as suas roupas, ficando apenas de cueca. Olhei para o corpo todo torneado do Arthur. Tirei minha roupa, coisa que não costumava fazer perto dele, me enxuguei rápido e logo pus a roupa que ele tinha me trazido. Voamos dentro do seu carro rumo ao próximo P.A. ficamos esperando na recepção até eu ser chamado. Arthur pediu para que eu ficasse sentado, esperando por ele enquanto ele ia fazendo o meu cadastro. Depois ele voltou com a minha pulseira de identificação na mão.
- Tome aqui – disse ele atirando a pulseira no meu colo – Não vai querer passar toda noite com essa cara de morte?
- Vá se foder!
- Quero que saiba que te amo. Mesmo você sendo boiola – disse ele abrindo um sorriso.
- Vai se foder!
- Por quê? Apenas porque estou rindo de uma situação? Para de ser bobo – disse ele me abraçando pelos ombros.
- Tem ideia como você foi tosco essa noite?
- Tem ideia como você está sendo tosco agora? Sou seu irmão. Quero seu bem. Eu sabia que havia algo de errado contigo, há muito tempo.
- Há algo de errado comigo? – indaguei.
- Sim! Um sério problema mental aonde você acha que o mundo gira em torno do seu umbiguinho. Eu te amo mais que tudo nessa vida. Por que achas que iria ser contra você curtir seus minos aí.
- Vai se foder... minos? O que é minos?
- Minos, manos, boys... sei lá como você os chama!
- Eu não chamo de nada, até porque não há nada para chamar!
- E o Biesso é o que? – perguntou ele dando um cutucão nas minhas costelas.
- Dá pra não relar a mão em mim?
VOCÊ ESTÁ LENDO
MEU CORPO É MUITO PESADO!!!
RomantikHistória de um garoto chamado Alan Bortolozzo, que vai descobrindo ao longo de sua vida, como se aceitar, como viver sendo homossexual, como ser aceito, como ter amigos que o apoiam, como ser recebido pela família e, o melhor, como é possível haver...