Ficamos no hospital por mais umas 02 horas até o garoto ser liberado. Para um pós-feriado, eu estava até bem. Não que eu estivesse feliz com o que fiz e o meu castigo, isso não. Apenas estava inconformado que estava sendo trancafiado dentro do meu apartamento novamente.
"E o pior, estaria sendo castigado com meu irmão."
Eu sei que ele iria esquecer essa raiva logo na primeira semana, afinal, ele cuidava de mim todos os dias após a separação dos meus pais. Difícil mesmo seriam os dias que, supostamente, ele teria seus treinos de futebol. Ele ia fazer esses dias um inferno na minha vida. O garoto dormiu do caminho do hospital até chegar ao meu apartamento. Ele dormia de boca aberta, soltando um leve ronco.
- Não faça essa cara estranha... – disse meu irmão me encarando – ...ele irá dormir contigo.
- Mil vezes melhor que dormir com você – retruquei.
- Tá vendo mãe o que esse idiota fica falando? Depois que eu paro de cuidar dele, ele fica aí todo cheio de manha pra cima da mãe – disse ele entredentes.
- Se você acha que eu estou feliz por ficar trancado em casa e com você e com... sei lá, ele, você está muito enganado.
- Dá para parar vocês dois? Pare de responder ao seu irmão Alan – disse ela me olhando pelo retrovisor – E você Arthur, não está muito "grandinho" para ficar aí, brigando com seu irmão? Será que a vida toda vocês dois serão assim, brigões?
- Se depender desse jumento que a cada dois meses me coloca em um dos castigos dele, a resposta é sim! – disse meu irmão imediatamente.
- Arthur?! – ponderou a minha mãe. Pelo tom de sua voz significava que sua paciência estava quase no limite e, para ela estender esse castigo, não demoraria muito – não é para falar assim com seu irmão!
- Você preza tanto a nossa união, mas não vê que ele, dessa vez, foi totalmente responsável pelo seu castigo? Ele precisa aprender sozinho mãe.
- Por que você não... – disse mas a mão do garoto Burro estava sobre meu peito. Olhei assustado para ele e ele fez sinal para eu não continuar a frase.
- Eu não o que Alan? – perguntou meu irmão irritado.
Olhei mas uma vez para o garoto que fez sinal de não com a cabeça.
- O Arthur está certo mãe! Eu errei sozinho e eu vou ficar de castigo sozinho – disse olhando para o guri.
Dessa vez, ele deu um sorriso torto. Fiquei feliz que ele estava feliz.
- Ouviu o que ele disse mãe? – disse ele num tom de vitória.
- Arthur Bortolozzo, se você disser mais uma palavra, uma simples palavra que for, nem do seu quarto você vai sair. Vocês dois estão de castigo, entenderam?
Meu irmão fungou alto enquanto minha mãe estacionava na garagem. Eu não respondi, pois sabia que ela estava arrumando pretexto para aumentar nosso castigo. Ficamos em silêncio, da garagem até o apartamento.
- Viu querido, está quase desinchado? – disse minha mãe alisando aqueles cabelos ruivos, lisos – Só vai ficar essas picadas aí.
- Não está doendo mais – disse ele olhando minha mãe debaixo para cima.
- É que você está cheio de medicamentos, talvez amanhã ainda doa um pouco, mas não será tão ruim quanto hoje.
Entramos no apartamento, quer dizer, somente a minha família, pois o garoto continuava ao pé da porta.
- Pode entrar Biesso – disse meu irmão dando um leve empurrão no menino – ainda mais agora que aqui será a sua casa – completou-o olhando furioso, jogando às chaves com toda força no meu peito.
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MEU CORPO É MUITO PESADO!!!
RomanceHistória de um garoto chamado Alan Bortolozzo, que vai descobrindo ao longo de sua vida, como se aceitar, como viver sendo homossexual, como ser aceito, como ter amigos que o apoiam, como ser recebido pela família e, o melhor, como é possível haver...