Capítulo 17

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"Só para vocês entenderem Leitores. Tinha dois caminhos para chegar até as churrasqueiras, o primeiro: era ir pelo meio dos prédios, caminho bem mais curto. Segundo: dar a volta pelo playground."

Acabei de me secar e seguimos para a festa novamente, mas ele seguiu pelo caminho mais comprido. Algo que me deixara preocupado e com o coração na boca.

- Por que não vamos pela rua? Pelo playground tem muito barro – eu perguntei na esperança que ele me adiantasse o que ele queria.

- Cala a boca e anda! – disse ele sem olhar nos meus olhos.

- Cara, você vai nos fazer andar o dobro do percurso. Você não tem cérebro não? – disse irritado.

Mas ele ficou mudo. Já eu, estava nervoso, porque ele escolhera andar pelo barro, pedregulhos e grama, sendo que eu estava descalço. Andamos uns 200 metros e chegamos até os brinquedos, onde ele escolhera um balanço para se sentar. Fiquei parado e olhando para ele, sem entender nada.

- Senta aí – disse ele sem olhar para mim.

- Não quero me sentar. Primeiro você disse que estava morrendo de pressa e agora você quer brincar de balançar? – tinha que responder a altura.

- Não vou demorar – ele disse num tom calmo.

Respirei fundo e sentei-me no balanço ao lado dele.

- Fala Arthur, que está acontecendo? – perguntei.

- Alan, há anos atrás eu peguei você tendo relações com meus primos mais velhos e te perdoei por você ser bem mais novo que eles. Você tinha apenas 10 anos e eles 14, era desvantagem. Por mais que você soubesse o que era sexo, você não tinha base e nem dimensões para a coisa – disse ele dando uma longa pausa – e nem eu tinha para ter te dedurado. Tanto que eu apanhei mais que você, lembra?

- Sei, mas...

- Então, hoje eu chego no vestiário e dou de cara com você excitado junto com outro homem. Você acha isso normal? – perguntou ele sério.

- Arthur, não aconteceu nada – eu disse.

- Não aconteceu nada porque não deu tempo ou porque não era para acontecer? Essa é a minha pergunta? – agora sim ele levantou os olhos para mim.

- Não aconteceu nada, porque não existe nada para acontecer!

- Poxa, eu tenho tanto carinho por você, tenho tanto amor e você, ai no meio desses moleques, fazendo essas porcarias?

- Eu não fiz nada Arthur – disse num tom de voz mais alterado.

- Pode ser, pode ser! Mas será que o King também estava apenas de pau duro por estar? Ou ele aproveitou que você é meio "pancada" para isso?

- Não sei. Isso você deveria perguntar a ele.

- Quero que saiba que eu não tenho nada contra e, que minhas brincadeiras, são apenas brincadeiras, mas você é meu irmão caralho. Eu te amo e não queria isso para você. Você sabe como essa gente sofre?

- Arthur, eu não fiz nada e nem queria fazer.

- Esse tipo de gente são discriminadas o tempo todo. Esse tipo de gente é vista como, se tivesse uma doença grave, contagiosa e incurável. Você sabe o quanto você vai sofrer? – continuou ele fazendo aquela cara de nojo.

- Não estou fazendo nada – eu disse com o choro vindo a garganta.

"Ele sabe de tudo. Será que eu conto e me livro desse fardo ou será que eu fico quieto e toco minha vida?" – pensei.

MEU CORPO É MUITO PESADO!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora