Capítulo 36
Catei uma roupa limpa, coloquei um boné e abri a porta.
- Murilo? – perguntei espantado.
Ele abriu um sorriso de canto a canto e pulo dentro do meu apartamento me dando um abraço.
- Bem a cara de republica você. Todo largadão, apartamento zoneado. Quem diria que o mimadinho do Bortolozzo estivesse nessas condições.
- Tudo bem e com você? – perguntei ironizando.
- Vai cagar Alan! Sei que tá bem! Cadê aquele esquisito do seu amigo? – perguntou ele procurando entre os cômodos.
Meu coração estava a mil. Quanto tempo que eu não o via. Cada vez maior, cada vez com mais tatuagens.
- Estou sozinho! Se é isso que quero saber – disse trancando a minha casa.
- Apartamento bacana! Até grandinho para uma pessoa só? – disse ele vindo me dar outro abraço bem apertado.
Senti que meus olhos quase saltariam das órbitas pela força que fazia. Mas nada era mais confortante que estar dentro daquele abraço.
- Você raspou a cabeça – disse espantado.
Com cabelo ou sem cabelo ele estava ficando com cara de homem. E pela primeira vez pude ver o que estava escrito na tatuagem em seu couro cabeludo.
- Shaitaini? – perguntei fazendo sorrir.
- Devolve isso aqui! – disse ele pondo o boné de volta – você é muito pentelho.
- Minha casa e minhas regras. Pode ficar sem boné! – disse dando um pulo e o arrancando de novo.
Sentei com ele no sofá e fiquei alisando aquela cabeça raspada. Os dois ficaram quietos, apenas se sentindo, alisando, cheirando. Era tão gostoso. Depois ele pediu para que eu subisse nas suas costas e fossemos de cavalinho até a minha cama.
- Safado! – suspirei ao ser jogado com força na minha cama.
- Me da aqui a sua camiseta e seu short – disse ele arrancando minhas roupas a força e me deixando apenas de cueca – não fica tampando esse pinto aí porque eu também tenho. Não precisa ficar com vergonha.
Depois ele tirou sua camiseta e sua calça. Mostrando aquele corpo fora de base. Deveria, no mínimo, estar 10 kilos a mais que da ultima vez.
- Você vai continuar crescendo até explodir – disse arrancando outra gargalhada.
- Esse é o propósito. Não sou belo, então tenho que apelar para a musculação.
Eu apenas ria das palhaçadas que ele fazia. Tudo aquela coisa de chegar em casa, me pegar no colo, jogar no sofá, depois na cama, era muito diferente do que eu sempre me imaginaria com um homem. Não conseguia parar de sorrir para aquele boi gigante.
- É muito bom te ver Alan Bortolozzo! – disse ele dando um mega pulo na cama – deita aqui no meu peito e vamos começar.
- Começar o quê? – perguntei enquanto me encaixava naquela armadura.
- Oi, boa tarde! Tudo bem? – perguntou ele me fazendo rir mais alto.
- Agora sim! Boa tarde boi! Tudo bem sim e contigo?
- Melhor agora! – disse ele dando um beijo na minha bochecha.
- Ainda com esses xavequinhos de primário?
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MEU CORPO É MUITO PESADO!!!
RomanceHistória de um garoto chamado Alan Bortolozzo, que vai descobrindo ao longo de sua vida, como se aceitar, como viver sendo homossexual, como ser aceito, como ter amigos que o apoiam, como ser recebido pela família e, o melhor, como é possível haver...