Capítulo 30

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Corri tão rápido que sentia o ar arder dentro dos meus pulmões. Atravessei a rua escura e lá estava a tão grande e bela praça do Vivendas. Amava lá por causa do cheiro do eucalipto. Cheiro que ficava mais forte em dias de temporal. As folhas batiam fortes umas nas outras exalando aquele aroma hipnotizante. Ela não era uma praça muito grande. Era um circulo de 01 kilômetro de comprimento aonde as pessoas faziam caminhada nos dias normais..

Aproveitei aquele tempo de chuva e comecei a correr e correr. Diminuía a velocidade cada vez que aquela dor lateral aparecia. Doía tanto que alguma vezes precisei parar para respirar. Fui até o bebedouro, tomei um longo gole d'água. Voltei a corrida, mas parei logo que cheguei na subida. Do outro lado da praça, um cara forte, sem camiseta, estava parado me encarando. meu coração saiu pela boca.

"Não acredito, Murilo?! – disse a mim mesmo – O que ele estava fazendo aqui?".

Alegria contagiou o meu corpo e dei um Sprint para poder chegar mais perto dele. De repente, a chuva chegou com toda vontade.

"Pelo menos os raios diminuíra. Não ia querer ser frito bem no dia que iria ver o Muca!"

Continuei a correr até ter outra surpresa. Aquele homem parado não era o Murilo. O Murilo era mais alto, mas não dava para identificar com aquele boné fundo na cabeça. Da euforia de ver o Murilo ao gelo no estômago. Desacelerei até começar a caminha. A chuva ia ficando mais pesado, conforme ia chegando perto do moço.

- Affff! - disse a mim mesmo ao reconhecer o meu irmão – Ele ia querer me buscar para irmos embora.

- Que houve agora? – perguntei quando ia chegando perto dele.

- Não acha uma péssima ideia você correr nessa chuva? – perguntou ele sem se mexer.

- Ué, achei que era para eu tomar conta da minha vida!

- Voce vai cuidar do que você quiser, mas antes terá que acertar umas coisas comigo – disse ele se aproximando.

Parei debaixo de um poste de luz.

- Vamos sair daqui – chamou ele.

Mas eu disse não. Não ia obedecer aquele babaca. Não preciso mais.

- Perdera seu tempo! Não há nada que eu queira falar contigo.

- Na verdade eu vim pronto para essa resposta. Mimado do jeito que é, eu já esperava por essa resposta! – disse ele vindo até mim.

Estava a poucos passos quando decidira parar. A chuva metralhava nossos corpo. Tinha que fazer força para ficar com os olhos abertos encarando meu irmão com ar de fúria.

- Deveríamos voltar para casa e lá conversaremos melhor – disse ele aumentando o som da sua voz – esse temporal vai acabar com nós dois.

- Já disse, não vou a lugar nenhum com você! Vá embora para sua casa, seu bosta! – disse a ele.

O Arthur retirou o seu boné e deu mais um passo ficando centímentos do meu rosto.

- Está nervoso porque irá sair de casa a força!

- Não! Estou nervoso porque você é sempre um babaca. Eu não tenho orgulho de ser seu irmão. Eu não tenho uma lembrança boa sua.

- Como disse ontem, eu limpava a sua bunda. O levava em treinos, levava em passeios, fazia suas festas de aniversário.

- Ao contrário da mãe, eu quero mais é que você se foda!

Ele balançou a cabeça negativamento e me agarrou pelo colarinho.

MEU CORPO É MUITO PESADO!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora