Capítulo 05

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Eu, minha família e meu mais novo irmão de sangue, passamos mais três dias dentro daquele belo hospital. De fato, a presença do Murilo e os constantes paparicos da minha mãe e do meu irmão, fizeram meus dias mais fáceis. Eu recebia injeções de hora em hora, 24 horas por dia, o que dificultava minhas madrugadas naquele lugar. Diariamente, às 04 da manhã, os enfermeiros vinham até o quarto e coletavam sangue para fazer exames. Às 06 da manhã, o Doutor vinha até o quarto contando e explicando meu resultado aos meninos. Com base nos resultados, ele dizia a dosagem de medicamentos e quando eu poderia ter a possível alta. Tudo, sempre nas primeiras horas da manhã, o que me deixava cada dia mais estressado. Por sorte, o Arthur e o Murilo, sempre demonstraram ter paciência e bom humor. Até aquela raiva que meu irmão estava do Murilo, passava ao longo que ambos adquiriam mais intimidade. Por algum motivo, o médico não liberara nada para eu comer, até o dia que eu recebi alta.

"Não que eu tenha ficado com fome, pelo contrário, o excesso de remédio até me deixava com a sensação de estar sempre estufado e me enojava sentir o cheiro da comida que as enfermeiras traziam aos acompanhantes."

No 8º dia, logo pela manhã, o médico passou com um sorriso largo dizendo que ia me dar alta.

- É menino Alan! Tá na hora de ir embora, não acha? – disse o doutor bem humorado.

- Acho muito bom doutor! – disse tampando a boca para ele não sentir meu mau hálito.

- Então tá bom! Liberei a dieta leve para você e, logo após comer, tomar seu banho e cuidar desse curativo, você pode ir – disse ele assinando os papéis na prancheta.

Todo mundo começou a bater palmas e rir de alegria.

- Valeu Doutor! – disse o Arthur dando um forte aperto de mão.

- Na verdade, tem uma coisa a ser feita antes – disse ele.

Os meninos se entreolharam e depois me encararam.

- Alguma coisa errada Doutor? – perguntou o Arthur chegando mais perto.

- A Assistente Social liberou os policiais para fazer o Boletim de Ocorrência – disse o médico sem nos olhar – O certo seria você ir até a delegacia. Mas como a Assistente Social fez um bom trabalho, dizendo que você estava debilitado, eles acabaram concordando em vir até aqui.

- Mas por quê? – perguntei indignado.

- Porque, no dia do acidente, alguém fez um Boletim de Ocorrência contra o Murilo. Agora, eles estão vindo até aqui para tirar a sua versão.

- Mas quem iria fazer um Boletim de Ocorrência contra o Murilo?– perguntei sentindo meu perto arder de raiva – Eu não quero fazer nada. Nem adiante eles virem aqui.

"Quem foi o filha da mãe que fez isso?"

- Entendo.Isso já é algo que eu não posso fazer meu rapaz! – disse ele dando um sorriso de consolo – Bom, minha parte está feita. Você vai comer algo agora, tomar um banho, limpar bem e trocar esse curativo, esperar pelos policiais e depois está "livre" – disse ele dando um tapinha sobre meu joelho.

- Muito obrigado Doutor! – agradeci apertando forte a sua mão.

- Obrigado meninos por ajudar o Alan. Em especial a você Murilo – disse ele dando as mãos e depois saindo do quarto.

Esperamos que ele saísse e logo o Arthur fechou a porta.

- Quem foi o idiota que fez o Boletim de Ocorrência? – perguntei irritado aos dois.

- Fui eu Alan – disse meu irmão dando um passo à frente.

- Por que você fez essa babaquice? – brandei contra ele.

MEU CORPO É MUITO PESADO!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora