Capítulo 24

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O Murilo se virou, agarrou meu braço e me levou para fora dali. Seguimos em direção ao hall do meu prédio e quando chegamos lá, entramos no elevador e apertamos 7º andar. Eu estranhei ele apertar o 7º andar, pois nenhum dos dois morava lá. Não tirando os olhos de mim, disse:

- Eu vou ao terraço, lá ninguém vai perturbar nossa conversa – ele disse me dando um abraço.

Apenas concordei com a cabeça. Ao abrir a porta do elevador, pegamos a escada que dava ruma à casa de máquinas do elevador. Entramos, acendemos a primeira luz que vimos, e subi pela escada marinheiro a sua frente.

- Esta trancada – eu disse fazendo-o rir.

- Realmente você não me conhece mais – disse ele com aquele sorriso malicioso – desça daí e deixe que o "Mestre" aqui demonstre seus dons.

Eu desci a escada e o deixei que subisse para abrir a porta. De dentro do bolso tirou um canivete, um clipes de papel e enfiou na fechadura e forçando-a abrir. O elevador começou a funcionar, fazendo um barulho ensurdecedor.

- ESSES PRÉDIOS FORAM CONSTRUÍDOS EM 1.992 – gritou ele em meio as engrenagem e o motor fazendo barulho.

- E...? – perguntei dando de ombros.

- E QUE A FECHADURA É DAQUELAS BEM ANTIGAS – gritou ele dando um sorriso ao torcer sua mão.

Depois de algumas tentativas, BINGO, ele conseguira. Ele passou pelo buraco estreito e depois esticou a sua mão grossa para que eu me apoiasse a ele.

- AGARRE FIRME NO MEU BRAÇO – ordenou ele.

- PARA QUÊ?

- PARA QUE EU POSSA TE PUXAR! – gritou ele dando um sorriso.

- MAS VOCÊ NÃO AGUENTARIA?! – gritei incrédulo.

Ele balançou a cabeça impacientemente.

- PARA DE SER BUNDA-MOLE E AGARRE FIRME MEU BRAÇO – disse fazendo um sinalzinho de "venha" com a mão.

Estiquei o minha mão e o segurei pelo antebraço. Antebraço grande e musculoso, o que dificultava para poder agarrá-lo. Senti sua mão pesada envolver o meu antebraço.

- ABAIXE A CABEÇA! – gritou ele.

Fiz o que ele pediu. Abaixei a cabeça e senti meus pés desencostando do degrau da escada.

"Sim! Ele estava me erguendo, com sua própria força e apenas com um braço."

Minha cabeça passou pelo buraco, seguido do meu corpo e, por fim, minhas pernas.

Ele estava com as veias da cabeça prestes a explodir de tanta força que ele fazia.     

- Agora você já pode me ajudar! – disse ele rindo.

Apoiei meus pés na mureta que fechada a porta e impulsionei para cima.

- Podemos nos encrencar se alguém nos ver?

- Dá para você ver apenas o lado bom das coisas, sem ficar pensando no que pode acontecer? Até parece a minha mãe! – disse ele ofegante.

Deu-me uma sensação estranha por ele ter me achado de impertinente. Não queria que meu primeiro homem tivesse essa impressão de mim.

- O que eu estou fazendo de errado Alan? – perguntou ele olhando para o céu.

- Murilo, tudo que você faz acaba machucando alguém – eu disse fazendo-o ficar carrancudo.

MEU CORPO É MUITO PESADO!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora