O Murilo se virou, agarrou meu braço e me levou para fora dali. Seguimos em direção ao hall do meu prédio e quando chegamos lá, entramos no elevador e apertamos 7º andar. Eu estranhei ele apertar o 7º andar, pois nenhum dos dois morava lá. Não tirando os olhos de mim, disse:
- Eu vou ao terraço, lá ninguém vai perturbar nossa conversa – ele disse me dando um abraço.
Apenas concordei com a cabeça. Ao abrir a porta do elevador, pegamos a escada que dava ruma à casa de máquinas do elevador. Entramos, acendemos a primeira luz que vimos, e subi pela escada marinheiro a sua frente.
- Esta trancada – eu disse fazendo-o rir.
- Realmente você não me conhece mais – disse ele com aquele sorriso malicioso – desça daí e deixe que o "Mestre" aqui demonstre seus dons.
Eu desci a escada e o deixei que subisse para abrir a porta. De dentro do bolso tirou um canivete, um clipes de papel e enfiou na fechadura e forçando-a abrir. O elevador começou a funcionar, fazendo um barulho ensurdecedor.
- ESSES PRÉDIOS FORAM CONSTRUÍDOS EM 1.992 – gritou ele em meio as engrenagem e o motor fazendo barulho.
- E...? – perguntei dando de ombros.
- E QUE A FECHADURA É DAQUELAS BEM ANTIGAS – gritou ele dando um sorriso ao torcer sua mão.
Depois de algumas tentativas, BINGO, ele conseguira. Ele passou pelo buraco estreito e depois esticou a sua mão grossa para que eu me apoiasse a ele.
- AGARRE FIRME NO MEU BRAÇO – ordenou ele.
- PARA QUÊ?
- PARA QUE EU POSSA TE PUXAR! – gritou ele dando um sorriso.
- MAS VOCÊ NÃO AGUENTARIA?! – gritei incrédulo.
Ele balançou a cabeça impacientemente.
- PARA DE SER BUNDA-MOLE E AGARRE FIRME MEU BRAÇO – disse fazendo um sinalzinho de "venha" com a mão.
Estiquei o minha mão e o segurei pelo antebraço. Antebraço grande e musculoso, o que dificultava para poder agarrá-lo. Senti sua mão pesada envolver o meu antebraço.
- ABAIXE A CABEÇA! – gritou ele.
Fiz o que ele pediu. Abaixei a cabeça e senti meus pés desencostando do degrau da escada.
"Sim! Ele estava me erguendo, com sua própria força e apenas com um braço."
Minha cabeça passou pelo buraco, seguido do meu corpo e, por fim, minhas pernas.
Ele estava com as veias da cabeça prestes a explodir de tanta força que ele fazia.
- Agora você já pode me ajudar! – disse ele rindo.
Apoiei meus pés na mureta que fechada a porta e impulsionei para cima.
- Podemos nos encrencar se alguém nos ver?
- Dá para você ver apenas o lado bom das coisas, sem ficar pensando no que pode acontecer? Até parece a minha mãe! – disse ele ofegante.
Deu-me uma sensação estranha por ele ter me achado de impertinente. Não queria que meu primeiro homem tivesse essa impressão de mim.
- O que eu estou fazendo de errado Alan? – perguntou ele olhando para o céu.
- Murilo, tudo que você faz acaba machucando alguém – eu disse fazendo-o ficar carrancudo.
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MEU CORPO É MUITO PESADO!!!
RomanceHistória de um garoto chamado Alan Bortolozzo, que vai descobrindo ao longo de sua vida, como se aceitar, como viver sendo homossexual, como ser aceito, como ter amigos que o apoiam, como ser recebido pela família e, o melhor, como é possível haver...