Capítulo 22

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Respirei fundo e decidi dar uma volta pelo condomínio. Fazia uma noite gostosa, não tão quente quanto a anterior, mas fresca e agradável.

"Eu adoro andar quando estou preocupado ou nervoso. Isso sempre me acalma, além do mais, ajuda a pensar".

Fui até o muro que fazia fronteira com a mata e fiquei sentado, observando o barulho dos animais e as luzes dos apartamentos se apagando conforme ia ficando mais tarde. Ouvi barulho de passos pesados correndo na pista de cooper.

"Que vida boa essa! Em pleno domingo, fazendo exercícios, tarde da noite. Só poderia ter grana mesmo" – pensei.

Meus pensamentos voltaram para o que rolou no quarto nessa manhã com o Burro.

"Será que estava certo aquilo que eu andei fazendo? Passar a mão nele sem que ele soubesse? Isso não seria o mesmo que se aproveitar de algo tão puro e inocente?"

Não podia perder meu único melhor amigo. Mas, quanto mais tempo eu ficava com ele, quanto mais velho eu ia ficando, mais insustentável essa historia estava. Pois eu precisava tomar um rumo definitivo da minha vida, sem ter que enganar meu melhor amigo. Parei meus pensamentos por um momento para observar o segurança desligando as luzes das quadras. Além do breu que estava ficando, significava que já eram 11 horas da noite.

"Daqui a pouco meu irmão vem me buscar!" – pensei.

 Mesmo com as luzes desligada, vi ao longe dois rapazes que não paravam de se exercitar.

"Em pleno domingo à noite? Que pique que os dois tinham."

Eram dois homens. Um era alto e forte, já o outro, era um pouco mais baixo, porém dava a impressão de ter o dobro de músculos que o outro rapaz. Ao apagar as luzes, os rapazes voltaram a correr pela pista de cooper. Naquela escuridão não dava para identificar quem seriam os dois. Pensei até na hipótese de ser meu irmão e o Breno, mas depois lembrei que o Breno não era tão alto quanto o Arthur e nem o Arthur era tão forte quanto o moço que estava correndo.

"Bom, pelo jeito nem eles me conheciam, pois não vieram me cumprimentar!Bom, então é isso! Parece que sou só eu hoje à noite."

Resolvi dar uma ultima volta, passando em frente ao prédio do Burrão, na esperança que ele estivesse na janela, mas não, a casa toda estava apagada. Como eu não ia conseguir dormir mesmo, continuei minha caminhada rumo a piscina.

"Havia um cercado em toda volta da piscina – que naquele horário já estava trancada - para que todos soubessem quando ou não poderia usá-la. O que poucos sabiam, é que aos fundos da piscina, tinha uma estrutura de alvenaria, tipo um caixote de 01 e 20 centímetros da altura, que cobria o motor e as bombas da piscina, que servia como escada para entrarmos no cercado."

Fiz toda à volta para nenhum vigia e me visse, pulei o cercado e cai num baque seco sobre as pedras e sentei-me na primeira mesa. Ouvi uma vez a minha avó dizer que, quando ela era jovem e tinha problemas, ela ia até um riacho próximo e mergulhava o corpo todo, relando o peito até o fundo dele, onde ela ficava em silêncio com o mundo exterior, ouvindo apenas o barulho das águas. Decidido que o Burro era o meu principal problema e que necessitava de máxima urgência, decidi fazer o que minha avó fazia quando jovem. Tirei primeiro a camiseta e senti o vento da noite me arrepiar. Foquei nas lembranças que davam nó em minha garganta e tirei o meu short, ficando apenas de cueca.

"A noite está mais fresca que eu imaginei!"

Tirei o tênis, as meias e senti o chão frio das pedras. Pensei mais uma vez no motivo que me levara até aquele local e criei coragem de tirar a cueca. Coloquei-a em cima da mesa junto às outras coisas e fui andando com a ponta dos pés até a margem da piscina. Escolhi a margem mais funda (que era de 02 metros e 40 centímetros), para que eu pudesse ser envolto por toda pressão d'água e, para não haver chances de desistir. Pois, uma vez lá embaixo, seria difícil eu querer sair de lá. Respirei fundo, fechei os olhos, coloquei a ponta de um dos meus pés na água sentindo quão frio ela estava. Meu coração estava aceleradíssimo.

MEU CORPO É MUITO PESADO!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora