Capítulo 03

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Ele segurara numa mão o cooler e na outra a sua lata. Sem ao menos avisar ou der qualquer sinal de loucura, ele saltou do alto do telhado, caindo em pé no chão de cimento, fazendo um barulho seco. Quer dizer, aos meus olhos, isso fora uma loucura, porque, a cobertura das churrasqueiras deveria, facilmente, ter mais de 02 metros e 50 centímetros de altura. Eu fiquei tão assustando com aquela atitude, que não conseguia me mover.

- Larga a mão de ser cagão Alan, pula ai – disse ele aos berros.

- Eu vou dar a volta e descer pela pia – disse com voz trêmula ao olhar para baixo.

- Alan, nem pense em descer pela pia – disse ele jogando cerveja em mim, para me provocar – Pula daí que eu te seguro.

- Cala a boca! – disse a ele com tom de reprovação.

- Então tá, desce pela pia das bichinhas – disse ele rindo e jogando mais cerveja em mim.

"Se ele era menor que eu e conseguia pular, por que eu não?" – pensei.

Virei à lata de cerveja, me afastei um pouco e pulei em cima do gramado. Com sorte, consegui me equilibrar, se não, seria motivo de piada para o resto da vida. Senti uma dor forte, como se mil agulhas penetrassem meus pés.

"Consegui!" – pensei.

- Viu? – disse ele vindo ao meu encontro – eu disse que era fácil.

- Mesmo assim é idiotice – disse empurrando-o para longe.

- Idiota que você ama – disse ele me dando outro abraço e vários socos no ombro.

- Que mania você tem de abraçar as pessoas Murilo – disse saindo debaixo daqueles braços grandes.

- Qual é o problema de eu abraçar meu amigo, meu irmão? – disse ele franzindo a sobrancelha.

- Nada ué! Eu sou homem – disse irritado.

"Eu não era acostumado a ficar brincando de mão com meus amigos. Ainda mais após o problema que tive com meus primos."

- Então para de neura, se tu é homem de verdade que se foda o resto – disse ele dando um sorriso safado – Agora vamos ou não para a zona? – perguntou ele todo animado.

- Mas você não pode dirigir. Você ainda nem tem carta! – disse balançando a cabeça negativamente.

- Nem você pode beber – disse ele quase que imediatamente.

- Mas podemos nos encrencar feio, caso formos pegos – disse sussurrando, com medo de alguém estar por perto.

- Não será mais que meia hora Alan, vamos?

- Não sei! – disse olhando para meus pés que ainda doía.

Na verdade, eu estava morrendo de medo de ir pra zona. Lugar no qual eu nunca imaginei estar. Fiquei imaginando, caso ele quisesse fazer alguma coisa lá e eu não fosse homem para corresponder.

"Vai seu idiota, foi inventar que era "O comedor", agora honre sua fama."

- Vamos? – disse ele com cara de sem vergonha.

Concordei com aquela loucura e corremos sobre as ruas escuras, escondendo atrás dos carros, com medo de alguém nos ver. Ao chegarmos ao seu bloco, me escondi atrás do seu carro enquanto ele fora até a sua casa buscar as chaves. Minutos depois ele desceu com a chave do BMW 540i, zero kilômetro,do pai dele. Entramos no carro, acomodamos o cooler entre minhas pernas, passamos o cinto e rezamos para ninguém nos pegar. Logo na primeira partida ele afogara o carro.

MEU CORPO É MUITO PESADO!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora