Capítulo 39
Saímos do nosso quarto naquela manhã, após tomar nosso "café na cama nupcial". Eu nunca tinha visto tanta fartura assim na minha vida, desde os banquetes em Hogwarts. Depois, fomos para praia ficarmos fritando ao sol debaixo dos guarda-sóis do hotel. Aproveitamos a nossa bonança e descemos com outra garrafa de champagne.
- Quer dar a mão pra mim? Talvez fique mais convincente que somos casal, o que acha? – perguntou ele rindo da minha cara.
- Você se diverte, não é?
- Tudo de graça, ao preço de fingir ao hotel que somos casal? Com certeza! Beijaria até na boca por mais champgne.
Eu apenas conseguia rir, com meu estômago gelado.
"Mas o que você não sabe, é que pra mim tudo isso faz parte de um sonho que sempre tive. Uma realidade que queria pra mim"
Ao longe, víamos a praia lotada de pessoas, famílias, rodas de amigos, dentre outras. Nem mal pisamos na areia e dois guris vieram nos ajudar a localizar aonde queríamos ficar. Pegamos um guarda-sol que caberiam umas 08 pessoas sentadas, com mesa e tudo. Eles nos ajudaram a organizar nossas coisas e nos trouxeram um balde com gelo. Quanto mais coisas iam acontecendo, champgne, almoços, cafés da manhã gigantes, garçons, mais eu ia ficando sem jeito ao lado do Burro. Agora ele era um cara de classe maior que a minha e, jamais teria como oferecer isso a ele. Aquela sensação de impotência em nunca poder ser um cara que poderia oferecer coisas bacanas, me deixava mal. Desde quando ele ia querer ficar andando com um rapaz simples como eu?
- Mais algum coisa que possamos ajuda-los, senhor?
- Por enquanto só! – respondeu o Burro a eles.
Esperamos eles distanciarem e depois sentamos a beira do mar. Era um belo dia de sol, com areia branca e muito vento.
- Jura mesmo que veio pra praia e não vai ficar de sunga? – perguntou ele tirando seu short e colocando em cima da mesa.
- Nem todos aqui são ciclistas, corredores e escaladores de montanha que nem você! Tem todos aqui tem sua pernas e bunda – respondi arrancando uma careta.
- Você jura que esse bando de gente veio aqui só pra ter ver pelado? – perguntou ele ficando em pé e apontando a milhares de pessoas na areia.
- Pelado não, de sunga!
- Você entendeu! Ninguém vai reparar em ti.
"Talvez eu queira agradar apenas uma pessoa, pensou nisso?!"
- Eu vejo você de cueca desde que éramos moleques.
"É, você está certo!"
- Se alguém olhar torto pra mim eu coloco minha roupa de volta.
Ele apenas sorriu.
- Cara, você não entendeu! Ninguém aqui quer saber de você. Para de ser idiota e aproveita.
"Para de ser idiota e aproveita? Se soubesse que quero agradar apena a uma pessoa, conforme estou dizendo a mim mesmo, seria muito mais fácil!"
Esperei que ele se virasse de costas para poder me despir. Mas, para minha alegria, o short era de velcro. Aquele "cract" do velcro chamou atenção do litoral de São Paulo inteirio. Tentei tirar o short de uma vez, mas ele grudara na minha perna por conta da eletricidade estática.
"Obrigado física!"
Esperei ele se virar novamente e ajeitei meu pau para caso ele ficasse duro, fosse menos visível aos olhos de todos. Era inevitável que ele ficasse sempre mole ao lado do amor da minha vida. Ao ver me vermelho, ele sorriu com aquele sorriso torto e logo me afundei na cadeira.
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MEU CORPO É MUITO PESADO!!!
RomanceHistória de um garoto chamado Alan Bortolozzo, que vai descobrindo ao longo de sua vida, como se aceitar, como viver sendo homossexual, como ser aceito, como ter amigos que o apoiam, como ser recebido pela família e, o melhor, como é possível haver...