CAPÍTULO 43
Ele apenas riu e apertou minha mão novamente. De farda até parecia outra pessoa. Apresentei o Bruno aos demais e depois agradeci por ser tudo apenas uma brincadeira dos dois. O Muca nos puxou para fora da delegacia, aonde pudemos conversar sem que todos ficassem dentro do assunto. O Muca estava completamente mudado, camiseta polo branca, calça jeans que o deixava delicioso, pois ela valorizava anos de treino.
- Eu juro que achei que fosse algo sério!
- Incrível como você sempre acha que tudo é com você, não é? – disse o Muca dando um abraço apertado – E são bem irresponsáveis. No carnaval, bebendo na pista? Multa fodida vocês iam levar. Além do mijão ali.
- o que há de errado em mijar? – perguntou o Bruno, que estava acanhado com aquele monte de policiais.
- Multa bobão! – respondeu o Muca rindo – enfim, estão indo para onde?
- Vamos ficar numa chácara nesse carnaval aqui em Pirassununga!
- Todo o Carnaval? – perguntou o ogro olhando para nós dois.
- Sim, até o final dele!
- Se quiser vir, está convidado Muca – chamou o Bruno todo sorridente.
- Estou mesmo? – perguntou ele olhando para mim.
Tenho certeza que queria uma resposta vinda da minha boca. Seu jeito todo enciumado de ser, aquele jeito mandão, aquele homenzarrão todo, com jeitão de criança mimada, coisas que me encantavam nele, estava aflorado.
- Porém, temos que andar rápido. Se o pessoal chegar e não nos ver, com certeza vai ficar muito preocupados.
Senti uma pontinha chata dentro do coração. Uma pontinha de vontade de ficar com o Murilo, mas ao mesmo tempo, tinha um compromisso com o pessoal da festa.
- Posso sugerir algo, caso realmente eu esteva convidado? – disse o Murilo olhando para ambos que deram de ombros.
- Sim, claro – respondemos ao mesmo tempo.
Com certeza o Bruno estava com mais receio de sair dali que eu.
- Eu precisaria ir em Ribeirão Preto, que fica uns 100 kilometros daqui. Queria saber se o Bortolozzo... poderia me acompanhar até minha casa e depois, em pouco tempo, juro, muito pouco tempo nós voltaríamos para chácara.
- Ah, seria bacana, mas não pega bem com o Bruno – respondi mais que de pressa.
- Acha, olha o Bruno... puta de um homem, todo barbado. Deixe eu ver o mapa? – pediu o Muca com a mão apontada pra mim.
Tirei o mapa todo amassado de dentro do posto.
- Moleza! O Bortolozzo vai comigo na moto, deixamos o Bruno na entrada da chácara e você segue a Ribeirão Preto comigo, pode ser?
O Bruno fez sinal pra mandar bala. O Muca entrou na delegacia, em passos rápidos, para poder buscar suas coisas. O Bruno , com toda gentileza do mundo, me tranquilizou dizendo que estava tudo bem, ainda mais com o Muca o deixando na entrada da chácara. Um dos policiais que nos abordaram, chegou até o carro aonde estávamos.
- Você é o Bortolozzo então?!
- Sim senhor!
- Toma aqui o meu celular – disse o Soares anotando seu número atrás de um papel – se tiver algum problema com o Murilo, por favor, não hesite em ligar. E, caso você queira fazer parte do círculo de amigos dele, também não hesite me ligar. Murilo está sob minha supervisão.
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MEU CORPO É MUITO PESADO!!!
RomanceHistória de um garoto chamado Alan Bortolozzo, que vai descobrindo ao longo de sua vida, como se aceitar, como viver sendo homossexual, como ser aceito, como ter amigos que o apoiam, como ser recebido pela família e, o melhor, como é possível haver...