Capítulo XXXII

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Boa noite queridos leitores!!! Espero que gostem da leitura desse novo capítulo! Beijosss

Como se estivesse congelado no tempo, o cérebro de Safira encontrava dificuldade em funcionar da maneira como deveria. Suas mãos suavam frio, e apesar de saber a loucura que faria a seguir, não era o motivo pelo qual parecia estar prestes a ter um ataque de nervos... a causa de tal estado era por saber... Ter consciência de que tudo que foi dito e ouvido pelas pessoas naquele salão fora dito unicamente para ela.

Assim que as primeiras palavras saíram da boca de Charles chegaram até ela, sentiu a força daquele amor se agitar dentro de seu coração. Supôs que seria capaz de se contentar apenas com deleite de escutar o que Charles proclamava a seu respeito... a declaração velada de um amor singelo, edificado nas sombras do impossível. Mas Safira descobriu-se mais gananciosa do que julgava ser, fora capaz até mesmo de sentir uma pontada de inveja de Adelaide, por ocupar um lugar que ela, sua irmã caçula, almejava tanto. Charles acariciou a bochecha de Adelaide com a sutileza de uma pena, tanto afeto trasbordava de seu olhar que Safira seria uma grande tola se não se desse conta de que cada gesto e movimento eram guiados pela mente de Charles fantasiando Safira ocupando o posto com o qual o destino lhe presenteara.

Ela sorriu quando ele citou a palavra "ambrósia" e seus olhos marejaram quando ele mencionara o acidente, quando pensara que sua vida estava acabada, mas que na verdade ela viria a começar no dia em que olhou em seus olhos pela primeira vez. Se Safira descansasse as pálpebras por um breve instante, quase podia senti-lo a poucos centímetros dela, seu hálito quente e doce envolvendo cada milímetro de seu corpo... Céus como era doloroso não poder desfrutar daquele momento plenamente como deveria! Uma lágrima fugitiva escorreu de seus olhos enquanto ainda os mantinha fechados, sentiu-se impotente para encarar a realidade. Que bela peça seu coração havia lhe pregado! Abriu os olhos a tempo de ver o beijo... uma cena que a açoitou com tamanha violência!

Em meio aos aplausos e agitação que se seguiram, um senhor gentil lhe ofereceu um lenço a pedido de sua esposa. Safira agradeceu o gesto e também por ser a irmã da noiva, tendo assim um a justificativa plausível se lhe perguntassem o motivo de estar tão emocionada.

Com um suspiro cansado resolveu se retirar dali depressa. O discurso dera certo e agora uma multidão se formava ao redor do conde e de Edmund para parabenizar a união do jovem casal e destacar seu respeito pelo matrimônio, mantendo a atenção dos dois limitada. Já outros se dirigiam diretamente aos noivos com objetivo de dar-lhes suas felicitações.

Com o coração quase esmagado e dilacerado dentro do peito caminhou até um corredor escuro, deixando que as sombras lhe oferecessem algum consolo. Lágrimas rolaram suavemente pela superfície de seu lindo rosto, as mesmas apenas revigorando suas forças para lutar pelo futuro que desejava ao lado do homem que amava.

Os corredores da Mansão Fretcher eram intermináveis, todos pareciam exatamente iguais: alguns candelabros estavam presos nas paredes oferecendo iluminação suficiente para que ela observasse o que estava à sua volta. Aquela parte da casa costumava ser pouco frequentada, exceto pelos criados que transitavam livremente por ali, os patrões e convidados se limitavam a circular pela ala principal que proporcionava um acesso direto ao segundo andar. Ela mesma tivera pouca curiosidade em se aventurar por ali enquanto perambulava pelos arredores da mansão, sempre lhe aparentava ser uma área morta da casa e as vez ao olhar naquela direção um calafrio lhe percorria a espinha. Mas agora que caminhava pelos corredores completamente vazios não conseguia sentir medo.

Apesar das paredes serem grossas e revestidas por um papel de parede cor de creme, o som das conversas ainda ultrapassava as barreiras e ecoava por cada cômodo, se tornando um murmúrio à medida que Safira adentrava em um novo corredor. O lugar se assemelhava a um labirinto, cheio de quadros com pinturas de rostos que pareciam censurá-la. Ela só teve certeza de onde estava quando se deparou com uma escada estreita de madeira, cujos degraus cobertos por um carpete vermelho proporcionavam acesso aos demais andares da residência.

Um Homem Incompleto - Irmãs Cadwell Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora