Capítulo IX

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Naquela manhã Safira, pela primeira vez ficou olhando para o teto, sem se importar em levantar-se e procurar algo de útil para fazer em Fretcher Hall, até porque ainda era muito cedo. Apenas de limitou a pensar... O que talvez fora um erro, pois seus pensamentos - que até então estavam focados apenas na ardência de seus ferimentos - foram direcionados para Charles e de súbito seu quase primeiro beijo.

Safira fechou os olhos — e como se fosse real — pôde sentir novamente as mãos de Charles em suas costas a pressionando para mais perto, enquanto sua respiração ofegante passava por seus lábios, insinuando que iria beijá-la a qualquer momento... Jogando o braço em cima dos olhos Safira respirou fundo, e se lembrou perfeitamente das palavras de Charles:

"— O que eu quero dizer é que eu não posso beijá-la" É claro que não! - pensou ela - Charles era noivo da sua irmã gostasse ele ou não!

Mas é óbvio que a mente de Safira fora traiçoeira o bastante para fazê-la pensar em como seria um beijo — principalmente com aquele homem sendo o seu parceiro, imaginou que ele a beijaria da mesma forma que fazia tudo: Intensamente. Gemendo baixinho ao morder os lábios e se censurar mentalmente, Safira iria seguir disposta a não sair da cama tão cedo quando se levantou ao ouvir um choro baixinho, que parecia vir do corredor.

Calçou as pantufas confortáveis que a criada deixara em seu quarto na noite anterior e vestiu um robe para cobrir seus trajes noturnos, por certo quem estava em prantos não se importaria em vê-la vestida daquela forma.

Enfiou a cabeça pelo vão da porta para espiar o corredor que ainda estava mal iluminado. Ao longe viu um homem encolhido num canto sombrio entre a porta do quarto de Charles e um vaso de flores murchas.

— Quem está aí? – sussurrou.

Os suspiros imediatamente cessaram e o homem se levantou trazendo seu rosto a meia luz que entrava pela janela.

Fischer.

— Milady, o que faz acordada tão cedo? – perguntou com a voz embargada esfregando as mãos nos olhos.

— Vim ver o que está acontecendo aqui — disse se aproximando com cautela.

— Oh, perdão se a acordei.

— Não há nada – Safira estende um lenço a ele, que aceita com as bochechas coradas. Homens pareciam nunca apreciar o ato de parecer vulnerável na frente de uma dama.

— Obrigado – respondeu assoando o nariz.

— O que aconteceu, Fischer? – perguntou preocupada.

— Minha mãe senhorita... Acabo de receber uma carta informando sua morte.

Safira levou a mão à boca.

— Minhas condolências.

Fischer apenas assentiu.

— O senhor precisa de algo? Um pouco de água talvez? – sugeriu ela mesmo sabendo que nada seria capaz de aplacar aquela dor que ele estava sentindo.

O mordomo dispensou a ajuda com um gesto e sorriu tristemente ao dizer:

— A senhorita é mesmo muito generosa de oferecer ajuda a um criado... Ficaria feliz se um dia se tornasse a senhora desta casa.

Safira não esperava por aquele comentário.

— O que o senhor quer dizer?

— Que tudo seria melhor se fosse a senhorita a se casar com Charles.

Safira sentiu seu rosto arder em chamas e sabia que Fischer havia notado. Tentou falar algo mas sua voz havia sumido. Após um minuto de silêncio finalmente conseguira se recuperar de seu desconcerto.

Um Homem Incompleto - Irmãs Cadwell Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora