Capítulo XL

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[. . .]

-... Um jantar de despedida para o senhor George Fernsby, que estará de partida pela manhã - Relatou Fischer ao seu patrão.

- Apesar do alívio que tal partida me proporciona, me incomoda a ideia de que este jantar fora uma maneira que George e meu pai encontraram para me afrontar.

Fischer concordou com a cabeça. Durante o tempo que prestava serviço na residência dos Fretcher, só havia presenciado jantares catastróficos... E tudo levava a crer que aquele seria mais um deles.

Charles recostou a nuca na cadeira e deixou que a fumaça do charuto que fumava lhe escapasse pela boca. Por um momento Fisher sentiu-se triste pelo seu patrão, o mordomo tinha o jovem Charles em mais alta estima, e podia ver o quanto todo o dinheiro que possuía não resolvia nenhum de seus problemas, do contrário, só parecia acarretar mais.

- Safira me contou tudo - disse Charles.

Um leve arrepio percorreu a espinha do mordomo que logo foi levado a justificar-se, com medo de que o patrão houvesse se ofendido com a sua conduta submissa para com a senhorita Cadwell.

- Senhor Fretcher... Eu tentei persuadi-la a não esconder nada do senhor, mas ela me pediu um tempo, e a pobrezinha estava tão arrasada que eu não pude negá-lo.

Charles apenas descartou o pedido de desculpas, demonstrando que havia compreendido. Colocou os dois cotovelos sobre a mesa do escritório e apoiou o queixo nas mãos.

- A questão é: Como vou olhar na cara do meu pai neste jantar sabendo de tudo o que ele fez?

Fischer se aproximou alguns passos e lhe disse:

- Da mesma maneira de sempre, senhor Charles. Talvez não perceba, mas seu olhar para o senhor Eliott é sempre carregado de desprezo.

- Bem, é verdade. Nunca escondi o quanto o detesto.

- Acredito que ele seria incapaz de perceber alguma mudança - supôs o mordomo.

- Mas também é verdade que será muito mais difícil para me controlar e não... – Charles fechou os olhos e cerrou os punhos com força. Não era difícil entender o que ele queria dizer.

- Safira estará lá - Fischer lembrou com um tom de voz sereno - Isso deve bastar para mantê-lo equilibrado. Ancore-se na presença dela - aconselhou ele.

- Eu detestaria perder o controle na frente dela... temo que apesar de todo o efeito sedativo que Safira possui sobre mim... Que a raiva ainda assim se sobreponha... Não quero assustá-la - o olhar que ele lançou ao mordomo era de extrema preocupação.

- Safira sabe que o senhor é um homem justo, tenho plena convicção de que tomaria partido para defendê-lo.

As intenções de Fisher mostraram resultado: logo os ombros de Charles abandonaram a postura tensa e assumiram um aspecto mais relaxado. Seus músculos não estavam mais tão retesados como outrora.

- O senhor já sabe o que pretende fazer com as informações que tem?

- Ainda não fui capaz de tomar uma decisão quanto a isso.

- Minha intuição me diz que esse jantar será capaz de ajudá-lo a descobrir qual será a melhor forma de proceder - intuiu Fisher.

‐ É o que eu espero.

[. . .]

Charles já não se sentia o mesmo de antes, permanecer horas dentro de um cômodo escuro, com pouquíssima iluminação solar, já não lhe proporcionava conforto algum... percebeu que não tinha mais tanta vergonha de ser visto. Sabia que seu estado de espirito havia se regenerado devido à presença de pessoas como tia Lucy, Safira, Isabel e até mesmo do pequeno Thomas à sua volta.

Um Homem Incompleto - Irmãs Cadwell Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora