[Oii gentee.
Só queria pedir para vocês, meus leitores amados, me desejarem inspiração pra escrever rsrs pois está um pouco em falta por aqui. Espero que gostem desse capítulo mais curtinho que preparei para vocês. Boa leitura!!!]
A pista de dança se assemelhava a uma aquarela de cores vibrantes e o seu vermelho se destacava mais ainda em meio a todas elas. Saias esvoaçantes movimentavam-se alegremente ao ritmo da melodia. Se não estivesse tão nervosa Safira poderia bem ter descrevido aquele momento como mágico, até mesmo poético, mesmo que o salão estivesse ainda mais lotado do que a alguns minutos atrás, em sua primeira dança. O som dos violinos soava extremamente agradável aos seus ouvidos... Tudo poderia estar perfeito, mas o toque sutil em sua cintura não provocou nenhum arrepio e o sorriso lindo e sedutor à sua frente não fizera a força de suas pernas oscilarem nem mesmo por uma fração de segundos. Tudo aquilo lhe lembrou que o momento estava longe se ser classificado como perfeito, pois naquele instante específico seu par ideal dançava ao lado de sua irmã.
Ao ser girada por seu parceiro, Safira percebeu os olhares encantados que eram destinados a George. Sua beleza poderia mesmo ser associada ao esplendor do sol, mas ao esbarrar seu olhar com o de Charles, que estava atento a cada movimento dela, Safira soube que se alguém lhe perguntasse ela asseguraria categoricamente sua preferência pela noite fúnebre de inverno presente nos olhos daquele homem do que qualquer outra coisa no mundo, e sabia que essa resposta era imutável.
- A senhorita me parece o tipo de mulher que devaneia bastante – a voz rouca de George ressoou em seus ouvidos.
Safira o encarou confusa.
- Por que diz isto?
- Porque é o que vejo milady. Sua atenção certamente está bem longe, na verdade... - ele se interrompeu rindo baixinho - Me arrisco a dizer que está a alguns metros de distância, valsando na companhia de Adelaide.
- Não vejo como o que penso pode ser do seu interesse – rebateu ela incrédula. Seu amor era tão evidente assim?
- Uma facada doeria menos – ele sorriu apesar do espanto com a resposta mordaz – Mas vejo que não nega minha constatação.
Safira se manteve calada.
- Seu pai detestaria saber que a senhorita está afastando seus pretendentes dessa maneira – George nem mesmo se dava ao trabalho de disfarçar sua intensão de irritá-la.
- O senhor não é um pretendente, senhor Fernsby – Safira levantou uma sobrancelha para ele.
George suspirou.
- Sábia constatação senhorita, realmente não sou.
- Então não devo me importar – ela deu de ombros indiferente.
- Há apenas um pretendente de suma importância para a senhorita, não é mesmo? Uma lástima que seja justamente o único que não lhe fará o pedido – desdenhou ele.
Safira levantou o queixo, a boca franzida para baixo, seu olhar imponente como o de uma leoa e a postura se manteve impecável, se as palavras descabidas de George tiveram algum impacto sobre ela, aquela mulher jamais demonstraria ou era inabalável.
- O senhor é baixo, muito baixo. Mas estranhamente esse comportamento não me surpreende – rebateu ela em tom de superioridade - Me parece senhor Fernsby, que só está dançando em minha companhia porque claramente deseja irritar Charles.
- Você, senhorita Cadwell, é uma mulher interessante - a curiosidade estampava em sua face - Fascinantemente astuta! Posso compreender porque despertou o interesse de meu primo... – seus olhos estudaram demoradamente cada pedaço do corpo pequeno e delicado de Safira.
Safira retribuiu o olhar intrigada, mais consigo mesma do que com o homem à sua frente. Naquela noite ela realmente parecia outra pessoa, uma mulher de verdade, indo além dos atributos da beleza que tanto desejara... era uma pessoa confiante, e gostava daquilo. De alguma maneira sentia que Charles era o responsável por aquela mudança, se não estivesse ardendo de paixão por aquele homem, ela duvidava muito que se distinguiria de qualquer outra jovem debutante naquele salão ao ceder uma dança ao senhor Fernsby, com certeza seria mais uma tola tingindo as bochechas de vermelho e sorrindo timidamente para ele.
- Sinto não poder retribuir o elogio. Suas tentativas de me irritar claramente foram equivocadas.
- Ao menos alguém parece bastante incomodado – sorriu maliciosamente para alguma coisa atrás dela.
Safira virou a cabeça indiscretamente, Charles e Adelaide mal conseguiam disfarçar a ira que nutriam um pelo outro. Aquilo a deixou com uma ruga de preocupação.
- A vida é um tanto cruel, não acha? – Uma risada escapou pelos seus lábios – Parece até que estou vivenciando alguma peça trágica de Shakespeare.
Safira o encarou incrédula com a frieza daquele homem de rosto tão belo. Ela tinha o dom de olhar para as pessoas muito além das aparências, como se todos vissem apenas o superficial e ela enxergasse cada indivíduo como um vidro translúcido, captando assim a sua essência. Quando olhava para dentro de Charles conseguia visualizar o homem de bondade indescritível que habitava em suas profundezas, era tão explícito que ela sentia que poderia palpá-lo. Já ao examinar George Fernsby atentamente ocorria exatamente o contrário: ela podia contemplar a vasta escuridão escondida por trás daquele rosto intrinsecamente belo.
Os últimos acordes dos violinos envolveram os convidados indicando o fim de mais uma dança. Safira se perguntou quantas como aquela teria que suportar durante a noite.
Não se importou em se despedir de Lorde Fernsby da maneira apropriada, queria apenas se distanciar dele o mais rápido possível. O ar estava quente, e Safira seguiu disposta a ir até a mesa de limonada para se refrescar, mas ao ver quantas pessoas se aglomeravam ali próximos desistiu. Viu seus planos mudarem do refresco para o jardim dos Fretcher quando avistou a porta que dava para o mesmo aberta e convidativa lhe oferecendo um breve refúgio em sua solidão. Certamente ninguém daria sua falta por uns poucos minutos.
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Um Homem Incompleto - Irmãs Cadwell Livro 1
RomanceSéculo XIX Após uma tempestade que inundou toda a Inglaterra Londrina, a vida de Charles Fretcher mudou drasticamente quando a carruagem em que se encontrava despencou numa ribanceira e uma de suas pernas fora esmagada por uma roda que se desprendeu...