Capítulo LIII

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Os dias e que se seguiram ao casamento foram de extrema importância para o jovem casal, que desenvolveu ainda mais intimidade e confiança, fortalecendo ainda mais o laço afetivo que os unia. O matrimônio lhes trouxe incontáveis aprendizados, além de resgatar o melhor lado que havia em ambos.

Pouco mais de um mês havia se passado e o dever como futuro conde levara Charles a se mudar com Safira para o condado de Wiltshire, a poucas milhas de distância de Hampshire. Durante o pouco tempo em que estava por lá, Safira achou bastante agradável, ela amava o clima e as paisagens do campo, a propriedade era infinitamente mais luxuosa do que Hampshire Hall, possuía um terreno que abrangia grande parte da região e era cercada por plantações de pequenos agricultores arrendatários. A distância de sua residência até a vila era relativamente pequena, então todas as tardes a senhora Fretcher vestia suas botas, colocava um de seus chapeis e caminhava tranquilamente até lá, onde passava horas conversando com os comerciantes locais, praticamente toda a população já conhecia a futura condessa ou tinha ouvido falar a respeito de seu caráter amistoso. Fora desta forma que ela descobrira os inúmeros infortúnios sofridos por aqueles indivíduos devido a má – e abusiva - administração do atual conde.

- Céus! - Charles jogou os papéis que examinava em sua mesa - Em que meu pai estava pensando? Vejam - Charles estendeu os mesmos para que Safira e Fisher pudessem examiná-los.

- O valor desses impostos são exorbitantes! - exclamou Safira.

- Como a população poderia pagar por esses impostos? – perguntou o mordomo - Mesmo antes do período de estiagem que sofreram, quando perderam 70% da plantação de trigo... nem mesmo em seus tempos de prosperidade econômica os arrendatários poderiam pagar por isso, os comerciantes menos ainda.

- Isso sem ao menos ter o amparo do conde. Se vissem as condições em que estão essas plantações ficariam horrorizados... e vejam - Charles depositou um grande monte de cartas dos arrendatários sobre a mesas - Todas relatando melhorias que precisavam ser feitas e adivinhem? Nem ao menos haviam sido abertas! Algumas datam do ano de 1805.

Safira balançou a cabeça indignada, todos esses anos enquanto essa catástrofe acontecia aonde estava o conde que recebera o dever de zelar por aquelas pessoas? Ganhando milhões em apostas e se juntando á mafiosos.

Charles se sentia impotente diante daquela situação, isso porque nem mesmo havia assumido o título. Não podia deixar aquelas pessoas no estado em que estavam.

- Vamos diminuir esses impostos imediatamente. Quero conversar com todos os arrendatários, entender de que maneira posso ajudá-los e quais dividas posso perdoar.

Safira foi até o marido e depositou um beijo em sua testa.

- Tenho certeza de que conseguiremos encontrar a melhor solução para isso.

Charles sorriu para ela e voltou seu olhar para Fischer, o mordomo, que agora estava mais para seu braço direito. Charles descobrira e ficara surpreso com as habilidades do homem em contabilidade e economia. Estavam tão próximos que a patrão já não lhe tratava mais como um empregado e sim como um velho amigo, por vezes se pegava chamando aquele homem apenas pelo nome de batismo: Benjamin. Quando o mordomo revelara sua identidade para Charles e Safira, ambos trocaram um olhar de cumplicidade que aquele homem - que era tão especial para ambos - só viria a entender alguns meses mais tarde.

O lado altruísta de Safira não era surpresa nenhuma para o marido, inclusive fora uma das coisas que fizera com que se apaixonasse por ela. No pouco tempo em que residiam ali ela já promovera por conta própria inúmeras ações solidárias em prol daquelas pessoas que mal conhecia. Unindo forças, Charles sabia que os três se sairiam muito bem.

Um Homem Incompleto - Irmãs Cadwell Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora