Capítulo XXXVII

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- Bom dia mamãe – Isabel depositou um beijo no rosto de Lucinda assim que se encontraram no início da escada.

- Bom dia querida – acariciou carinhosamente o braço de sua filha – Onde está Thomas?

- Está no dormitório das crianças. Teve dificuldade de dormir com todo o barulho de ontem pobrezinho.

- Passarei lá para vê-lo daqui a pouco.

Isabel percebeu que havia algo estranho em sua mãe, parecia distraída o que não era nem um pouco diacrítico dela.

- A senhora está bem? Não tomou seu desjejum hoje?

- Sim, mas preferi fazê-lo em meu quarto – mentiu, só naquele momento percebeu o quanto seu estômago se retorcia de fome – Seu irmão, onde está?

- O vi saindo para cavalgar – Isabel estudou atenciosamente o rosto da mãe – Aconteceu alguma coisa não foi? – perguntou. Lucinda adorava a expressão curiosa que a filha fazia, para ela era curiosamente peculiar... sempre levantava a sobrancelha direita e seu lábio superior era puxado para cima.

- Nada com que deva se preocupar, querida – Lucinda colocou a mão no rosto da filha, bastava as preocupações de Isabel com o filho e com Lorde Frederich que estava na guerra há meses, não achava necessário colocar sob a filha o peso de mais um problema.

Lucinda saiu a passos largos da mansão, disposta a encontrar George Fernsby, nem que para isso rodasse por toda a propriedade. Decidiu que o destino estava a seu favor quando bastou que caminhasse poucos metros até que avistasse uma figura ainda distante montada em um cavalo negro. Lucinda cruzou os braços deixando seus fartos seios ainda mais avantajados, ela batia o pé enquanto aguardava o cavalheiro que vinha em sua direção.

Assim que a viu George diminuiu o ritmo do cavalo até que parasse diante dela. Ele sempre fora um garoto travesso conhecia bem a postura adotada pela mãe e desceu do cavalo com cautela.

- Bom dia mamãe – George tirou da cartola e a cumprimentou com um beijo. O olhar fatal de Lucinda se manteve e ele soube que aquilo não poderia significar boas novas.

Ela se manteve em silêncio exalando sua superioridade de uma forma que faria qualquer cavalheiro, por mais robusto que fosse, ter vontade de sair dali gritando como uma criancinha.

- Aproveitando o ar agradável da manhã para uma caminhada? – Perguntou ele forçando uma ingenuidade que não existia.

Lucinda ainda se assemelhava a uma leoa prestes a atacar sua presa. George fechou os olhos descontente ao ouvir sua mãe pronunciar pausadamente seu nome por completo.

- George August Fersnby.

Sua mãe adorava o torturar fazendo aquele mistério todo antes de castiga-lo por alguma coisa, mas George agora que não era mais uma criança detestava aquele comportamento dela.

- O que eu fiz?

Lucinda estreitou os olhos para ele.

- Sempre, sempre soube que você não tinha escrúpulos... maldita hora que me fiz submissa ao seu pai e deixei que cuidasse da sua educação.

- Meu pai me ensinou tudo o que um homem precisa saber – rebateu ele instantaneamente. Aquela conversa não era novidade para nenhum dos dois.

- Se você julga caçar, atirar e lutar esgrima tudo que um homem precisa saber, então pode ser que sim... Mas ele não te ensinou absolutamente nada sobre como um homem HONRADO deve agir.

George olhou para os lados, para verificar se ninguém os ouvia, mas estavam completamente sozinhos no vasto gramado.

- Posso saber o motivo desses insultos mamãe?

Um Homem Incompleto - Irmãs Cadwell Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora