babá

desempregada

Suspiro levando um punhado de amendoim a boca, droga, porque eu não nasci rica? Seria tão mais fácil, eu até poderia estar triste, mas estaria triste na minha hidromassagem com uma bela taça de vinho.
Pelo que pude perceber não adianta querer trabalhar porque ter um filho te torna totalmente incapaz, olho para o lado e vejo meu pequeno dormindo, respiro fundo vou continuar tentando, não posso continuar aqui.
Olho para o corredor e vejo minha mãe correndo atrás do meu irmão que foge dela pelado até ela parar no meio do corredor e me olhar frustrada.

- faça alguma coisa, vai ficar só olhando?

Ela me pergunta com a mão na cintura, coloco meu notebook de lado e me levanto, espero três segundos antes de segurar o topo da cabeça do meu irmão que sai de um dos quartos e passava por mim correndo, ele me olha parando de gargalhar.

- você sabe que está na hora do banho e que precisa porque...

Chego perto dele o cheirando e faço uma careta.

- parece que você brincou no lixo.

- eu não quero Nana.

Suspiro e me abaixo na frente dele.

- já conversamos sobre isso, qual foi o nosso combinado?

- eu obedeço a mamãe, sigo a rotina e você não me deixa de castigo nas férias.

Assinto séria e coloco uma mão em seu ombro.

- então me diga uma coisa, eu vi você não respeitando a mamãe?

Ele nega e eu sorrio dou minha mão para ele apertar e ele sorri para mim.

- obrigada carinha.

Digo me levantando, ele segue um pouco desanimado para o banheiro, mas vai, mamãe sorri para mim e me sussurra um "obrigada" volto a me sentar no sofá e pego o notebook novamente voltando a procurar algum anúncio que eu me encaixe.
A porta de casa abre em um rompante e vejo o mala do Liam entrar grudado em uma morena que me olha envergonhada.

- oi queridinha.

Ele me fala sarcástico e se solta da morena se inclinando em cima do meu bebê e o beija.

- coisa mais linda do tio, nem parece ser filho da sua mãe.

- quem é sua amiga?

Pergunto tentando ser educada ele olha para a menina com um sorriso.

- essa é a... Marl... Ca... Bela, é, bela.

Ela parece ofendida apenas concordo e a cumprimento ela também me cumprimenta, mas parece brava.
Mamãe sai do banheiro molhada com uma toalha na mão mas quando vai me dizer algo vê que temos visita.

- Haaa não, você não vai trazer mulher para essa casa.

Ela diz e vejo que vai começar um barraco então me levanto para sair, mas não consigo mamãe está bem no meio do corredor.

- sou maior de idade moro aqui e tenho todo o direito de trazer quem eu quiser.

Meu irmão fala bravo apontando o dedo para mamãe, aí droga foi bom ter um irmão mais velho, mesmo com as brigas eu até gostava dele, mamãe pega a toalha molhada e bate nele com ela em uma velocidade incrível, ele se curva de dor.

- nunca mais aponte o dedo para mim, sou sua mãe não sua colega me respeite, enquanto tiver embaixo do meu teto eu dito as ordens.

Ela diz irritada meu irmão se levanta.

- PORQUE ISSO AGORA? NUNCA FOI PROBLEMA.

- EU NÃO VOU MAIS ADMITIR ESSA SURUBA NA MINHA CASA, ESTÃO PENSANDO O QUE ESSA CASA É PEQUENA SE OUVE TUDO.

- o que é suruba.

O mais novo pergunta, ninguém tinha notado sua presença ali.

- NADA.

respondemos rápido ao mesmo tempo.

- pode ir embora mocinha, sua mãe deve estar preocupada.

Mamãe diz com a mão na cintura.

- desculpe o encômodo senhora mas eu não vim aqui transar com ninguém...

- o que é transar?

- NADA.

Dizemos juntos novamente e a menina fica envergonhada.

- mãe já chega vamos acalmar os ânimos e chega de palavras indecentes ok?

Resolvo me meter, mas a fagulha para aquela dinamite fala novamente.

- o que é indecente? Nada, já saquei, vou pesquisar na internet.

Ele diz indo pegar meu note, mas minha mãe o segura e começa uma discussão generalizada, com todo mundo falando ao mesmo tempo, mamãe brigando comigo por "influenciar" meu irmão a mexer na internet, meu irmão gritando com minha mãe que tem direito de levar quem ele quiser, a menina gritando para ser escutada dizendo que não vai transar com ninguém e eu gritando para todo mundo parar de gritar.
Quando vemos a família inteira está na nossa sala, ótimo, tudo que eu precisava, quem tinha chegado agora estava gritando para saber o que estava acontecendo, com aquela gritaria danada eu subo na mesa de centro e grito.

- CALEM A BOCA, PORRA.

A os poucos as vozes cessam mas escuto uma voz que conheço muito bem.

- a Nana sempre chata.

Olho na direção da voz e encontro meu primo.

- me respeite troquei suas fraldas moleque, só porque é adolescente acha que eu não te dou umas boas palmadas?

Digo colocando a mão na cintura e ele abaixa a cabeça e para minha total infelicidade uma tia minha se pronúncia.

- toda essa gritaria a Zena deveria dar mais edução para os filhos quem sabe essa garota não estaria com um filho nos braços e pior mãe solteira e desempregada.
Foi aí, minha mãe atravessou a multidão em milésimos de segundos e agarrou no cabelo da minha tia, que se segurou na outra irmã que começou tentando separar a briga, mas depois de levar tapas e puxões entrou na briga também e em segundos todos estavam brigando e gritando, desço da mesa, pego meu filho, o notebook e vou para meu quarto.
Eu preciso sair daqui, minha família não é ruim, mas todos são cabeça quente e falam sem pensar e para fechar o pacote são barraqueiros, Lion estava chorando então resolvo o amamentar para ele se acalmar olho o computador para ver se não o tinham estragado na briga e graças a Deus não, mas estava aberto em um anúncio, para o emprego de babá.

- perfeito.

Eu tenho experiência com isso, mais até do que eu gostaria.
A gritaria ainda permanece lá fora, amo a minha família, mas se eu não sair daqui eu vou enlouquecer.