excluídos

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  Os dias se arrastaram, não tinha nada para fazer em casa, percebi Samuel também mais triste, andava descontando meu tédio e preocupação na casa, passava o dia e a noite limpado e cozinhado, começamos ter que dar bolos e cupcakes para os vizinhos que nos achavam simpáticos, mas na realidade eu estava cozinhando compulsivamente, conversava com dona Ellen de duas em duas horas para saber deles e aparentemente estava tudo bem, sempre que o telefone tocava eu e Samuel praticamente corríamos para atender, fomos lá  todos os dias e todos os dias eles não queriam sair do nosso colo, mas depois iam brincar e nos esqueciam.

- Queen você está fazendo outra torta? Não temos vizinhos o suficiente para isso.

  Ele fala sentando na mesa da cozinha.

- eu sei, mas está ouvindo isso?

Ele nega tentando ouvir algo.

- exatamente, silêncio total, preciso de barulho, a todo momento eu fico com a cabeça a mil, será que Zoe está comendo bem? Ela nunca comeu outra comida que eu não tenha feito e se ela não quiser comer, Lion está muito arteiro, será que dona Ellen esta impedindo que ele se envenene? E as fraldas são das que não dá alergia neles? Porque ela disse que comprou outra, e o leite será que estão o preparando de forma correta? Como eles estão sendo tratados pelos empregados? Estão sendo legais ou brigando com eles?

  Digo me perdendo em minha mente e sinto mãos fortes em meu ombro.

- Queen olha para mim.

  Paro de limpar a manchinha que insistia em não sair e notei que era o sinal da madeira o olhei e suspirei.

- eles estão bem, amanhã nós vamos os pegar e trazer para casa apenas relaxe.

  Ele disse segurando meu rosto e eu assinto de olhos fechados.

- tudo bem eu estou calma, quer dizer, vou ficar calma.

  Ele concorda e me solta sorrindo, ele sabe que não vou me acalmar.

- mamãe disse que Zoe está tentando falar igual Lion faz.

  Ele diz sabendo que falar das crianças me faz parar.

- sério? E sai alguma coisa?

- não, mas ela passa o dia inteiro tentando balbuciar.

  Ele fala rindo e eu também sorrio deixando meus ombros relaxarem.

- Lion se apegou ao meu pai tanto quanto aquele velho rabugento se apegou a ele, mamãe disse que Lion não pode ver meu pai que sorri o segue pela casa e meu pai está todo babão.

  Sorrio me sentando na cadeira ao lado dele ouvindo tudo que ele tem a dizer.

- os dois ganharam peso desde que foram para lá, mamãe diz que sempre que eles pedem mama ela da comida a eles ou mamadeira.

  Ele ri e eu também, sentindo meu coração relaxar.

- ela disse que vai trazê-los amanhã, meu pai está muito chateado que Lion e Zoe vão embora.

  Eles estão sendo realmente bem tratados, digo a mim mesma, eu sabia da maioria destas coisas, mas ouvir novamente era bom, me acalmava.

- obrigada Samuel.

Digo suspirando e ele concorda.

- só vou terminar essa torta e juro que paro.

  Digo e ele suspira me deixando voltar ao trabalho, doze horas, eu consigo esperar doze horas, nós últimos dias tenho sentido dor nos seios normalmente nos horários que as crianças mamavam, eu estava tirando com a bomba e Samuel se ofereceu a levar para a maternidade, para ajudar o banco de leite, doze horas é fácil, quando eu dormir seis horas eu nem vou ver passar, será que está cedo para dormir? Oito horas, é... Está cedo, prometi não fazer mais nada hoje, onde eu estava com a cabeça? Posso muito bem dar uma geral no quarto de Zoe só para ela chegar e encontrar tudo limpo, não que ela vá se importar, mas a poeira pode dar alergia nela.

babáOnde histórias criam vida. Descubra agora