Cabeça

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Walker

Odiei a ideia da Siena de trazer Samuel Sampaio para nossa casa de campo, aquele era nosso lugar, não que ficassem transando sempre que estamos aqui, eu e Siena temos uma relação mais de amizade a essa altura do campeonato.

"eles parecem tão apaixonados, vai ser legal" legal, claro, esses jovens de hoje em dia mantinham relacionamentos tão superficiais, vivem pela paixão, acabou a paixão aquela sensação gostosa do início o relacionamento terminam, paixão não suporta a monotonia do dia a dia, e a essa altura do campeonato, não tenho paciência de ficar aguentando casal em início de relacionamento, já tinha tomado minha decisão, não faria o contrato com a empresa do garoto.

Não quero o torturar por um fim de semana, e na primeira voz de bebê que aqueles dois fizessem os colocaria para fora e admito, até gosto de crianças, mas... Depende, e se fossem aquelas crianças mal-educadas que mexem em tudo, teria de dar um basta nesta palhaçada.

— amor, podemos chamar as crianças faz anos que não o vemos.

Siena diz com um sorriso e eu concordo, ela sabe a verdade, só não consegue assimilar, erramos com nossos filhos, não ficamos perto o suficiente para criar laços, as babás tiveram muito mais participações do que deveriam, nós priorizamos o trabalho para dar um futuro para eles e o agora passou, no final somos dois velhos sozinhos e odiados pela própria família, Siena criou uma realidade na cabeça dela, de como deveria ter sido, não a culpo e nem a tiro de sua fantasia, se ela se sentia bem assim ok, cada um lida com o remorso do seu jeito.

Quando o carro para em frente a minha casa de campo suspiro, queria descansar, relaxar os últimos meses foram terríveis, precisava descansar, mas fiz o bom anfitrião e fui os receber, as crianças estavam dormindo e eram lindinhas, o garoto mais velho tinha um cabelo ondulado e parecia bastante com a moça, o bebê também tinha cachos e se parecia com ela, mas a garotinha não tinha nada haver com ela, a garota tinha os cabelos loiros e era a cara do Sampaio, pareciam uma família.

Não nego que me surpreendeu, esperava algo mais espalhafatoso, ela gritando com crianças fora de controle, sem autoridade nenhuma e ele achando que ela deveria cuidar de absolutamente tudo, não que isso não possa ser verdade já que as crianças estão dormindo, mas só de ele se preocupar de pegar um deles já era um avanço, quando Siena sinalizou para a seguir Samuel beijou o topo da cabeça da garota.

No jantar foram uma companhia agradável, pareciam um casal de anos, não eram afoitos um pelo outro, não eram carinhosos conscientemente nem algo assim, eles pareciam conectados, se um se mexa o outro também o fazia, se ela ia pegar algo ele tirava algo que ela poderia derrubar, quando ela pegava algo que sabia que ele gostava dava a ele, tudo parecendo inconsciente, isso pelo que eu percebi, e devo admitir que não sou a pessoa mais observadora.

Quando a criança grita todos se levantam, mas eles chegam em segundo no local, coisa que eu jamais acharia possível, o abraçaram e o acalmaram, Siena e eu nós mantivemos longe, não sabíamos como lidar com isso, nunca tivemos de o fazer, mas eles pareciam saber, quando a criança estava mais calma Samuel tocou o braço da menina e ela relaxou, voltamos para a mesa e a garota ficou com a criança, mas Samuel ficou de mão dada com o menino o jantar inteiro, se não soubesse da história toda diria que eles realmente era uma família que o garoto era filho deles, eles conseguiram distrair Siena de tudo que tinha acontecido, quando o jantar terminou, estava exausto, queria dormir relaxar, mas não poderia deixar as visitas sozinhas aqui embaixo, droga Siena, porque insiste em me ignorar?

Após o jantar me servi de whisky e observei o celular.

*sabe que preciso disso*

*vou ter que ir ai mesmo? *

babáOnde histórias criam vida. Descubra agora