babá

exagero

SAMUEL SAMPAIO

  Demorou algumas horas até Zoe querer sair do colo de Queen o que me incomodou um pouco, gostava de Queen tratar Zoe tão bem que minha filha sentia afeto por ela, mas estou começando a achar que pode ser bem mais que afeto.

- parece que Zoe realmente sentiu sua falta.

  Digo tentando soar leve, mas não tenho certeza de ter êxito.

- é as crianças sentem quando são amadas, por isso sempre deve se desconfiar quando um bebê não gosta de uma pessoa.

  Ela fala colocando algo na boca e abrindo a geladeira com Lion no colo.

- é... Talvez você tenha razão.

  Limpo a garganta e me levanto pegando Zoe adormecida nos braços, a babá me olha curiosa, mas não diz nada.

- qualquer coisa vou estar lá em cima.

Digo subindo com Zoe sem esperar a resposta da babá.

QUEEN MARQUES

  Ele está estranho, parece estar com um pé atrás, acho que está considerando me demitir, tudo bem Zoe ter preferido ficar um pouco comigo ela passou sete meses comigo, vinte quatro horas por dia, é natural nossa proximidade, é o onos de ser babá você se apega querendo ou não e a criança também.
  Se ele me demitir que pelo menos me deixe vê-la, eu não estou tentando substituir a mãe dela apenas quero que ela se sinta o mais amada possível.
Olho para o topo da escada já são cinco da tarde e eles não desceram ainda, meu corpo todo está doendo, ele me deixou ansiosa e eu como sempre descontei na casa que agora cheirava desinfetante, me sentei no sofá roendo as unhas e avaliando a televisão já limpa se precisava passar um pano nela.
Um choro, choro de Zoe me levanto do sofá em um salto.

- ela está com o pai, se ele precisar de ajuda irá me chamar.

Me sento novamente batendo o pé no piso fazendo um barulho irritante que me deixava mais nervosa.

- eu não sei o que é, não é a fralda, fome nem febre.

Ele se aproxima de mim e me levanto em um salto indo até ele, assim que ela me vê estica os bracinhos para mim.

- tudo bem querida.

A pego beijando sua bochecha e sinto ela soluçar de tanto chorar, a aperto mais em meu colo.

- tudo bem.

Passo a mão por suas costas e ela apoia a cabeça em meu ombro, ainda soluçando e vermelha.

- vou fazer uma coisa bem gostosa para você comer o que acha?

Pergunto e ela não se mexe suspiro indo para a cozinha.

- o que deseja senhora? Um pouco de banana amassada? Talvez um pouco de mamão? Que tal uma salada de frutas?

Pergunto a ela fazendo cócegas em sua barriga ela se encolhe rindo e tenta colocar a mão na frente.

- acho que já entendi, uma salada de frutas, boa escolha, boa escolha, uma água para acompanhar?

A coloco na cadeirinha de alimentação e vou até a geladeira pegar as frutas e as cortar e amassar, ela fica impaciente, mas converso com ela que parece entender o que eu falo ou pelo menos vê que estou falando com ela, quando me sento a sua frente entrego um colher de plástico para ela que começa uma pequena bagunça, e eu uso a outra para alimenta-la.