Lumine tentava acalmar suas lágrimas e organizar sua mente antes de começar a falar. Fazia algum tempo que ela não se permitia sequer pensar em tudo o que havia acontecido em Mondstadt porém desejava apenas botar pra fora pela primeira vez em um bom tempo o que se permitia falar sobre o assunto, assim que consegue se recompor minimamente ela respira fundo e começa a falar sob o olhar atento de Kazuha.
- Quando eu ainda vivia em Mondstadt bem antes de eu e meu irmão sequer pensarmos em vir pra cá e antes mesmo de eu ganhar minha visão eu era uma cavaleira de favonius, era meu sonho e eu acreditava profundamente nos ideais deles mesmos com os avisos de Diluc um amigo meu que também já tinha sido um cavaleiro de que as coisas não eram como eu pensava eu achava que ele só dizia isso por ter mudado muito depois de perder o pai - ela diz tentando manter a calma apesar das lembranças - eu dava tudo de mim pra proteger a cidade e as pessoas afinal era meu lar não havia nada mais importante do que cuidar do lugar que eu mais amava no mundo, completava minhas missões sem hesitar cuidava dos meus companheiros aquela era minha vida.
Ela faz uma pausa recuperando o fôlego que estava perdendo por reprimir as lágrimas, Kazuha acaricia seu rosto delicadamente tentando acalmar a mulher claramente atormentada em sua frente. Ele não pode evitar sentir um aperto em seu próprio coração vendo como Lumine parecia desnorteada naquele momento.
- Os problemas começaram quando Mondstadt entrou em crise por que um dos quatro ventos foi contaminado pelo sangue do dragão Durin - ela prossegue - perdemos pessoas nas ventanias que ele causou e nos ataques que ele fez a cidade então eu recebi junto com alguns colegas da ordem de favonius a missão de derrotar Dvalin de uma vez por todas. Estávamos com medo mas todos nós iríamos sem pestanejar, era pela cidade e pelo povo de Mondstadt nosso lar é claro que estávamos dispostos então fomos até a toca de Dvalin onde ele nos atacou com toda a fúria.
As imagens terríveis daquele dia fazem ela estremecer e se contorcer como se sentisse dor física por cada lembrança. Não conseguiria prosseguir se não fosse o calor confortável e firmeza das mãos de Kazuha segurando as suas.
- Vi um por um dos meus companheiros serem mortos diante dos meus olhos sem que eu pudesse fazer nada por nenhum deles, eu ouvi seus gritos seus últimos pedidos - ela sente a garganta doer com o choro reprimido e a vontade de gritar - eu também iria morrer lá mas outros cavaleiros chegaram e conseguiram remover cada cristal do sangue sujo que estava infectando Dvalin, na hora eu me senti aliviada apesar da dor de perder meus companheiros o problema foi que no outro dia. Eu descobri minha visão entre as roupas que usava no dia anterior na batalha contra Dvalin e fui ao Qg informar que tinha sido reconhecida pelos arcontes, o que eu não esperava era ouvir que eu e meus companheiros fomos usados de distração.
Kazuha não esperava por aquilo pelo que já havia ouvido sobre a famosa ordem de favonius eles eram honrados porém não duvidava de uma palavra sequer do que Lumine lhe contava.
- Eu ouvi o grande mestre Varka dizer cada palavra que lamentava o atraso e cada cavaleiro perdido mas que sacrificaria tudo novamente pra resolver a crise - ela respira fundo mais uma vez - eu invadi o escritório dele na hora e quis mata-lo por aquilo, gritei com ele e disse que as pessoas jamais iriam perdoar aquela conduta mas ele apenas disse que eles morreram como heróis e nada do plano ia ser revelado pra ninguém do povo. Ele simplesmente iria fingir que o plano dele não prejudicou ninguém eu só não consegui lidar com aquilo e abandonei os cavaleiros de favonius e depois de contar tudo pra Aether decidimos ir embora de Mondstadt. Eu me lembro até hoje do filho de um dos meus companheiros que morreu na luta contra Dvalin... eu não consigo lembrar dele sem sentir culpa, o pai dele deveria ter sobrevivido e não eu.
Kazuha puxa Lumine pros seus braços a apertando ela ao máximo contra si como se pudesse pegar a dor dela pra ele mesmo. Naquele momento mais do que tudo ele quis proteger a loira daquele passado e culpa que a tinha feito sair de sua terra natal e a atormentava diariamente. Agora ele entendia o por que ela ficou tão chateada quando o irmão quase citou aquilo no primeiro almoço deles.
- Eu entendo a sua dor - ele diz suave - mas jamais diga que você não deveria estar aqui, nunca.
- O menino precisava do pai eu...
- Shiii - ele interrompe - é horrível tudo isso mas você também tem pessoas que precisam de você e não foi sua culpa sobreviver, nada do que aconteceu foi.
As palavras dele foram como anestésico pro coração ferido e culpado de Lumine que apenas abraçou o platinado com todas as forças que tinha, encontrando conforto e consolo nos braços dele. Ambos sentiram novamente aquela conexão que antes era apenas um fio fino que ligava os dois se tornar mais firme e mais forte, Kazuha sabia que Lumine havia depositado sua confiança nele ao se abrir daquela forma e ele faria por merecer aquele gesto.
Ficaram minutos abraçados até que o samurai notou que a loira havia dormido em seus braços "o cansaço da batalha e o cansaço emocional de reviver aquelas memórias foram demais pra ela" ele pensou olhando o rosto sereno da mulher adormecida. Não pode deixar de sorrir de leve ao notar como ela ficava bonita assim, com cuidado ele a ajeita em seus braços e a carrega até a cidade.
***
Ao ouvir as batidas na porta Aether correu pra abrir a porta, a irmã e Kazuha ainda não haviam voltado e ele estava ficando preocupado porém quando abriu a porta e viu Kazuha com a irmã adormecida no colo uma onda de alívio tomou conta dele.
- Onde fica o quarto dela? - o samurai sussurra.
- Me siga.
Aether guia o amigo abrindo a porta do quarto da irmã e observando ele a colocar delicadamente na cama dela e sair junto dele a passos silenciosos.
- O que houve com ela? - Aether pergunta.
- Só ficou cansada demais - Kazuha responde simples.
- Ela contou pra você não foi?
- Contou - Kazuha suspira.
- Obrigado por cuidar dela - o loiro diz - e por consolar ela também.
- Como soube que ela disse algo pra mim?
- Eu sempre sinto quando ela fica angustiada - Aether responde - eu sempre senti a dor dela. Ela queria vir pra cá sozinha mas eu não podia viver no lugar que feriu tanto minha irmã, sempre penso que talvez fosse diferente se estivesse naquela batalha com ela eu falhei em proteger minha irmã.
- Você não a deixou sozinha e isso foi seu melhor ato de amor por ela - Kazuha diz - ela é forte mas tenho certeza que sua presença é tudo pra ela.
- Eu amo a Lumine ela é minha família e parte do meu coração desde que consigo me lembrar e eu nunca mais vou deixar nada machucar ela.
- Entendo e concordo com você, Lumine é... preciosa - fala o platinado - mas não se esqueça que ela ainda é a mesma Lumine forte de sempre, não subestime ela apenas dê seu apoio.
Aether assente positivamente. Depois de se despedirem o loiro pensa nas palavras de Kazuha e no cuidado e carinho que o mesmo teve com a irmã. Um sentimento de respeito tomou conta de Aether "se um dia minha irmã amar alguém espero que seja alguém como você" ele reflete em silêncio.
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Oe oe oe babys tudo bem com vocês? Como prometido aí está a resposta pras perguntas de vocês: o passado da Lumine e o motivo dela abandonar Mondstadt. Enfim se gostarem deixem a estrelinha e comentários beijinhos e até o próximo capítulo ❤
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Folhas Escarlates
FanfictionDe todos os caminhos que Kazuha já havia seguido o que o levava de volta pra casa era o mais complicado de trilhar. Seu passado e clã estavam enterrados naquelas terras que ele pensava não ter mais nada a oferecer pra ele. O que ele não imaginava er...