De Homem Pra Homem

788 94 239
                                    

As semanas estavam passando tranquilamente e cada dia Kazuha estava mais e mais próximo de Harumi. A menina o adorava e estava sempre ansiosa pra ver o samurai, o que deixava Lumine satisfeita visto que Kazuha estava se saindo perfeitamente bem com a filha e cuidava dela com perfeição, naquele ritmo logo logo eles teriam que planejar como contar pra Harumi que Kazuha também é pai dela o que seria um tanto trabalhoso afinal apesar de muito esperta ela ainda tinha apenas cinco anos. A situação já era confusa e complicada pra Thoma, Lumine e Kazuha que entendiam perfeitamente tudo ali, imagine explicar tudo aquilo pra uma criança? Isso com certeza seria um desafio pra todos eles.

Sempre que tinha um dia livre, Kazuha passava ele com a filha indo embora apenas quando o sol começava a se por. Não estava nem de longe pronto pra ver Thoma novamente chegando na casa de Lumine e abraçando a loira, dividindo a vida com ela e por mais maduro que o samurai tentasse ser quanto à isso ainda assim sentia ciúmes. Amava Lumine, nunca deixou de amar ainda sentia seu peito queimar todas as vezes que olhava pra ela, sua pele formigava quase a ponto de doer pela necessidade que sentia de toca-la novamente, de passar horas acordado lendo alguns de seus poemas pra ela, sentia falta de ser dela.

O platinado suspirou indo em direção a saída da cidade com a intenção de visitar a propriedade de sua família mesmo sabendo de todas as lembranças que tinha com Lumine lá. Estava quase chegando nos limites da cidade quando dá de cara com Thoma, os dois se olham por um longo instante silencioso nenhum dos dois demonstrava o mínimo rancor ou qualquer sentimento nocivo um pelo outro afinal a situação deles era semelhante em vários aspectos: ambos amavam a mesma mulher e ambos eram pais da mesma garotinha, um por escolha outro por destino.

- Preciso falar com você - Thoma finalmente quebra o silêncio.

Kazuha apenas assente e segue o loiro até a casa de chá Komori onde poderiam conversar de forma discreta, sem serem interrompidos e longe de ouvidos alheios. Assim que estavam em uma das muitas salas de reuniões do local e ambos servidos de uma xícara fumegante de chá, Thoma da o primeiro passo na conversa.

- Imagino que já tenha noção do motivo pelo qual quero conversar - ele diz calmo.

- Lumine e Harumi - Kazuha diz sem um pingo de dúvida na voz.

- Sim - Thoma suspira - eu não tenho problemas com sua aproximação com Harumi, até fico feliz por isso já que o medo que eu tinha era que fosse idiota o suficiente pra rejeita-lá. Porém agora a minha preocupação é que queira que eu me afaste dela, e eu sou incapaz de fazer isso.

Kazuha espera pacientemente Thoma prosseguir com sua fala, queria ouvir o que ele tinha a dizer.

- Eu acompanhei cada mês da gravidez de Lumine, eu senti os primeiros chutes que ela deu, eu estava segurando a mão da mãe dela quando ela nasceu, eu ouvi ela chorar pela primeira vez - a essa altura o olhar de Thoma estava distante enxergando a penas suas lembranças - eu ouvi as primeiras palavras dela, segurei sua mãozinha nos primeiros passos, passei noites em claro ajudando a cuidar dela e me lembro com clareza até hoje como eu fui feliz de forma que meu coração quase explodiu quando ela me chamou de pai a primeira vez. Não estou te dizendo isso pra contar vantagem, ou querer dizer que sou muito mais pai dela do que você, não longe disso só quero que saiba que eu amo ela como se fosse minha. Eu não era um pai até ela me transformar em um e isso fez minha vida ter um sentido diferente.

Kazuha fica em silêncio observando Thoma por alguns segundos, era óbvia a sinceridade nas palavras do loiro e o samurai não duvidaria,  afinal Thoma não era o tipo de homem que mentia sobre o que sentia.

- Não vou mentir que sinto ciúmes e uma certa inveja por você ter estado em todos esses momentos com elas - Kazuha diz lentamente - porém eu não seria justo se em algum momento desejasse que você saísse da vida da minha filha, eu na verdade sinto que tenho que te agradecer por cuidar tão bem dela até hoje e entendo tudo o que sente. A única coisa que eu tenho a dizer é muito obrigado por cuidar delas.

O silêncio se faz novamente presente enquanto o loiro processa as palavras de Kazuha sentindo alívio pelo outro não querer afastar ele de Harumi. Thoma não suportaria cortar os laços com a filha.

- Acho que agora podemos falar do assunto principal que temos em comum: Lumine - o loiro diz.

- Não acredito que entraremos em um acordo sobre ela - Kazuha estreita os olhos - mas se quer a verdade eu ainda amo Lumine e quero ela de volta.

- Nunca duvidei disso - Thoma diz fixando os olhos verdes no samurai - mas diferente de anos atrás agora ela também sente algo por mim, também tem uma história comigo e eu não vou deixar o caminho livre assim tão fácil a menos que ela me diga que não me quer mais dessa forma. Não entenda mal, não vou impedir você nem sabotar suas tentativas de reconquistar ela porém não vou ficar de braços cruzados sem tentar proteger o que construí com ela.

- Acho justo - Kazuha diz - no final das contas quem escolhe é ela, e não sou cego a ponto de ignorar que diferente de antes ela tem sentimentos mais fortes que amizade por você.

Os dois ficar algum tempo em silêncio. Aquilo não era uma competição pra nenhum dos dois, a verdade é que aquela conversa aberta e sincera que estavam tendo evitaria conflitos mais tarde. Apesar de tudo ambos se respeitavam: Kazuha respeitava Thoma por tudo o que havia feito sem pedir nada em troca por Lumine e Harumi, e Thoma respeitava Kazuha pela coragem de tentar ser pai e não desistir de Lumine mesmo com tudo jogando contra ele.

- Eu sinto muito pelo que houve com você Kaedehara Kazuha - Thoma diz - sinto muito pelo que sofreu e ainda está sofrendo e pelo que Lumine também sofreu por isso. No final todos nós fomos afetados por isso de formas diferentes e quase todas elas negativas.

Depois de um breve aceno de cabeça em despedida, Kazuha segue pra fora da casa de chá deixando Thoma ainda ali parecendo pensativo. O samurai pensou em ir até a propriedade de sua família, porém seus pés o guiaram até a casa de Lumine, queria ver a loira e abraçar sua filha pra se sentir um pouco mais completo embora soubesse que isso só seria possível quando Harumi o chamasse de pai e Lumine fosse sua de novo. Quando chegou a casa estranhou a porta da frente aberta, com uma rápida olhada percebeu que nem Harumi nem Lumine estavam no jardim e uma leve preocupação se instalou em seu peito.

Entrou em silêncio, preparado pra qualquer coisa que pudesse acontecer. Ouviu passos dentro de um dos quartos e um suspiro abafado de Lumine, como se estivesse com algo cobrindo a boca dela pra que abafasse o som. Cautelosamente o platinado abre a porta porém de todos os cenários que imaginou nenhum se comparava ou o surpreendia tanto quanto o que estava vendo: Lumine estava de costas pra ele apenas com uma calcinha e enxugava o rosto com uma toalha, porém assim que ouve a porta ser aberta a mesma se vira bruscamente assustada vendo o samurai parado ali observando.





🍁🍁🍁

Oe oe oe babys tudo bem com vocês? Conversa complicada porém necessária que os nossos dois preciosos tiveram, é nenhum dos dois está disposto a abrir mão de conquistar o coração da Lumi. Eita que o Kazuha pegou uma cena interessante da Lumine nesse final hehe. Enfim se gostarem deixem a estrelinha e comentários beijinhos e até o próximo capítulo ❤

Folhas Escarlates Onde histórias criam vida. Descubra agora