Sentados lado a lado tanto Kazuha quanto Lumine pareciam estar se preparando mentalmente pra longa conversa que estava por vir. O samurai calculava como começar a contar pra ela e imaginar se ela entenderia o lado dele em tudo aquilo, suspirando e fechando os olhos brevemente ele se prepara pra falar.
- Eu fico feliz que você não tenha desistido de seguir em frente e quero deixar claro que entendo quanto tempo passou - ele começa.
- Seja direto Kazuha - ela diz - apenas quero saber de tudo.
- Ok - ele suspira - eu me lembro de algumas coisas da tempestade e do naufrágio, lembro dos trovões, do vento forte, da chuva castigando o navio, da água agitada e de tudo se quebrando. A última coisa que lembro do naufrágio em si é de cair na água extremamente fria e nadar até não sentir mais meu corpo.
Ele sente um calafrio doloroso ao lembrar do naufrágio e de como o seu corpo doía e a tempestade o deixava desorientado porém se recompôs ao ver Lumine ouvindo tudo pacientemente ao seu lado.
- Depois disso eu acordei em um quarto com pessoas estranhas cuidando de mim, pelo que me explicaram eu estava quase morto quando me acharam em cima de um pedaço de madeira flutuante. Eu estava machucado consegui a façanha de quebrar meu braço provavelmente algum destroço grande me acertou eu realmente não sei dizer - ele prossegue - fui informado de que estava em uma ilha não muito longe de Mondstadt no acampamento das pessoas que me salvaram, era um lugar simples mas bem estruturado tinham até mesmo cabanas de madeira pros períodos em que eles ficavam lá.
Um pequeno sorriso surge com a lembrança da bondade de cada uma daquelas pessoas que o ajudaram naquele momento.
- O problema foi quando me perguntaram quem eu era e de onde eu tinha surgido: eu me lembrava meu nome e parte do meu passado mas... nada recente nem mesmo como fui parar no meio do mar flutuando num pedaço de madeira. Eu passei seis meses me recuperando fisicamente e tentando lembrar de como eu acabei ali mas tudo o que me vinha a mente era que eu tinha fugido de Inazuma por que estava sendo caçado pela Shogun - o samurai suspira - quando falei isso pra família que estavam me abrigando eles disseram que o decreto de caça às visões havia acabado a um bom tempo e isso só me deixou mais confuso por que eu sentia que tinha algo importante pra lembrar mas eu não conseguia. Passou mais seis meses e quando eu estava bem fisicamente comecei a ajudar aquelas pessoas e bom ajudava a levar mercadorias deles pra Mondstadt e voltava e nisso se foi um ano.
Lumine sentia o peito arder e a garganta doer com tudo aquilo porém não iria chorar. Tinha que se manter firme, sabia que se chorasse ele pararia de contar pra consola-lá.
- Um ano virou dois, depois três e eu apenas sobrevivia ali. Gostava daquela família mas não deixava de sentir que tinha algo importante pra lembrar mas por mais que eu tentasse não conseguia e isso me deixava incompleto e me fazia sentir uma solidão dolorosa o tempo todo e me lembrava que eu não pertencia aquele lugar ao mesmo tempo que sem lembranças eu não sabia pra onde ir - o tom de voz dele se tornou melancólico - quando completou quatro anos e meio eu comecei a ter flashes nos meus sonhos, primeiro com o naufrágio e depois com cabelos loiros e uma música na floresta Chinju, depois com alguém cuidando de um machucado na minha barriga. Quando eu vi a cicatriz depois desse sonho eu soube que não era sonho e sim lembranças fragmentadas e comecei a anotar meus sonhos o que me fez ver meus poemas antigos e alguns deles falavam sobre algumas dos fragmentos de lembrança que recuperei e então eu notei as palavras gravadas na minha espada e eu sabia que deveria lembrar o que elas significam por que era muito importante mas ainda não tinha lembranças o suficiente.
Ele fez uma pausa e um silêncio se instalou ali até o gato branco ir deitar aos pés dos dois tranquilamente e começar a ronronar a tristeza nos olhos carmesins do platinado era evidente. Kazuha respira fundo mais uma vez antes de continuar.
- Nos meses que seguiram depois que comecei a lembrar eu fiquei determinado a descobrir tudo o que eu tinha esquecido, comecei relacionando cada poema com os fragmentos de lembranças e as datas em que escrevi os poemas e aos poucos comecei a ter noção de que eu havia voltado pra cá e que tinha ficado muitos meses aqui e por algum motivo voltei pro mar. O último poema antes de começar a anotar meus sonhos era sobre ter saudades de alguém e que meu maior desejo era voltar pro meu lar - os olhos dele encaravam o horizonte sem nenhuma precisão como se não enxergasse de verdade a paisagem - em uma das idas a Mondstadt ouvi uma canção triste de um bardo falando de um acidente no mar a anos atrás que fez muitos chorarem e um homem perder seu lar. Aquilo fez minha cabeça doer muito o bastante pra que eu desmaiasse e durante esse desmaio eu sonhei com tudo o que esqueci: o dia que vi você pela primeira vez, o seu rosto corado depois que eu te elogiei, você cuidando do meu ferimento, nós dois jantando juntos, a noite do festival, as idas a minha casa, a nossa despedida, a minha promessa... Eu lembrei de tudo de uma vez.
O olhar dele ganhava brilhos diferentes a cada lembrança que ele citava e Lumine não deixava de ficar feliz e triste ao mesmo tempo por cada um daqueles momentos.
- Eu busquei uma forma de voltar imediatamente quando finalmente me lembrei, e com um pouco de informação eu tive noção de quanto tempo tudo isso levou, quanto tempo fiquei longe de você. Cinco longos anos - ele olha pra loira e percebe que a mesma tentava não chorar, conhecia bem Lumine pra perceber os mínimos detalhes - eu torci, rezei pra todos os arcontes que você estivesse bem e esperando por mim mesmo que no fundo eu soubesse que as coisas iam ter mudado.
Lumine não aguentava mais uma palavras daquilo sem sentir as lágrimas transbordando de seus olhos. O destino era extremamente cruel e injusto, queria ter raiva de Kazuha por ter voltado só agora porém ele era tão vítima quanto ela em toda essa história. Vendo a mulher que amava chorar Kazuha não pode ficar parado e a puxou pro seu peito acariciando os fios macios dos cabelos dela.
- Shiii, está tudo bem agora tenshi - ele diz calmo - eu cumpri finalmente a promessa que eu fiz de voltar apenas quero que me perdoe por ter demorado tanto.
- Não tenho motivo pra te perdoar por que não foi sua culpa - ela diz entre soluços com a voz abafada pelo abraço dele - o que vai acontecer com a gente agora? Como isso vai ser? Minha filha e Thoma...
- Tudo bem tenshi - ele se afasta gentilmente e enxuga as lágrimas do rosto dela - não precisa ficar comigo. Thoma e você tem uma família agora e eu devia agradecer a ele por ter cuidado de você todo esse tempo, não é por que voltei que tenho o direito de destruir tudo o que vocês construíram juntos.
- Você não entende...
- Estou aqui pra te ouvir também - ele diz - me conte tudo o que passou Lumine.
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Oe oe oe babys tudo bem com vocês? Voltei, quem gostou tá gostado quem não gostou sinta-se convidado a sair daqui obrigado de nada. Enfim estava morrendo de saudade de vocês e queria agradecer mesmo a todo o apoio que vocês me deram e também quero deixar um aviso pra cada um que deu hate: eu não vou ser mais boazinha, vou começar a tratar vocês como vocês merecem. Deixando os assuntos chatos de lado feliz aniversário pra mim!!!! Sim hoje dia 3 de outubro, fatídico dia que esse capítulo está sendo postado é meu aniversário e achei que seria o melhor dia pra voltar pra vocês leitores que eu tanto amo. Enfim se gostarem deixem a estrelinha e comentários beijinhos e até o próximo capítulo ❤
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Folhas Escarlates
FanfictionDe todos os caminhos que Kazuha já havia seguido o que o levava de volta pra casa era o mais complicado de trilhar. Seu passado e clã estavam enterrados naquelas terras que ele pensava não ter mais nada a oferecer pra ele. O que ele não imaginava er...