A cena parecia congelada no tempo e o silêncio do ambiente era mais ensurdecedor do que qualquer som. Os olhos carmesins de Kazuha avaliavam a cena tentando entender o que via, tinha consciência de quanto tempo havia passado porém não pensou de verdade no quanto às coisas haviam mudado e no que sua ausência havia causado somente quis ir o mais rápido possível até ela. Quando seus olhos encontraram os olhos dela ele viu saudade, dor, incredulidade e outros milhares de sentimentos que ele também sentia, sua atenção se voltou pra Thoma e pra garotinha que ele segurava no colo e a pequena voltou os olhos pro samurai e depois pra Thoma.
- Papai quem é ele? - ela pergunta inocente quebrando o silêncio.
Thoma troca um olhar com Lumine e depois de uma pequena conversa muda ele responde a pequena.
- Mais tarde eu te explico meu amor agora vamos pra dentro o papai vai fazer seu prato preferido que tal?
- Ebaaaaa - Harumi bate palminhas inocentes.
Lançando um olhar tenso pra Lumine, Thoma entra com a pequena dentro da casa restando apenas Aether, Lumine e Kazuha ali. Por muitos minutos nenhum dos três disseram uma palavra a situação ainda era muito chocante e suas mentes ainda processavam.
- Quer que eu fique irmã? - Aether diz baixinho.
- Yoimyia deve estar preocupada é melhor você ir - ela diz - vou ficar bem.
"Pelo menos vou tentar" completa em pensamento. Aether beija sua testa e passa por Kazuha ainda sentindo como se tivesse encarando um fantasma e mesmo querendo saber como e por que ele sobreviveu e só apareceu anos depois sentiu que não lhe cabia saber naquele momento afinal era algo que sua irmã precisava e merecia saber mais que ele.
Depois da saída de Aether o samurai e a loira ficam se encarando por minutos em absoluto silêncio, Lumine sentia lágrimas silenciosas escorrerem pelo rosto o milagre que pediu durante o primeiro ano de luto por ele estava ali na sua frente porém sentia que tudo estava fora do lugar. Kazuha se aproximou com passos lentos dela levantou uma mão levando a centímetros do rosto dela pra acariciar e enxugar as lágrimas porém repensou e abaixou a mão novamente.
- Lumine... - ele diz baixinho.
Mais lágrimas correm dos belos olhos dourados até o queixo delicado dela assim que a voz dele alcança seus ouvidos.
- Penso que eu demorei demais a voltar - ele diz com pesar - acho que no fundo ainda pensava que as coisas estariam como antes.
Essas palavras foram demais pra Lumine. Sentiu saudade, felicidade, raiva, dor tudo misturado naquele momento aquilo era demais pra ela porém ela se manteve firme sob suas próprias pernas.
- Esse tempo todo você estava vivo - ela diz num fio de voz.
- E você teve uma filha com ele - ele diz - era de se esperar depois de todo esse tempo, até fico feliz de certa forma por ter sido forte e seguido em frente.
- NÃO SE ATREVA A FALAR DO QUE VOCÊ NÃO SABE - ela perde a calma - A ÚNICA COISA QUE EU QUERO SABER É PORQUE SÓ AGORA? POR QUE EU PASSEI ANOS CHORANDO A SUA MORTE.
- Eu sei eu entendo, eu sei que sou egoísta por querer que me esperasse mesmo achando que eu morri - ele tenta acalmar a loira - eu tenho muito pra te contar mas não acho que agora seja o momento tudo bem? Sua filha e seu... marido estão te esperando e você precisa se acalmar primeiro.
Lumine respira fundo entre as lágrimas, querendo ou não ele tinha razão no que dizia. A aparição repentina dele depois de anos achando que ele estava morto abalou todas as estruturas cuidadosamente construídas por ela durante os anos sem ele, precisava organizar a mente o máximo que pudesse antes de ouvir o que ele tinha a contar e também contar o que havia acontecido com ela. Assim que assente positivamente pra ele vê ele virar as costas e a passos lentos começar a sair dali.
- Onde você vai ficar? - ele pergunta preocupada com ele sentindo um certo vazio vendo ele sair.
- Visitar um velho amigo - ele diz pacificamente - não se preocupe tenshi, eu não vou sumir de novo.
Ouvir o apelido que ele havia lhe dado causou um arrepio que logo se transformou em vazio assim que viu ele partir em uma direção que só ele sabia aonde iria levá-lo. Enxugando o rosto e se recompondo o melhor que podia Lumine entrou em casa vendo Thoma ninando a pequena Harumi em seu colo, eles trocam olhares e Lumine segue pra cozinha onde o jantar que Thoma havia feito estava pronto enquanto o mesmo levava Harumi pro quarto dela.
- Ela tomou banho e logo depois de comer dormiu - ele diz com voz calma - imagino que tenha brincado bastante hoje.
- Como ela sempre faz - Lumine solta uma risada fraca - tudo isso não parece real.
- Eu sei - ele suspira se sentando em uma cadeira de frente pra ela segurando sua mão - mas acho que deve ouvir ele e os motivos pra só ter voltado agora.
- Eu só não estou conseguindo processar tudo isso, é demais pra mim - ela diz cansada apoiando a cabeça na mão livre até sentir o aperto da mão do maior na sua.
- Eu entendo que é difícil princesa - ele diz - mas seja o que você escolher eu vou ajudar você sempre. Vá tomar um banho e tente dormir ok? Eu cuido de tudo aqui.
Ela encara o homem de olhos verdes, desde que tudo aconteceu ele fez coisas que jamais pensou que alguém faria apenas pra fazer ela feliz. E mesmo com a volta de Kazuha ele parecia sereno apenas pensando no melhor pra ela " ele é um porto seguro". Com esse pensamento ela se levanta e faz o que ele sugeriu e assim que se deita na cama dorme de tão exausta emocional e fisicamente.
***
Na manhã seguinte Lumine se levantou e após uma breve conversa com Thoma, Aether e Yoimyia decide procurar por Kazuha. Pensou em protelar a conversa o máximo que podia porém não adiantava fugir e não teria paz enquanto não soubesse o que diabos ele havia feito todo esse tempo. Não precisava procurar por ele, em seu peito sabia do único lugar onde ele poderia estar naquele momento e foi pra onde se encaminhou com o peito agitado pela ansiedade porém decidida a ouvir com calma o que ele tivesse a contar.
Como imaginava lá estava ele ajoelhado parecendo meditar de frente pra espada cravada no chão com o gato branco ao seu lado. Lembrava muito bem de ter vindo com ele prestar seu respeito ao amigo dele, pouca gente sabia onde esse túmulo discreto ficava. Ela se aproximou a passos lentos e silenciosos não querendo perturbar o samurai, Tama veio se esfregar em suas pernas afetuosamente.
- Desde sempre ele gostou de você - Kazuha diz sem se virar - acredito que ele tenha alguma intuição sobre boas pessoas.
- Estou pronta pra te ouvir - ela diz simples.
- Venha então - ele sinaliza que ela se sente ao seu lado.
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Oe oe oe babys tudo bem com vocês? Bom quero conversar algumas coisas, a primeira: não julgue nem a Lumine, nem o Thoma nem o Kazuha a situação é complicada e a vida não é preto no branco e nós não sabemos a história toda nem a parte do Kazuha nem a parte da Lumine. Segundo: não é nenhum absurdo a Lumine ter seguido em frente com o Thoma (se é que ela realmente fez isso já que em nenhum momento fica claro a relação deles, pelo menos não ainda) já que ela passou 5 anos da vida dela pensando que o Kazuha estava morto. Por último quero que sejam mais pacientes e tentem se por no lugar dos personagem eu me esforço muito pra expor o lado deles e me dói quando isso é ignorado. Por fim espero que gostem e se gostarem deixem a estrelinha e comentários beijinhos e até o próximo capítulo ❤
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Folhas Escarlates
FanfictionDe todos os caminhos que Kazuha já havia seguido o que o levava de volta pra casa era o mais complicado de trilhar. Seu passado e clã estavam enterrados naquelas terras que ele pensava não ter mais nada a oferecer pra ele. O que ele não imaginava er...