Out Of Style

Capítulo 33

Christopher Uckermann

Dulce tinha oficialmente indo embora, e eu sentia meu peito apertar cada vez mais com isso. Ela precisa disso, era a carreira dela que estávamos falando aqui, mas tê-la longe me trazia uma dor sem igual, e parte de mim queria entender o porquê disso tudo. Eu tinha sentimentos por ela, isso já não era mais novidade para mim, e ela correspondia a isso, talvez seja a urgência de deixar isso mais claro estar gritando dentro de mim.

Ouvi batidas na porta do quarto e imaginei ser Anahí, e felizmente não estava errado. Abri a porta e me deparei com aqueles olhos azuis brilhantes olhando para mim e um sorriso sarcástico em seu rosto, revirei os olhos e a dei passagem para entrar.

— Esse quarto parece maior sem a Dulce... — ela disse após se sentar no sofá e eu me sentar ao seu lado.

— Sim, é quase sufocante. — ela sorriu sem mostrar os dentes e se virou para mim.

— Então, você não tem nada para me contar?

— Sobre?

— Como assim “sobre”? — ela fez as aspas com a mão e me olhou indignada. — O que foi aquela cena toda antes de Dulce ir? Você quase chorou, e eu nunca te vi assim por ninguém, Ucker.

— Sei lá, Annie, não consigo achar uma explicação dentro de mim, quem dirá pra te dizer sobre.

— Vocês conversaram?

— Sim, ontem de madrugada. Dulce não conseguia dormir e eu acabei acordando, sentindo a falta dela. Sentamos na varanda e ela me contou sobre seu passado... — Anahí arregalou os olhos e interrompeu minha fala.

— Ela te contou sobre David? Sobre a briga com a família? Tudo?

— Contou, e eu achei bem inesperado, jamais poderia imaginar que ela havia passado por tudo isso.

— Bom, a Dulce é uma pessoa extremamente forte e se ela te contou, ela deve realmente confiar em você, ninguém sabe dessa história além de mim, David e sua família.

— Acho que sim... — dei meio sorriso a Anahí que me olhou diferente na mesma hora.

— Nunca te vi assim e te conheço a anos, o que Dulce fez com você?

— Sinceramente, eu não sei, mas ela entrou na minha cabeça mais que qualquer outra em minha vida.

— Olha, essa eu vou deixar você decifrar sozinho. Agora preciso ir, tenho uma entrevista daqui a pouco e preciso me arrumar. — assenti e vi Anahí se aproximar para me abraçar, retribuí o abraço em minha melhor amiga que tornou a falar. — Você vai ficar bem quando descobrir o que sente e dizer à Dulce, precisa perder esse medo de compromissos que você tem, Dulce também não é fácil e ainda tem bagagem, vocês só precisam conversar mais e talvez transar um pouco menos.

— É difícil isso, Dulce é muito fogosa e... — eu disse em um murmúrio sorrindo de leve e Anahí prontamente me interrompeu.

— Christopher, eu não quero saber o que vocês dois fazem. Mas sério, toma esse tempo longe dela para pensar, quando vocês se reencontrarem, saberão o que fazer.

— Você está provavelmente certa, vou pensar sobre. Agora vai ou vai se atrasar, Annie.

— Vou mesmo, tchau bebê.

— Tchau, Barbie. — Anahí saiu do quarto me deixando sozinho novamente, ela sempre parecia saber o que dizer, eu apenas precisava interpretar melhor seus conselhos.

Resolvi ficar deitado em minha cama vendo um filme, já que havia combinado de sair com minha mãe mais tarde, e não teria tempo de fazer mais nada, além de tentar colocar a cabeça no lugar.

Dulce Maria

Ter deixado Paris me deu um súbito aperto no coração. Eu estava apavorada com essa nova fase da minha carreira, sim, mas também não podia me enganar e dizer que me separar de Christopher tenha sido algo fácil.

Embarquei no avião e me sentei, nervosa como sempre. Por um momento, me lembrei da minha vinda à Paris, Christopher segurando minha mão para conter minha ansiedade e me acalmar.

O voo tinha aproximadamente uma hora e meia de duração, era rápido mas mesmo assim me vi sufocada pelos meus pensamentos, na maioria deles, voltados à Christopher.

A conexão que tínhamos era algo surreal, e eu sabia bem disso, afinal, nunca tinha sentido nada parecido com outra pessoa, mas eu estava certa do que estava fazendo? Será que valeria a pena me arriscar por algo incerto, que nem ao menos tem futuro?

De uma maneira surpreendente, eu no auge dos meus 25 anos, estava pensando realmente em sossegar com alguém, e por mais que quisesse que essa pessoa fosse Christopher, sabia que isso não teria chances de acontecer, ele já havia deixado isso muito claro e, apesar de eu concordar com seus pensamentos naquele momento, algo em mim mudou.

Respirei fundo com as mãos trêmulas pela ansiedade que me consumia e resolvi fazer o que qualquer pessoa madura faria, não seria fácil mas era necessário. Peguei meu celular e comecei a digitar.

“Chris,

Talvez se eu estivesse online no momento de enviar essa mensagem, eu perdesse minha coragem, então saiba que eu estou escrevendo ela enquanto estou no céu, com o nervosismo me consumindo pelo medo do avião, mas sempre me lembrando de você.

Tudo o que vivemos essa semana foi incrível, eu jamais poderia imaginar que você seria um homem perfeito como é, e justamente isso fez eu me apegar a você. Sua luz é incrível, você é o melhor ser humano que eu já conheci em toda minha vida, e por isso, não podemos mais ficar juntos.

Me arde o coração em dizer isso, mas eu preciso te deixar ir, não podemos continuar apegados um ao outro dessa maneira mais se não estamos preparados para um relacionamento sério, e acredite, isso me dói mais do que você pode imaginar.

Um dia você vai encontrar a mulher perfeita para você, uma que te fará desejar um compromisso e que irá virar seu mundo de cabeça para baixo, e eu te desejo isso e toda a sorte do mundo.

Espero que não me odeie depois de ler essa mensagem, meu coração está doendo e a ideia de sermos desconhecidos me aterroriza.

Lembre-se que eu sempre estarei com você, e que amigos não se olham como nós nos olhamos.

Beijos, Dul.”

Terminei de escrever em meio às lágrimas quando o comandante anunciou que já havíamos pousado. Tirei meu celular do “modo avião” e pude ver a mensagem ser enviada. Levantei do meu assento, peguei minha bolsa e desembarquei. Assim que saí do portão, pude ver quem já me esperava de longe. Passei a mão no rosto e continuei caminhando em sua direção.

— Oi, Dulce.

— Olá, David.