Capítulo 35

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Dulce Maria

Algumas horas antes

Encontrar com David não estava nos meus planos desde que terminamos, mas ele era dono da confecção, e sinceramente, ela era uma das melhores da Europa, não poderia negar pelo menos uma reunião com ele.

Saímos do aeroporto e fomos direto à um restaurante, queria resolver meu assunto com ele de uma forma rápida, e estava entrando numa luta interna com a minha mente sobre meu passado junto a ele.

— Dul, você parece distraída, está tudo bem? — Ele disse algum tempo depois, eu realmente estava avoada, Christopher também não saía da minha cabeça, e o fato de ele não responder minha mensagem me atormentava mais do que o normal.

— Sim, só estou preocupada com algumas coisas, nada importante.

— Sabe, eu tenho pensado, por que não saímos de novo?

— David, eu não sou mais aquela menina que você conheceu no ensino médio.

— Eu sei, é muito melhor. Qual é, Dul, dê mais uma chance a nós, pela nossa história e pelo...

— Não. — o interrompi antes de terminar a frase. — Não use ele em vão, nunca na sua vida, David.

— Me perdoe, mas sabe que não foi algo fácil pra mim.

— E você acha que pra mim foi? Pelo amor de Deus, era MEU filho, estava dentro de mim e aquilo foi uma escolha minha, que se eu tivesse a cabeça que tenho hoje, não faria de jeito nenhum. Mas pelo jeito, você me culpa, não é mesmo?

— Claro que não, Dul, sei que foi o que pareceu mas me perdoe, eu ainda tenho sentimentos por você e não é fácil estarmos tão perto assim e não trazer isso a tona.

— Você o que?

— O que acha de um encontro? Só um, para vermos o que vai dar... — Ele estava maluco?

— David, eu preciso ir, depois nos falamos. — deixei algumas notas em cima da mesa e saí do restaurante. Peguei minhas malas em seu carro e chamei um uber para me levar ao hotel.

O caminho não foi longo e pelo horário, não havia trânsito algum no caminho. Chequei minhas mensagens e entrei mais uma vez em minha conversa com Christopher, visualizada mas não respondida. Aquilo estava me matando.

Também recebi alguns alertas de matérias envolvendo meu nome, e claro que a imprensa tinha divulgado meu encontro rápido com David, suspirei fundo e apenas fechei os olhos, esperando que Christopher não tenha visto.

Entrei em minha suíte e avistei o frigobar, cheio de bebidas alcoólicas. Aquilo custaria um pouco a mais em meu orçamento, mas eu não estava ligando.

Alguns shots depois, resolvi pegar meu celular e conferir mais uma vez minha conversa com Christopher, e absolutamente nada. Uma vontade de chorar me dominou e desta vez eu não me segurei. Abri minha agenda e liguei para a única pessoa que me atenderia nessas condições.

— Alô?

— Annie, o Christopher me odeia!! — eu disse já começando a chorar novamente, em um tom mais alto.

— Você está chorando?

— Sim, não está claro?

— Dulce, por que ele te odiaria?

— Porque eu terminei tudo com ele, aquele idiota que não se compromete. Eu não sabia que queria um compromisso com ele quando entramos nesse acordo, Anahí. Se arrependimento matasse eu estaria morta.

— Dulce, não diga isso, você sempre foi contra relacionamentos, seu pensamento e de Christopher eram iguais. Pode ter certeza que ele está sofrendo tanto quanto você.

— Como você tem tanta certeza?

— Porque eu voltei para lhe entregar a chave e ele estava praticamente chorando de saudade da modelo preferida dele. Ele gosta de você, só é muito burro pra notar.

— Ele estava chorando? — aquilo apertou meu coração de uma maneira inexplicável, e eu nem havia mandado a mensagem para ele ainda. Podia imaginar bem como ele se sentia, e agora eu me sinto mal.

— Sim, como uma garotinha. Disse que não sabia o que você tinha feito com ele. Ter recebido essa mensagem deve ter o magoado, Dul.

— Meu Deus, eu quebrei ele, Anahí. — a esse ponto, eu chorava ainda mais —Ele nunca mais vai me perdoar.

— Lógico que não, Dul. Agora eu preciso ir, desligue seu celular e não faça besteiras, me prometa isso.

— Não, Anahí, adeus. — desliguei a ligação e acabei deixando meu celular de lado, me concentrando mais nas bebidas a minha frente.

Algum tempo depois, senti um enjoo me invadir, uma tontura e a típica ânsia de toda bebedeira, corri para o banheiro e coloquei absolutamente tudo para fora. Resolvi tomar um banho para melhorar um pouco dos efeitos da bebida, entrei no chuveiro gelado e deixei a sensação da água fria invadir a minha pele quente.

Sem demorar muito, saí do banho atrás de uma roupa limpa em minha mala, onde acabei me deparando com uma camiseta de Christopher que acidentalmente havia se misturado com as minhas. Logo, me deitei e tentei dormir tranquilamente, mas mais uma vez, aquele homem estava fazendo falta em minha cama. Droga!

Talvez por conta da bebida, eu havia apenas desmaiado e dormindo tranquilamente abraçada em um dos travesseiros. Acordei na manhã seguinte com o barulho do meu celular tocando insistentemente.

— Anahí, eu acho bom isso ser urgente ou eu vou matar você. — eu disse assim que atendi.

— Bom dia, Maria, como você está? Está de ressaca? Como dormiu essa noite? — ela disse irônica.

— Não tenho ressacas mas preciso dormir, você ligou apenas para me acordar?

— Credo, que mal humor, me lembre de nunca mais te ligar cedo assim, me esqueci como você é com seu sono.

— Fale, Anahí, eu quero dormir.

— Só queria saber como estava, você chorou muito ontem... — suspirei fundo e passei a mão no rosto, de fato eu tinha praticamente surtado, mas nada como um dia após o outro.

— Eu estou bem, Annie, vou focar no trabalho e... — fui interrompida pela campainha do quarto tocando. — Tem alguém na minha porta, posso te ligar depois?

— Por favor! — e assim, ela desligou o telefone.

Levantei da cama, apenas alisando minha roupa para cobrir mais minhas pernas e fui em direção à porta, surpresa ao abri-la e ver a figura a minha frente.

— Christopher? O que... — e fui interrompida com um beijo de tirar o fôlego, sendo arrastada para dentro do quarto.

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