Capítulo 2

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Era o mesmo pesadelo que ele vinha tendo há semanas. Harry estava olhando para uma casa grande, velha e degradada que parecia estar desocupada há muito tempo. A maioria das janelas estava escura, mas no andar de cima havia uma luz estranha e bruxuleante. Não deveria ter sido fogo; ninguém deveria estar na casa. Harry tinha um molho de chaves nas mãos e dedos trêmulos; ele tentou encontrar o caminho certo para destrancar a porta.

Assim que ele entrou na casa, ele pode ouvir vozes de um dos quartos do andar de cima. Ele não queria subir aquelas escadas, não queria ver, não queria enfrentar o que estava lá em cima, mas sabia que não tinha escolha. Ele tinha que fazer isso. Era seu dever. Ao colocar o pé direito no primeiro degrau, percebeu sua mão segurando o corrimão, uma mão rachada como couro velho e pontilhada de manchas marrons. Era a mão de um velho, não de um garoto de quatorze anos.

Essa parte do sonho nunca fez muito sentido para Harry, por que ele estava sonhando que era um homem velho? Ele estava sonhando com seu próprio futuro? Assim que chegou ao corredor do andar de cima, as vozes estavam ficando mais altas e no final do patamar, ele viu a mesma luz bruxuleante de uma porta que estava entreaberta. Estava lançando sombras estranhas no piso de madeira. Seus próprios passos foram abafados pela camada de poeira no chão e as vozes continuaram, sem saber que alguém poderia estar ouvindo.

Falava-se de um menino. Dele? Eles estavam falando sobre Harry?

Harry ficou parado, apenas olhando para aquela porta entreaberta, paralisado, sem saber o que fazer. Um assobio alto a seus pés o fez olhar para baixo e seu coração saltar em sua garganta com o que viu lá. A cobra era tão larga quanto a coxa de um homem e seu comprimento ondulante parecia durar para sempre. A cobra sibilou para ele, mas não fez nenhum movimento para atacá-lo ou mordê-lo; em vez disso, deslizou pela porta. Algumas sílabas sibiladas depois e a porta foi aberta por dentro e Harry engasgou de surpresa. Rabicho! O traidor de seus pais riu dele. Harry podia ver uma poltrona de costas para a porta e havia um homem ajoelhado ao lado dela, mas ele não conseguia ver o rosto do homem.

Harry tinha uma terrível suspeita de que ele sabia quem mais estava naquela sala, quem estava sentado naquela cadeira. Harry se virou, tentou fugir, não suportava ver quem ou o que estava naquela cadeira, mas os pés de Harry se recusavam a obedecê-lo. Rabicho abriu a porta ainda mais, antes de dar a Harry um sorriso doentio, então voltou para a sala e virou a cadeira para encarar Harry.

O flash ofuscante de luz verde fez Harry gritar até acordar, os cobertores um emaranhado suado ao redor dele. Ele também respirava pesadamente, como se tivesse acabado de correr e seu coração batesse tão forte que ele se sentiu tonto. Ron ainda estava roncando, mas Cedrico estava sentado e olhando para Harry com uma expressão tão preocupada que se sentiu um pouco estranho com isso. Normalmente, não havia ninguém lá depois que ele teve um pesadelo.

Ele estava feliz que Cedrico estava lá, mas ao mesmo tempo ele estava um pouco envergonhado por o menino mais velho o ter visto tendo um pesadelo. Cedrico pensaria que ele era apenas uma criança com medo do escuro ou algo assim?

"Harry? Você está bem? Você estava gritando, eu coloquei um feitiço silenciador em você, espero que não se importe."

"Não, tudo bem," respondeu Harry. "Eu não queria incomodar ninguém. Desculpe por acordar você."

"Você não fez isso, eu não estava dormindo, simplesmente não conseguia me acalmar. Às vezes tenho pesadelos também," admitiu Cedrico em voz baixa.

"Você faz?" Harry engasgou. Ele não conseguia imaginar sobre o que o garoto popular teria pesadelos. Cedrico acenou com a cabeça, Harry quase podia ver as sombras na sala. Ele estava encharcado de suor e sua cicatriz doía, como se alguém a tivesse cutucado com uma navalha ou algo assim. Harry gemeu e esfregou a cabeça, mas isso fez pouco para trazer algum alívio. A única coisa que geralmente ajudava era uma das poções analgésicas da Madame Pomfrey, mas Harry tinha acabado na primeira metade das férias.

Everything's Not Lost [ TRADUÇÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora