Capítulo 3 - A festa

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Os dias seguintes da semana para Wendy foram bem normais. Conseguiu a tarefa milagrosa de ficar na mesma escola por cinco dias seguidos, e por causa disso, encontrou-se obrigada a ir àquela festa à fantasia.

Mas não era de todo mal. Ela podia estrear a sua nova fantasia que seus pais compraram para ela via internet. Fora instigada por eles a ir nessa festa, uma vez que fazia tempos que ela não era chamada para uma festa e não queriam estragar essa chance de sua filha finalmente socializar com outras crianças.

Não pode ser tão ruim. Pensava ela positivamente. Tinha que estar segura que nenhum mal iria acontecer com ela.

Sem mais acidentes..... Tomara.

Com a chegada do dia destinado, todas as crianças da turma dela e muitas mais outras da escola se preparavam para a ocasião. Se enfeitaram com as melhores fantasias que poderiam imaginar.

A festa ocorreu no sábado, às três horas da tarde. Nesse horário, todos encaminhavam-se direto para a casa da Luna, que não era um lugar difícil de se encontrar. A residência dela estava toda enfeitada com balões de todas as cores e serpentinas pregadas na casa e nas árvores no seu quintal; as mesas e as cadeiras forradas coloridas já estavam postas do lado de fora, no quintal da frente; havia também um enorme cartaz grudado acima da porta, com as letras brilhando escrito: Feliz 8 anos, Luna.

Wendy chegou logo após da maioria das crianças terem se aglomerado no quintal, afim de descobrir com mais facilidade onde ficava a festa. Tinha sido levada pela mãe, em seu carro.

— Chegamos — anunciou sua mãe, estacionando próxima a casa de Luna. — Comporte-se, volto para busca-la às cinco e meia.

— Ok — respondeu Wendy, tirando o cinto de segurança no banco de trás.

— Ah, e filha. Você realmente quer ir com essa fantasia?

— Porque não ir? Eu sempre quis ir numa festa fantasiada de cavaleiro.

Mal dava para ouvir o que a ruiva dizia, o elmo e o visor da fantasia abafavam o som. Ela encontrou dificuldade para sair do carro, mas conseguiu depois de um tempo e um pouco de esforço.

Sua mãe a deixou na porta da casa de Luna. A sua fantasia era tão realista que poderia até ser confundida como uma genuína. Wendy sempre admirou os cavaleiros, não aqueles que salvavam as princesas, e sim aqueles que lutavam em guerras e matavam monstros. Por tal razão, o soldado da época da idade média foi o escolhido de fantasia da vez.

Sua armadura era toda prateada, tremeluzindo quando a luz dourada do sol o tocava. Seu gorjal, preso ao pescoço, entalhava a imagem de vários tipos de animais correndo numa campina. Um enorme lobo uivante jazia feroz entalhado em seu peitoral. Tinha preso ao cinturão uma espada de plástico. Suas manoplas foram feitas na forma de presas e um escudo circular pendia em suas costas. Ainda assim, seu colar favorito não saía de seu pescoço. Já deixara de ser um mero acessório, era praticamente parte de si.

Apesar de não estar acostumada a participar de festas, estava bem empolgada para ir nesta. Iria estar num lugar onde todas as outras pessoas estariam com fantasias igualmente trabalhadas e originais, como a dela.

Tal sentimento, infelizmente, desapareceu no seguinte instante que pôs os pés no quintal. Tudo o que ela via eram fantasias aleatórias e algumas até malfeitas. Não existia sequer um personagem clássico ou uma fantasia com algum tipo mínimo capricho. Ela não via nenhuma originalidade naquilo. Conseguia até vislumbrar duas ou três crianças com a mesma fantasia. Isso quando não via um grupo de crianças vestindo exatamente igual.

— Sério isso?

Removeu o capacete, envolvendo-o num braço, e assistiu a tudo aquilo decepcionada. Wendy nunca entendera outras crianças da sua idade, não importando o quanto se esforçasse para conseguir. Ela apostava que tinha gastado mais em sua armadura do que a todos na festa com as suas fantasias juntas.

Tribos da Luz: O Retorno InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora