Capítulo 8 - O que aconteceu desde então

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Após ter deixado Daniel seguro em sua casa, Wendy decidiu caminhar pela cidade, afim de espairecer um pouco a mente.

Mas aquilo que aquele homem encapuzado a dissera mexeu realmente com a sua cabeça.

O sol já estava começando a se pôr no horizonte, colorindo o céu com um certo tom alaranjado. As luzes dos postes irrompiam para iluminar as ruas, já tenuemente obscurecidas.

Wendy, de 14 anos, não mudara muito em sua personalidade. Ainda continuava a ser a mesma garota que fora, anos atrás. Seu amor por séries, desenhos e videogames não diminuíram nem um pouco. Naturalmente, mantinha um padrão de comportamento distante das outras jovens da sua idade. Algo que ela considerava todos os dias.

"Sem mais acidentes", "estou fazendo isso para não eletrocutar ninguém até a morte". Era o que sempre dizia repetidas vezes em sua cabeça, quando se afastava de alguém. Tentava usar qualquer justificativa para diminuir a dor de sua solidão.

Andava lentamente pelas calçadas, sob a luz dos postes, com uma expressão perdida. Viu de relance uma lojinha enquanto passava por uma esquina e decidiu comprar uma bebida.

Bebeu uma lata de refrigerante com a mão direita, apoiando-se em uma parede ao lado da loja com a testa e a mão esquerda. Suspirou de maneira profunda e arrastada. O som dos carros buzinando e acelerando na estrada do outro lado da rua a ajudaram a meditar com o que acontecera há mais de 6 anos atrás.

— Aconteceram tantas coisas, que precisaria de um livro para eu me lembrar de tudo — sussurrou para si mesma, depois de beber um gole do refrigerante.

Olhava para baixo, com um olhar irrequieto. A lua já começava a erguer-se no céu, com o alaranjado cedendo espaço ao crepúsculo. Todos os postes já iluminavam as ruas da cidade, quando Wendy olhava para o seu passado.

Quando ocorreu aquele acidente aos seus 8 anos de idade, ela e seus pais se mudaram para diversas outras cidades, nunca parando num mesmo lugar, precavendo a possibilidade de alguém estar perseguindo eles. Talvez seja só uma paranoia por parte deles, uma vez que ninguém nunca mais falou daquilo, nem nos noticiários ou em outras mídias, e também nenhuma autoridade, como os policiais e o próprio governo, foi atrás deles.

Nesse meio tempo, Wendy tentou se afeiçoar com os seus próprios poderes. Passou boa parte (talvez até toda ela) da sua infância sozinha, descobrindo o que podia fazer, meditando e testando os limites de suas forças em locais desertos, afim de não machucar ninguém. Nunca mais conseguiu liberar aquela grande rajada de energia da outra vez, quando mais jovem. Só conseguia rajadas pequenas.

Com o tempo, percebeu que seus poderes não se limitavam somente naquele show de luzes. Se envolver a energia nos locais certos, poderia até ficar mais forte e mais rápida, apesar de que cansava-se a beira da exaustão, segundos após usar tais aprimoramentos. Por isso, decidiu usar a própria mente como combustível para seu poder. Criar as estratégias e técnicas mais mirabolantes que poderia imaginar, com o intuito de alcançar vantagens, onde quer que lutava.

Treinou o próprio corpo a fim de fortalecê-lo, para tentar controlar seus poderes a base da força e conseguir aguentar os seus deméritos.

Ao menos conseguiu bons resultados. Nesses anos em que se passaram, a frequência dos acidentes fora praticamente nula.

E até aprendeu a técnica de carregar seu celular sozinha. Nunca mais teve problemas do celular descarregar enquanto estava no meio da rua.

Por causa disso, os Fernandes decidiram fixar-se na cidade Titânio há quase três anos. Eles já estavam se acomodando com a vizinhança da cidade; e Wendy, já começava a se acostumar com a sua vida normal, resumindo-a a proteger as criancinhas dos bullys e treinar no tempo que não está no colégio. Mas aquelas palavras no encapuzado a trouxeram lembranças indesejadas.

Tribos da Luz: O Retorno InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora