Capítulo 4 - Começo do jogo

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A voz de Luna irrompeu no quintal, chamando a atenção de todos.

— Gente, os lanches estão prontos.

E foi bem na hora.

O tal algo dentro de Wendy cessou, sem mais nem menos, como se nunca tivesse aparecido, uma vibração sem nada para o que ter que se propagar. Seu rosto, que já tinha começado a suar, expressou uma emoção de alívio, com o seu sorriso trêmulo.

Ainda bem. Foi por pouco.

Sua fome voltou a toda. Esse último susto abriu por completo seu apetite.

— Hora do rango — correu até a mesa de grande largura, tentando esquecer o que acontecera. Deu um olhar por cima do ombro para os outros atrás. — Se não correrem, eu vou comer tudo.

Os outros foram correndo o mais rápido que podiam.

— É, ela é bem diferente quando se solta — afirmou Carla, ofegante.

Lúcio ainda estava parado, com o rosto virado e corado.

— Você vem, rei da queda de braço? — voltou ao mundo no instante que sua irmã o chamou. — O que é que você estava fazendo? Pensando nas namoradinhas?

Ele não respondeu, apenas a seguiu.

Uma vez todos postos na mesa, os lanches foram oferecidos. Wendy não acreditava no que olhava. Naquela mesa cheia jaziam todo tipo de guloseimas de vários sabores. Haviam balas, doces, biscoitos, refrigerantes, barras de cereal e o melhor de tudo, um enorme bolo de chocolate.

A família da Luna deve ser rica. Pensou Wendy com a boca encharcada de água (só que eram apenas os devaneios de sua mente infantil, que costuma exagerar em tudo).

Todos comiam e conversavam alegres, trocando brincadeiras e piadas. Até Wendy estava feliz, coisa que raramente sentia junto de outras crianças. Engoliu uma enorme barra de chocolate e, logo em seguida, pegou um volumoso pedaço de bolo e o engoliu em uma dentada. Os outros a olhavam espantados, enquanto devorava àquilo como um predador.

— Nossa, você tem um apetite interessante — falou Carla, com um certo eufemismo no tom.

— Eu preciso comer se quiser crescer forte. É o que os meus pais dizem — falou Wendy, deixando escapar umas migalhas na mesa.

Luna e Lúcio comiam logo ao lado de Wendy, cujo o irmão gêmeo de vez em quando dava olhadas tímidas ligeiras a ela.

Wendy e Carla estavam sentadas juntas, separando os doces e fatias de bolo.

Sobre o claro céu azul, ouvindo músicas infantis de aniversário e com um clima de euforia e amizade, Wendy aproveitava tudo ao máximo.

Estava tão imersa na festa que nem notara que Jenny também estava lá.

Estava deslumbrante em sua fantasia. Era um longo vestido de veludo azul marinho que a cobria dos ombros até as pernas, parecia até que uma parte do céu noturno tinha sido arrancado e posto no vestido. Sua formação e textura pela aparência tinham sido feitas sob medida. Tocar naquela roupa era como tocar numa nuvem. Wendy teve que admitir, a roupa foi literalmente feita para ela.

Ela se sentava em uma parte da mesa distante de Wendy e dos outros, para a sorte deles. Não queriam entrar em outra discussão inútil, estavam muito ocupados devorando a mesa.

— Essa aí nunca vai mudar — analisou Carla. — No máximo, vai tratar as pessoas menos mal, se tivermos sorte.

— Uma coisa que vai demorar para acontecer — confirmou Kevin. — "Se tivermos sorte".

Tribos da Luz: O Retorno InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora