Ao abrir os olhos, e ter sua consciência totalmente desperta, o Honnou se viu amarrado por cipós feitos pelo Hing de Martha.
— E é melhor nem se atrever a usar seus poderes — olhando para frente, vislumbrou a visão dos três jovens em pé, enfileirados lado a lado.
Ele nem precisou da explicação. Viu que estava todo encharcado. Se se atrevesse a usar seu Hing, receberia outra rajada de raios. Além de sentir que o cipó estava embutido com uma quantidade considerável de Hing da Natureza. Se ousasse agir, mesmo sem poderes, seria esmagado até botar para fora o café da manhã da semana passada.
Suspirou, se sentindo derrotado.
— Muito bem, vocês venceram. Eu desisto.
Ele é bem esperto. Conseguiu perceber a situação em que estava logo após acordar, e ainda com os sentidos todos desnorteados pela luta. Ainda bem que conseguimos vencê-lo rápido.
— Porque você nos atacou? — indagou Demétrius, com um ar autoritário.
Ele o olhou com confusão, as sobrancelhas juntas.
— Porque vocês me ameaçaram. Óbvio.
— Hã? Do que você tá falando? — Wendy ainda sentia as consequências da luta. — A gente disse que não queria nada e você foi 'pra cima sem dizer nada. Não, ainda mais, você tem nos atacado com os seus animais por mais de 2 anos.
O inimigo rendido olhou para Wendy como se ela tivesse falado uma loucura.
— Atacado vocês? Ficou maluca, garota? É a primeira vez que eu vejo vocês.
— Primeira?
— Espera aí — Martha a cortou. — Agora que eu parei para ver, quando a Wendy te chamou de Honnou, você pareceu estranhar. Até parece que você não é um deles.
— Óbvio! Porque eu não sou.
Agora que eles não estavam o olhando com a intenção de não morrer, puderam notar que ele não possuía a característica única que delatava todo Honnou: os olhos brilhando no tom laranja. Uma cor tão viva e destacável que, agora que o capuz não cobria seu rosto, não era parte daquela feição meio velha.
— Então, se você não é um Honnou, porque nos atacou? — quis saber Demétrius.
— Porque eu achei que vocês queriam me matar — respondeu, quase indignado.
— E porque você achou isso?
— Porque eu achei que vocês estavam procurando desertores.
— Desertores? — disseram quase ao mesmo tempo.
— Você lutou em alguma guerra? — Martha se aproximou dele, curiosa, dizendo soturnamente.
— Sim, na Grande Guerra Aardeiana que dividiu o reino, há mais de 10 anos atrás. Sou Hyud. Até apertaria a mão de vocês, se não tivesse sido completamente imobilizado.
Os 3 deixaram escapar um suspiro. Jamais imaginariam encontrar um sobrevivente da Grande Guerra, principalmente num lugar tão inóspito.
— Ao notar pelas suas expressões, vejo que vocês entendem um pouco de história — disse de um jeito mais relaxado, apesar do semblante carrancudo não o deixar. Talvez pelo fato dele ainda estar amarrado e sendo tratado como um criminoso no interrogatório. Não sei. Deixou escapar um bocejo. — E que não fazem parte daqueles que começaram essa confusão toda.
— Então, quer dizer que você é um desertor? — perguntou Demétrius.
— É, foi o que eu disse. Tá surdo por acaso, menino?
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Tribos da Luz: O Retorno Inesperado
FantasyWendy Tordenvaer, 14 anos, nunca foi a pessoa mais passível a socializar. Sejam por suas habilidades ou personalidade, era uma realidade distante. Mas algo mudou. Um chamado? Uma curiosidade? Um ataque? Ela se viu subitamente jogada numa jornada em...