Capítulo 2 - Mais um primeiro dia de aula

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Ao se aproximar do portão da escola com sua mãe, a primeira coisa que teve que fazer foi verificar nos arredores se havia algo inflamável.

Seus pais a advertiram que, ao chegar em algum lugar novo, tinha que fazer esse processo.

— Até mais, filha — sua mãe lhe deu um forte abraço e a largou só para dar-lhe um beijo na testa. Wendy nunca fora muito boa em expressar seus sentimentos, mas sabia liberar um sorriso tímido quando seus pais faziam tal tipo de coisa.

Terminado de se despedir de sua mãe, adentrou pelo portão da escola.

Foi direto para os corredores, procurando logo a sala em que ela iria ficar. No entanto, eram tantas salas que ficou difícil encontrar a sala do 3º ano. Várias pessoas andavam e corriam por todo o corredor, bloqueando a sua visão e deixando quase impossível de achar seu lugar.

— OOOOIIIII, bem-vinda à nossa escola — gritou uma garota de um jeito enérgico e extrovertido, surgindo repentinamente atrás da Wendy, que saltou de surpresa, em conjunto de um grito agudo.

— Ai! De onde foi que você saiu, garota?

— Oi, parece que você está perdida. Bom, não parece, é claro que você está perdida. Você está aí zonzando pelos corredores e é a primeira vez que eu te vejo aqui, então é óbvio que você está perdida — ela dizia tudo aquilo num ritmo ridiculamente rápido e confuso.

— Eu tô falando com a parede, não tô?

— Oi, meu nome é Carla, mas você pode me chamar de Carla — Wendy franziu a sobrancelha, sem entender nada do que ela falava. — Qual é o seu nome? Qual é a sua sala? Quantos anos você tem? Quer ser minha amiga? Posso dormir na sua casa?

Uma metralhadora de perguntas a atacava mais rápido do que um trem bala, mais do que Wendy gostaria de processar, mais do que gostaria de receber, quase explodindo seu cérebro.

— Ok, ok, calma, tá bem? Cuidado para não massacrar a sua língua — disse Wendy, tentando desacelerar a velocidade da conversa. — Primeiro, que tal eu falar meu nome? Eu sou Wendy, tô procurando a sala 3-B e....

— SALA 3-B? — gritou Carla, radiante. — Ai, não acredito. Que coincidência, é a minha sala também!

Para desgosto de Wendy, Carla a abraçou de uma forma que ela nem conseguia respirar. A ruiva tentou afastá-la um pouco com um leve empurrão com as duas mãos, mas a outra garota que a esmagava com abraços mostrava-se persistente. Tinha longos cabelos castanhos escuros e lisos. Soltou Wendy, pegou no seu braço e disse:

— Vem comigo, eu te levo até a nossa sala, amiga.

Wendy, quase desejando se matar, torcia esperançosa para que ocorresse algum tipo de "acidente" lá, naquele mesmo instante.

Carla a arrastou ao longo do corredor, até chegarem à sala delas. Era uma área retangular, com várias carteiras enfileiradas, janelas abertas em um lado das paredes e algumas pinturas feitas pelos alunos de outro.

Wendy, assim que entrou, andou logo até à extremidade mais distante que viu, passando pelos alunos sem fazer qualquer tipo de contato visual e sentou-se em uma carteira no fim da fileira do canto, próxima a uma janela. Ela gostava de se sentar em locais assim, isso a fazia se sentir como uma protagonista de anime.

Aquela sensação era boa: Sentir que era como os seus heróis favoritos, sentir que alguém a entendia, que não era a única com aquelas "coisas" dentro de si. Sua aparência, seu comportamento, tudo para criar uma imagem para si mesma de que apenas era como eles. Uma imagem que, ainda assim, não a convencia.

Perdida em seus pensamentos, nem notou que Carla sentara-se ao seu lado.

— Só pra gente ficar junta — falou com uma expressão de felicidade, para o azar de Wendy.

Tribos da Luz: O Retorno InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora