Os três olharam tensos para o possível inimigo.
Mesmo possuindo seus poderes há anos, treinarem e lutarem contra animais gigantes por muito tempo, jamais chegaram ao ponto de encarar um outro ser senciente, ainda mais possuidor do Hing.
Se forçaram para manterem posições de guarda inabalável, com a intenção de dar uma impressão de guerreiros que não temiam nada. Porém as leves tremedeiras e as expressões exageradamente forçadas acabaram delatando sua falta de experiência contra um inimigo daquele tipo.
— O que foi? — a voz do homem vestindo a longa capa que cobria todo seu corpo saiu dura e grossa como uma lâmina. — De repente desaprenderam a falar? Estou falando com vocês.
Demétrius precisou reagir rápido. Notou, daquela distância, o endurecimento na feição do homem ao notar os dedos de Wendy envolverem-se no cabo de sua espada, e decidiu levar as mãos para frente do corpo, com a intenção de tirar sua atenção dela.
— Não queremos problemas — anunciou finalmente o líder do Esquadrão. — Só estamos de passagem. Só isso.
— Não é o que me parecia — retrucou soturnamente. — Ao meu ver, vocês estavam é procurando alguma coisa.
Então ele já estava nos observando todo esse tempo? Se alertou Martha. Se eu só consegui notar ele agora, ele deve ter desativado seu Hing de propósito, só para sabermos a sua posição.
— Nós gostamos de explorar, só isso — respondeu Martha, também tentando manter a calma e levar a conversa para um local que o possível inimigo não os atacasse. — E, como sabemos que Aardeius não é um lugar 100% seguro, normal a gente se preparar pra qualquer coisa, não é?
Porém, o sujeito se manteve inflexível naquela posição. Levou seu braço que antes estava apoiado em uma viga partida e desgastada ao corpo, sumindo dentro daquele amontado de tecido.
A primeira reação que os jovens tiveram foi o pensamento de que ele iria pegar uma arma. Mas, por alguma possível sorte, ele não fez mais nada, como se só estivesse com frio e quisesse esquentar todo o corpo.
Realmente, aquela capa poderia ser uma boa no inverno. Mesmo com aquele pensamento, Wendy conseguiu maquinar uma estratégia.
Quando a ruiva tirou a mão de sua arma, o homem pareceu ceder na sua posição.
— Esse lugar não é para vocês. Saiam daqui imediatamente. Senão.... — deu uma pausa proposital, afim de dar um aviso bem explicado daqueles que o desafiassem.
— A gente não tá afim de briga, tá bom?
Mesmo com o seu jeito rústico, Wendy conseguiu passar a mensagem.
No entanto, o que recebeu de resposta foi um duro e ameaçador:
— Não vou deixar que ninguém me atrapalhe!
Aquelas palavras sim foram auto explicativas, com o gesto na mão corroborando para o que seria o início de um confronto sangrento.
O Honnou esticou a mão para eles, que já puxaram suas armas, posições de batalha prontas. Eles viram uma aura azul escura envolver os dois dedos (indicador e do meio) esticados do homem para eles.
Algumas gotas de água começaram a subir de uma pequena poça próxima dos pés dele e alcançarem a altura de seus ombros. Parecia até que presenciavam uma gravação de gotas de chuva caindo na poça, só que com o efeito de rebobinar.
— No final, olha quem que queria confusão? — falou Wendy num tom de desafio.
Elas penderam inertes, ao redor do oponente, fitando friamente os três jovens. Cada gota, puderam perceber ao apurar a visão e concentrar um pouco de sua energia Hing em seus olhos, detinha uma pequena quantidade de aura Hing dançando ao seu redor, dando a leve impressão de estarem distorcendo o espaço alcançado pela energia.
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Tribos da Luz: O Retorno Inesperado
FantasyWendy Tordenvaer, 14 anos, nunca foi a pessoa mais passível a socializar. Sejam por suas habilidades ou personalidade, era uma realidade distante. Mas algo mudou. Um chamado? Uma curiosidade? Um ataque? Ela se viu subitamente jogada numa jornada em...