Capítulo 36 - Decisão pelo bem maior

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Zipp já se aproximava do campo, quando cruzou um corredor e se deparou com um amontoado de plantas e cipós entrelaçados, formando uma grossa camada de um muro verde que obstruía seu caminho.

Martha, de costas para aquela muralha, de braços cruzados, olhava com avidez e determinação para a bola de pelos.

— Me desculpe, Zipp, mas esse é o fim da linha.

O grande Philopholyum, por outro lado, ignorou sua ameaça e seguiu com seus saltos incessantes.

A loirinha, cemicerrando sua visão para ele, a feição dura, repousou a palma da sua mão direita na grande muralha verde atrás de si. Ganhou instantâneamente um tom mais vivo e uma superfície mais grossa ao toque.

Zipp, faltando alguns metros entre ele e o muro vivo, deu uma leve parada e flexionou as pernas. Ao esticá-las, se lançou como uma bala na grossa parede, seguido por um estrondo que ecoou por todo o corredor com o choque.

De início, parecia que Martha havia conseguido parar a investida de Zipp, mas quando ele cravou sua cabeça em meio ao amontoado de plantas, pôs os pés no chão e começou a bater os pés freneticamente, como se estivesse correndo sem sair do lugar, que a verdadeira ameaça se revelou.

À primeira vista, parecia que ele queria se soltar, mas, na verdade ele estava...

Tomando impulso para ultrapassar da barreira! Martha engoliu seco e logo pressionou a mão com mais força na parede.

Mesmo ficando mais resistente e sólida, a área cuja a cabeça fora fincada começava a recuar lentamente.

Martha começava a demonstrar alguns traços de fadiga.

Mas que droga. Usei muito Hing na vez do jardim. Não tenho quase nada para fortalecer a muralha. Mesmo usando toda sua energia restante, o rosto de Zipp afundava mais e mais em sua parede.

Conseguia ouvir o som dos cipós se rompendo e das plantas partindo-se em dois. Sabia que que a sua força já havia sido superada pela bola de pelos e que o seu muro não iria aguentar muito tempo. Então, como uma última medida defensiva, enquanto via o rosto de Zipp praticamente submerso no verde, ela retirou a mão do muro, fazendo com que a planta perdesse a sua cor viva substancialmente e começasse a fraquejar.

Num instante, Zipp estava forçando a sua passada para o outro lado do corredor; no outro, avançava descontroladamente aos tropeços. Ele acabou vacilando, caindo de rosto no chão.

— Pelo menos, eu consegui pará-lo por um tempo — comentou Martha, ofegante.

Demétrius e Ben surgiam por entre os corredores quando Martha acabava de se recuperar de sua última técnica e envolvia Zipp com um cipó.

— Vejo que conseguiu resolver tudo sozinha — comentou Demétrius, observando Zipp amarrado.

Martha virou-se para eles com uma expressão cansada e sorriu em resposta.

— Se bem que foi por sua causa que ele escapou — complementou Ben. —  Então, não fez mais que a sua obrigação.

Martha não tinha o direito de retrucar. Afinal de contas, era tudo verdade, mesmo que cada palavra proferida pelo garoto a irritava.

Pousou meio desajeitada no chão, quando notou Zipp se contorcendo descontroladamente para se soltar. Os dois rapazes ficaram em posição de guarda.

— Está tudo bem — falou Martha calmamente. — Esses cipós foram reforçados com o meu próprio Hing, não tem como ele se soltar. O único jeito de se livrar de alguém com um controle de Hing tão grande é se por acaso se ele tiver um crescimento espontâneo de, no mínimo, três metros de largura.

Tribos da Luz: O Retorno InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora