Capítulo 20 - Grobiest

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Ao chegar no local, a vila que precisava ser salvar, Wendy percorreu todo o seu olhar lentamente pelo lugar. Era uma vila próxima das montanhas, então não havia muitas árvores, mas não era aquilo que chamou a atenção da ruiva. Eram duas coisas.

A primeira era a aparência da vila. Como qualquer outra, era cheia de casas, diferindo-se apenas de sua arquitetura: a maioria era toda feita de pedras, outras de madeiras. Parecia que eram construções de uma peça de escola, algumas malfeitas e outras estavam perto de ceder e ficar em pedaços. Alguns dos tetos eram feitos de palha. Assemelhavam-se até a moradias de uma era medieval.

E a segunda era a maior. Literalmente a maior coisa do local, que faria até o Smilodupus do início da semana parecer um filhotinho. Uma enorme criatura jazia entre os corpos estatelados e ensanguentados no chão de pessoas, que seguravam algumas armas, como guerreiros derrotados. A criatura tinha uns dez metros de altura e um longo par de asas alaranjadas cobertas de espinhos que abanavam lentamente, causando uma leve brisa nas casas. Seu pelo tinha uma coloração amarela-acinzentada, com uns respingos de sangue na área da barriga. Era despida de braços, mas suas pernas, especialmente suas garras, conseguiam cortar até aço, considerando as espadas e até casas partidas ao meio. O pior de tudo, suas três cabeças, semelhantes a três grandes crocodilos ferozes e famintos por carne e sangue, agregados em três longos pescoços.

Atrás dela, a chamas das casas pegando fogo davam-na uma silhueta assustadora e sombria. Verdadeiramente uma fera de Aardeius.

O que é isso? Wendy precisou se segurar para não tremer novamente.

Haviam alguns outros moradores que tentavam revidar, mas a criatura se mostrou superior a eles.

Eles avançaram nela com suas espadas, forcados e outras ferramentas que podiam manejar como arma, mas a fera balançou ferozmente as suas asas, levantando voo. O vento causado conseguiu derrubar alguns que estavam mais próximos dela. A criatura desceu com uma violenta pisada, acertando com as suas garras os que estavam ainda caídos.

Wendy não podia esperar pela chegada dos outros, avançando impetuosamente na fera.

— Ei, você — berrou Wendy, fazendo com que a criatura interrompesse o seu golpe de garra em um homem ferido e caído no chão e virasse as suas três cabeças à dona da voz.

Wendy, vendo que agora era o centro das atenções daqueles três pares de olhos medonhos, ergueu suas mãos a altura da cintura. Se concentrou, fechando os olhos e cerrando os punhos, enquanto uma eletricidade se materializava lentamente em ambas as suas mãos.

Sempre fora muito boa para "sentir" a eletricidade. Mas após todo o treinamento que tivera antes dessa missão, sua percepção estendera-se até o ponto de não só apenas sentir. Quando se concentrava quando pequena, conseguia pegar um pouco da eletricidade que sentia. Mas agora, já crescida, era capaz de pegar o poder em uma quantidade maior. A eletricidade em suas mãos surgia gradualmente em pequenas danças frenéticas douradas.

Lembre-se do treinamento. Hing. Não é apenas um poder, é uma energia e parte de si mesma. Não é uma maldição, é algo que eu devo usar para proteger os outros.

A fera observava a tudo aquilo em silêncio, sem mover um músculo, como se esperasse Wendy terminar a técnica e receber o golpe, só para mostrar sua superioridade em força.

Depois da eletricidade ter ficado em uma quantidade considerável, ela abriu os olhos e, fitando a fera, disse, tentando mascarar o seu medo:

— Vamos ver se você aguenta isso — esticou as suas mãos, mirando a fera, liberando a eletricidade em sua direção, que assemelhavam-se mais a chicotes em ziguezagues dourados. Wendy seguia com os braços esticados, mantendo o ritmo da eletricidade, que agitava-se como se fosse um rato capturado.

Tribos da Luz: O Retorno InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora