Capítulo 14 - Um convite que nunca esperei

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Terminando o intervalo e com os alunos voltando para as suas respectivas salas, tudo o que ficava na cabeça de Wendy era "aquilo".

Sem piadas de duplo sentido!

Será que isso tinha alguma relação com a figura encapuzada? Se sim, então aquelas duas garotas também estavam relacionadas? Elas poderiam até parecerem meio estranhas para Wendy, mas até a tal ponto de serem tratadas como se fossem suspeitas? Só podia agora esperar até o final da aula para ver se conseguia algumas gotas de respostas, em meio a um mar de perguntas.

Faltando meia hora para o fim da aula de química e para o fim da aula do dia, ela teve novamente a sensação de estar sendo observada. Estava mais intensa do que anteriormente. Parecia até que era um instinto, gritando bem alto em seu interior com um megafone.

Assim que o sinal avisando o fim da aula tocou, chacoalhando a cabeça de todos na sala, os alunos começaram a guardar os seus materiais. Wendy fez o mesmo, só que mais ágil, jogando sua mochila por trás das costas, saindo rapidamente da sala de aula e procurando pela sala do 9º ano.

Ela percorreu por um tempo o movimentado corredor, a procura daquelas duas garotas. Depois de passar por um aglomerado de pessoas que iam na direção oposta dela, chegou a uma sala que ficava bem mais ao centro do colégio.

Notou que a placa que estava em cima da porta da sala estava escrito Sala 9-A.

Deve ser essa sala, pensou Wendy, já que não encontrara nenhuma outra sala ao redor. Ao abrir a porta, somente uma sala escura se apresentava a ela, repleta de poeira e teias de aranha, com algumas vassouras e aparelhos quebrados espalhados nos cantos e no meio da penumbra do chão.

Ao ver o lugar, a primeira coisa que ela pensou foi que elas haviam pregado uma peça com a novata. Uma brincadeira de mal gosto com a aluna nova. No início, ela acreditara nessa história. Talvez seja porque pensara que poderia ter achado finalmente alguém igual a ela, ou até ter encontrado algumas respostas. Mas sempre tudo acabava em decepção.

Deixou a sala, despontada.

— Como eu pude acreditar numa brincadeira como essa? — falou zangada consigo mesma. — Você já foi melhor que isso, Tordenvaer.

Enquanto saia do corredor a passos largos, uma voz rouca irrompeu, surgindo de trás dela. Uma voz que ela não reconheceu na hora.

— Wendy, espera — quando a ruiva olhou por cima dos ombros, viu que era San que tentava gritar. Mas sua voz era tão intensa quanto um grito de um inseto fraco. Ela se aproximava de Wendy às pressas. — Espera um pouco.

Wendy parou e se virou por completo, com uma expressão desconfiada. Não era para ela querer fazer uma pegadinha comigo? Então não era para ela estar rindo da minha cara ou, ao menos, me deixar irritada até amanhã?

— O que é que você está fazendo?

— Eu estava te esperando na sala do 9º ano, mas você não veio.

— Mas eu fui na sala - apontou para a sala escura, já um pouco longe. — Não tinha ninguém lá.

— Aquela? — falou San, olhando para a sala de relance. — Aquela é a sala de reciclagem, a sala 9-A, onde são colocados os aparelhos e outros objetos para reutilização. A minha sala e a da Martha é a sala 9-B.

— Ai! — deixou escapar Wendy, puxando a língua logo em seguida.

— Anda, vamos logo — falou depois de puxar um pouco de ar. — Acho que todos já estão lá.

— Lá? - perguntou Wendy. — Todos? Vamos?

— Foi mal, mas eu não posso falar mais nada — se desculpou San. Parece mesmo que, apesar de aparentar ser uma garota de poucas palavras, ela literalmente deu a língua nos dentes.

Tribos da Luz: O Retorno InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora