Capítulo 41 - Uma decisão para uma pausa

6 3 0
                                    

— É, pelo visto — comentou brevemente Ben, após os três terem dado o relatório —, as coisas não foram muito bem.

Na sala principal do Poço Prateado, os cinco jovens e os dois Conselheiros meditavam no seu próximo passo.

Martha, os braços envoltos em Zipp, ao menos era a única que poderia falar que tinha motivos para se sentir vitoriosa. Ficar com o bichinho que encontrou na rua era sempre um motivo de felicidade para ela.

— Depois dessa, vocês não tem mais nenhuma escolha? — indagou Percivarus, após tomar uma xícara de café.

— Infelizmente, não — respondeu Demétrius anuindo com a cabeça. — A ilha flutuante era a nossa única rota.

Percivarus pareceu espantado.

— É sério? A única? Única mesmo?

— Única.

— Vocês não conseguiram nada nisso tudo?

— Sim, não encontramos nada — respondeu impaciente Wendy.

— De qualquer forma, não vamos perder a esperança só porque não encontramos nada — comentou Hans de maneira solene, enquanto comia pudim. — O que devemos fazer é esperar até a oportunidade aparecer, ou procurar nós mesmos. Aardeius é um local muito grande. Há dezenas, não, centenas de locais para explorar. Cedo ou tarde acharemos algo. Também tem o fato que não podemos deixar de notar: que os Honnous finalmente cometeram um deslize. Ao tentar nos destruir com um animal que vive numa região bem específica, conseguimos uma pequena pista deles. Isso só é uma prova de que estamos os afetando ao ponto deles começarem a agir de um modo que cometem essas falhas e possamos, por meio dessas lacunas encontrar pistas e nos aproximarmos deles.

Aquelas palavras faziam sentido. Os cinco jovens se sentiram mais revigorados com isso. O diretor realmente sabia como acalmar uma situação tensa somente ao abrir a boca. Ele só teria um ar mais solene se não estivesse com a boca toda suja de pudim.

Wendy com Nuggets. O diretor com pudim. Qual o problema do pessoal daqui com comida.

— É bom sermos positivos — falou Percivarus —, mas precisamos ser realistas também. Não podemos esperar que o inimigo cometa um deslize. Agora que ele viu que quase o pegamos por causa de um errinho, agora que eles vão tomar mais cuidado.

Não podiam negar aquela possibilidade.

— O que quer dizer que os ataques podem ficar cada vez mais agressivos — complementou.

— E o que você sugere? — falou Ben, as costas repousadas num canto da parede e os braços cruzados.

— Que não ajam que tudo isso é um jogo. Se irmos de cabeça em qualquer situação, podemos acabar num ninho de Grobiest.

Wendy não tinha boas lembranças desse tipo de criatura.

— A gente venceu em tudo que enfrentamos. Isso que importa.

— É — anuiu Martha, apertando levemente seu animal peludo. — Eles podem se sentir ameaçados e, com isso, podemos ter uma chance.

Vendo que todos concordavam com aquela linha de pensamento, Percivarus não disse mais nada, assentindo com a cabeça.

— Bom trabalho, vocês três — Hans pôs o pratinho vazio que antes tinha um grande pedaço de pudim na mesa do computador. — Conseguiram voltar em segurança, além de terem conseguido sobreviver numa luta de Hing contra um soldado veterano, algo que me faz sentir um grande orgulho de vocês, ao ver o quanto cresceram.

— Não tem problema deixar ele lá? — indagou Demétrius.

— Acredito que não. Conforme vocês me contaram dele, ele é só um nômade querendo viver longe desse conflito. E não é pecado querer viver uma vida de paz, após uma vida de guerras. Por hora, vamos deixar o pobre homem em paz. Vai saber o que ele perdeu ou pelo que passou para decidir uma escolha tão radical como viver isolado do mundo.

Agora que o assunto dos Honnous tinha passado, os três jovens finalmente puderam chegar a cogitar tal coisa. Vai saber mesmo o que ele teve que ver para sair do mundo.

Como sempre, a mente de Conselheiro do diretor está sempre pensando uns 10 passos a nossa frente, sempre notando detalhes que não notamos. Pensou Wendy, admirada.

— Bom, por hora, melhor vocês irem descansar — falou Hans. — A última batalha foi mais dura do que eu poderia prever. Só por terem sobrevivido já é grande coisa.

— Verdade — se manifestou San pela primeira vez na conversa. — Vamos. A época de provas tá chegando também.

— Ai, provas — se lamentou, Ben. — Prefiro encarar uns 10 Honnous do que fazer uma prova.

— Eu não sei vocês — comentou Wendy —, mas eu vou é comer agora. Passar por tudo isso me deu uma baita 'duma fome.

— E quando é que você não tem fome? — indagou Martha, com um sorriso de canto.

— Quando eu tô comendo, uai.

Martha decidiu deixar aquilo de lado e só seguir abraçando seu bichinho.

Pelo menos eu ainda continuo com ele.

Tribos da Luz: O Retorno InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora