Capítulo 19 - Um mundo novo à minha frente

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Chegado o sábado, Wendy recebeu uma chamada de celular de Martha.

Mas, ao julgar pelo som coberto de chiados e pela qualidade de áudio quase que nula, a loirinha usava um celular bastante antigo.

— Alô? Wendy? Está aí? — parecia que quem estava do outro lado da linha acampava num ninho de abelhas. Foi um milagre a ruiva ter entendido, ao menos, a maioria daquelas palavras. — Wendy, se tiver algum temo? Poderia dar uma passada aqui no Poço Prateado? É meio que urgente... Isso ainda está ligado?

Wendy decidiu desligar no lugar dela antes que o zumbido se alastrasse pela sua cabeça. Parecia que agora ela também havia visitado esse acampamento de abelhas. Infelizmente, seus ouvidos acabaram caindo também numa pousada de vespas.

Como não estava fazendo nada de importante, decidiu ir até o colégio.

A parte mais difícil foi convencer os seus pais a deixarem ir até lá, mas foi só dizer a eles que havia combinado com alguns "amigos" de se encontrarem lá, que eles já abriram a porta de casa antes mesmo dela ter notado seus movimentos. Quem diria que a palavra amigos iria funcionar tão bem nos seus pais?

..............

Não levou muito tempo para chegar ao colégio. Ao se aproximar da porta da frente, notou que havia nela um pedaço de papel grudado com fita adesiva. Nele, dizia que era para ela entrar pela porta dos fundos. Com isso, deu a volta pelo prédio e encontrou a porta destrancada.

Ao entrar, notou que estava no mesmo corredor que se situava o elevador que levava ao Poço. Conseguia diferenciar com os outros corredores, uma vez que os outros não tinham um serviço de luz mal feito e não eram cobertos por camadas de poeira e teias de aranha velhas.

Uma coisa que não entendera na ligação que foi instruída a não levar uma roupa muito detalhada e atual. Obedecendo a isso, ela vestiu uma blusa de algodão verde escuro, coberto por um casaco cor bege escuro e uma calça jeans larga. Eram uma das suas roupas mais simples, dizendo-se de passagem.

Atravessou pelo corredor com as mãos afundadas nos bolsos do casaco, entrou no elevador e digitou os números memorizados e necessários para ativá-lo. Aquilo ainda fazia ela sentir-se um pouco tonta, mas já conseguia se acostumar ao ponto de se manter firme.

Ao abrir a porta do elevador, instantes depois, Wendy se viu numa sala oval imersa na escuridão.

A única luz que oferecia alguma iluminação àquele breu era a do elevador, que deixou de cumprir essa função ao fechar da porta, e a de alguns computadores ligados com uma baixíssima iluminação, que ela pode notar que algumas demonstravam imagens de séries antigas (uma mostrava a imagem de um garoto de roupas vermelhas explorando o espaço).

Alguém não pagou a conta de luz.

Wendy foi direto até os computadores principais, para ver se havia algo errado.

Enquanto mexia neles, com o intuito de encontrar algum interruptor ou iluminação maior, teve a ligeira sensação de ouvir um tênue sibilo no ar atrás de si, semelhante daqueles quando alguém se move de uma forma apressada.

Sentindo os pelos da nuca se eriçarem, girou rapidamente sobre os calcanhares, lançando um olhar atento e alerta para o nada e a um vulto preto que já brotava na sua frente.

— Olá — era a voz de Sanjuuitchy, que assustava Wendy mais uma vez.

— Você só vai parar de fazer isso quando me matar do coração, não é? — falou ofegante, após uma guinchada aguda.

— Me desculpe por isso.

— Pelo susto?

— Isso também. Mas também por ter mantido as luzes apagadas. É que isso fazia parte da iniciação.

Tribos da Luz: O Retorno InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora