Chegando ao local destinado, notou que era quase tão extenso quanto um campo de futebol, com uma arquibancada de 5 degraus em uma extremidade. Um grande palanque, com vários alunos em frente, erguia-se ao centro.
Como uma aluna nova, Wendy decidiu juntar-se aos outros.
Assim que ficou junto do aglomerado de alunos, um deles a viu de relance e chamou a sua atenção.
— Ei, garota. Você é a Wendy, não é?
— Hã? É. Sim, sou eu.
— Que legal! — disse o aluno novo, radiante. — Então é verdade? É verdade que foi você que passou pela prova de velocidade impossível?
Assim que falou isso, alguns dos outros alunos tiveram seus olhares atraídos, com os comentários já começando a chover sobre ela.
— Essa é a Wendy?
— É sim. Uma garota ruiva e reta que venceu na corrida de 5km.
— Nossa, é você mesmo. Eu achei que você teria mais que 14 anos.
— O quão rápida você é?
— O que você come para ser tão rápida?
Uma saraivada de comentários ia para cima dela. Jamais pensara que a sua vitória a deixaria tão famosa entre os alunos. Tal fato a deixou num estado meio constrangido e desconfortável.
— É-é.... Bem — foi respondendo e assentindo o que pode, o rosto meio corado.
— Você tem namorado? — perguntou um garoto de cabelos cacheados.
— Não.
— E gostaria de ter? — perguntou com um sorriso convencido.
— Não.
— É isso aí, garota — respondeu uma menina ao lado dele. — Uma garota independente, que não precisa de um cara.
— Não. Na verdade, eu só não me importo.
— Oh — ela se surpreendeu um pouco com a resposta, achando que receberia algum cumprimento, esperando que Wendy tivesse o mesmo ponto de vista dela.
Qual o problema das pessoas? Só porque eu não gosto de A, automaticamente devo gostar de B? Sempre tem que ser só dois polos?
Balançou a cabeça em reprovação.
Desde quando os seres humanos são tão simplistas ao ponto de só poderem se definir em apenas duas coisas?
Não teve a chance de ficar pensando naquilo por mais tempo. Sua atenção e a de todos os outros alunos foi atraída por um homem de aparência idosa, de mais ou menos uns sessenta anos, de cabelo grisalho e trajando um terno bem feito, que subia ao palanque. Ao que parecia, era o diretor do colégio. Todos os alunos voltaram as suas posições de antes, eretos. Ele pegou o microfone e suas palavras ecoaram por todo o ginásio:
— Antes de mais nada, eu quero dar as boas-vindas a todos os alunos novos, de todos os anos. Meu nome é Hans Blummen. E sim, é um nome estrangeiro, para aqueles que estão pensando em perguntar — os alunos que estavam lá caíram nos risos. Ele continuou de um jeito descontraído. — Agora, continuando com o assunto principal. Esse colégio não é só um preparatório para o mundo, mas sim um para vocês mesmos. Aqui é o lugar onde descobrirão quem são e o que querem ser; quais as suas qualidades e habilidades, assim as pondo em pratica. Será o pré-emprego de vocês, em poucas palavras. Por isso, estudem bastante, se esforcem muito e dediquem-se para serem os melhores "vocês" que puderem ser.
Após aquelas palavras de inspiração de diretor, irromperam aplausos por todo o ginásio. Até Wendy aplaudiu.
Meio clichê, mas ok.
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Tribos da Luz: O Retorno Inesperado
FantasyWendy Tordenvaer, 14 anos, nunca foi a pessoa mais passível a socializar. Sejam por suas habilidades ou personalidade, era uma realidade distante. Mas algo mudou. Um chamado? Uma curiosidade? Um ataque? Ela se viu subitamente jogada numa jornada em...