Capítulo 22 - Infiltração

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A medida que a imagem da vila desapareceria por trás deles e a da montanha que levantava através da terra cinza, Wendy e os outros apressavam o passo.

San olhava de relance para Wendy, que estava uns passos a frente dela e de Demétrius. Ainda não deixava de pensar que se sentia culpada por ter escondido sobre Aardeius e outras coisas, mesmo com a ruiva não demostrando traços de rispidez. Mas conseguia sentir o que ela sentia. Era uma coisa que San realmente não gostava de fazer, mas não tinha controle daquilo para poder desativá-lo.

Pensou que poderia ter a chance conversar com ela sobre isso, mas tinha muito medo de atiçar a raiva da ruiva, e já haviam alcançado o pé da montanha.

Ao aproximarem-se dela, notaram que era de longe uma das maiores montanhas que eles já haviam visto. Erguia-se até acima das nuvens acinzentadas, assemelhando-se mais a uma técnica de camuflagem perfeita, como um longo e quase íngreme pilar feito de pedra. Seu pico era tão alto que suas visões mal o alcançavam.

Conseguiam ver um enorme amontoado de palha e pele de animais mortos próximo ao topo, espalhados e despejados em sua encosta que ao que parecia ser o ninho da Grobiest.

Pela hora, ela devia estar dormindo, o momento perfeito para um ataque surpresa. Os três se reuniram em um círculo, preparando o plano de resgate da menina e da derrota da criatura.

— Ok, esse é o plano — começou a falar Demétrius. — Wendy vai correr rapidamente até o topo daquela montanha, em silêncio, para ter um reconhecimento da área e uma localização melhor da habitação da Grobiest e então, voltar para cá. Enquanto que San vai se posicionar naquelas montanhas — apontou para um conjunto de montanhas planas, que poderiam até ficar sentados lá —, afim de ter uma visão melhor do local e avisar quando algum imprevisto ocorrer. E eu vou preparar o esc....

— Já foi.

— O quê? — perguntou Demétrius.

— A Wendy — falou San. — Ela correu até o topo da montanha já faz um tempinho.

Wendy, usando o seu Hing, ia correndo em uma grande velocidade.

— Aquela... — sibilou Demétrius, consternado.

Em poucos segundos, Wendy se encontrava no ninho da Grobiest. O lugar era todo coberto de palha e tecido de outras criaturas que a fera matara. Vislumbrou pelo canto dos olhos os restos mortais das antigas presas dela. Precisou segurar a respiração para não vomitar.

Notou a Grobiest, que dormia em uma extremidade distante do ninho, e Katherine, que estava envolta dos seus três pescoços e coberta por uma camada liquida, transparente e pegajosa. Foi correndo apressada para soltá-la.

— Está tudo bem — sussurrou Wendy calmamente. — Eu vim aqui para salvá-la.

Depois de ter tirado a camada, pousou seu dedo nos seus lábios fechados, indicando para que não fizesse barulho. Agora liberta, Wendy conseguia vê-la melhor. Ela tinha praticamente a mesma idade de Daniel, tinha longos cabelos castanhos cacheados, vestia um pequeno vestido cor de pêssego com algumas remendas, tendo poucos traços semelhantes a trapos. De todas as coisas que notara, a que mais se destacava era sua feição assustada.

Enquanto Wendy a conduzia lentamente até fora do ninho, notou que a pequena respirava pesado e torcia o nariz diversas vezes. Wendy congelou e engoliu seco.

— Ei. Você.... não me diga que...?

— Eu sou alérgica a pelo de Smilodupus — sussurrou Katherine.

Wendy vira antes um amontoado de corpos de Smilodupus jogados em um canto do ninho, e suspeitara que algumas dessas peles foram usadas para a construção do local.

Tribos da Luz: O Retorno InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora