Capítulo 1

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"Eu gostaria de poder fazer uma canção sobre ela. Ela é bonita, senhor! Adorável! Algumas vezes bela como uma grande árvore florida, outras vezes como um narciso silvestre, esbelta e bela. Dura como os diamantes, suave como o luar. Quente como a luz do sol, fresca como o gelo sob as estrelas. Altiva e distante como uma montanha de neve, e alegre como qualquer donzela que já vi, com margaridas no cabelo durante a primavera."

- J. R. R. Tolkien, "O Senhor dos Anéis, As Duas Torres"

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Lilith River

-- Olha pra frente, pirralha!

Faço uma careta ao ouvir a voz aguda, e na minha opinião: muito irritante, de Amber Laurent.
Levanto o olhar, quando meus livros e meus óculos caem no chão, com o empurrão proposital. Os cabelos loiros de Amber voam, acompanhando sua risada estridente, enquanto ela volta a desfilar pelo corredor com seu grupinho de metidas.

-- Que otária! -- Sua voz cantada soa, quando ela vira o corredor.

Encaro minhas coisas jogadas no chão, minhas bochechas ardendo com a humilhação.

Me agacho, suprimindo a vergonha e a raiva.
Vergonha e raiva de mim mesma.
Eu só queria ser normal. Pelo menos, uma vez na minha vida, gostaria que tudo fosse normal.

Recolho minhas coisas, agradecendo aos céus por meus óculos estarem intactos. Não sei que desculpa arrumaria para papai se aparecesse com eles quebrados mais uma vez. Ele parou de acreditar nos meus tombos na escada da escola no verão passado.
Não é possível que o antigo astro do futebol americano da nossa querida cidade, tenha tido uma filha tão desastrada.

E, realmente, eu sou apenas um desastre social.

Levanto do chão, ajeitando meu uniforme e colocando os livros na frente do meu corpo.
Como todos os dias, sinto os olhares curiosos sobre mim.

Ninguém consegue entender porque os populares do último ano perdem seu tempo implicando com uma garota de 15 anos.
Suspiro.
Nem eu entendo.

Se eu fiz algo para merecer ser tratada com tanto desprezo?
Bem...vamos ver...

Amber Laurent.

A filha perfeita do prefeito da nossa pacata e pequena cidade.

Dizem que seu pai é um salafrário que não pensa em nada além de dinheiro e maneiras erradas de conseguir mais e mais, independente das coisas podres que sua ambição possa trazer.

Eu não vi o Senhor Laurent em situações adequadas, mas ele me pareceu um pervertido em todas as vezes que me deparei com as inadequadas.

Bile sobe pela minha garganta ao lembrar do homem atarracado, com os cabelos ralos e o rosto rosado pela idade. O formato de seu rosto e o modo como ele andava me lembrava de um rato cruel e nojento.
Quis muitas vezes que ele fosse verdadeiramente um rato. Assim, eu teria diversas maneiras de matá-lo sem levantar suspeitas. Além do mais, rato ou não, eu apenas estaria fazendo uma limpeza sanitária mais do que necessária nesta cidade.

Na última vez que vi o Prefeito Laurent, suas mãos repugnantes estavam sobre os seios de uma garota Apodyopsis, o clã das mais lindas prostitutas do estado.
Não preciso dizer que ela era muito linda, como todas as garotas do clube de perversões dos homens Osíris.

-- Papai, porque elas fazem isso se são tão lindas? -- Perguntei ao meu pai, após a mulher de cabelos negros como a noite sair desfilando com o Senhor Laurent em direção ao quarto 102.

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora