Segredos Profanos [CONCLUÍDO]

Capítulo 32

Felipe Castelli.

Apoio minha mão em meu queixo, estudando a menina encolhida em meu sofá. Seus cabelos dourados caem em ondas por seus ombros, seus grandes olhos verdes estão marcados por algum tipo de maquiagem preta, que a faz parecer mais velha que seus poucos 16 anos. Eu não deixo meu olhar vagar pelas pernas nuas, ou para o decote suave de seu vestido curto. Não quero assustá-la, lhe passando uma ideia errada das minhas intenções.

Afinal, eu tenho uma filha, poucos anos mais velhas que a garota loira, e só de pensar em um homem da minha idade olhando para Liana com desejo...
Algo que estava acontecendo, sem que eu soubesse. Minha linda e sorridente menininha tinha virado alvo de um dos homens mais detestáveis que já conheci.
O calor da raiva começa a crescer pelo meu corpo, se espalhando por minhas veias como gasolina em uma fogueira. Eu gostava de sentir raiva antigamente, era um sentimento familiar e seguro... diferente do calor cálido e sereno que me invadiu ao ver a pequena garota me desafiando com o queixo erguido.
Ela me lembrava a mulher que amei, a linda Mily Edelin, a garota de língua ferina que podia me colocar de joelhos com suas respostas atrevidas.

Talvez fossem os cabelos loiros ou a rebeldia que eu via resplandecer por trás do medo da menina em meu sofá, mas Lilith possuia algo grande.

Ela era especial...

O que me faz retornar ao motivo de tê-la trazido para minha casa.

Eu estava de saco cheio de Elijah, e seus planos de merda para me ajudar. O desgraçado achava que poderia me oferecer algo em troca, caso eu o ajudasse a acobertar os seus negócios sórdidos.

Elijah pensava que era importante o suficiente para brincar comigo...

Eu não teria ido ao clube Apodyopsis senão estivesse tão curioso com a tal informação privilegiada sobre Eduardo Antunes.
Se algo poderia me matar, seria o meu ódio pelo dono dos Hotéis Odin. Nós dois nunca nos demos bem. Eu e o desgraçado compartilhávamos uma arrogância semelhante e desejarmos as mesmas coisas, o que no passado, foi motivo para quase nos matarmos.
E agora... ele estava se deitando com a minha única filha, se tudo o que Elijah me disse fosse verdade.

Minha linda bonequinha...
Ainda me lembro de seus primeiros passos ou da primeira vez que me chamou de papá com a voz embolada e os olhos dourados brilhando como ouro.

Eu amava aquela menina como nunca amei nada em minha vida. Ela era a única coisa boa que eu conhecia, e odiava que tivesse sido seduzida por um babaca como Eduardo.

Mas, mesmo que sentisse raiva, não havia nada que eu pudesse fazer. Sabia que Liana era forte e corajosa e, ao contrário do que Elijah acreditava ao me mostrar aquela foto, eu não acabaria com Eduardo para afastá-lo da minha garotinha. Mesmo que eu não concordasse com relacionamento de ambos, não usaria de minha posição para favorecer os malditos Osíris.

Não havia nada que pudessem me oferecer e, quando sai daquele clube, me senti tentado a voltar para casa e esquecer aqueles filhos da puta com síndrome de Deus.
Eu só queria um copo de uísque e a minha cama, mas quando cheguei perto da minha caminhonete e vi a menina loira se escondendo de algo, a mesma garota que estava me observando do andar de cima do salão, eu estaquei em meus passos e olhei ao redor, querendo me garantir que ninguém me veria sequestrar uma criança.

Porra, se meus rivais soubessem do que eu fiz...

O vermelho em sua perna chama a minha atenção e, pela primeira vez, me permito olhar para suas pernas claras, observando o sangue vermelho tingindo sua canela, ao deslizar pelo corte.
Eu não deveria tê-la empurrado quando estava correndo, mas eu não queria agarrá-la à força e tocar em seu corpo.