Capítulo 12

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Lilith.

Eu o vejo sobre mim.

O rosto severo e doentio do homem está sobre o meu, seus olhos negros parecendo de um demônio cruel e maligno.
Um demônio.
Me encolho, tentando fugir de seu toque em meu corpo. Ele sorri e suas mãos apertam minha cintura com força, me machucando muito.

-- Olha só quem voltou para mim... -- Rosna, colando sua boca asquerosa em minha bochecha.

Sinto nojo e meu corpo está frio com o pânico. O medo aloja suas garras em minha garganta, e eu não consigo respirar...não consigo gritar...

Aquele homem, o mesmo homem que quase me matou quando eu era nada além de uma criança indefesa, continua me tocando e tirando minha roupa.
E do mesmo jeito que há anos atrás, eu não me movo.
Não consigo.
Minha mente não para de correr, procurando algum lugar para me esconder e tentar esquecer de seus toques horríveis em minha pele.

-- Sua putinha... -- Meu rosto arde com um tapa, o gosto metálico invadindo minha boca.

Começo a tossir buscando ar, enquanto mãos fortes se fecham em torno do meu pescoço, me fazendo encará-lo enquanto rouba minha vida.
Pisco, vendo o meu professor de educação física, me chamando de nomes horríveis e me acusando de coisas que não fiz.
Ao contrário de Liam, ele não tira minha roupa.

Não...

Mas isso não significa que eu não sinta suas mãos em cada parte do meu corpo, enquanto me agride com tapas e socos.

Eu não sei o que dói mais.

Vejo sua mão se erguendo novamente para me bater, o brilho diabólico em seus olhos e os dentes a mostra como um predador.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto, mas eu ainda não me mexo.
Nem um soluço ou som saem da minha boca.

Eu estou morta.

Por que é isso, não?

A morte não é quando nossos corações param de bater ou nossas respirações cessam... Não, nós nunca morremos enquanto nossas almas ainda estiverem vivas.
Um coração banhado de amor nunca morre.
Mas, no meu só existe dor, e ele já está morto. Não importa se as batidas ainda reverberem em meu peito, minha alma está partida.

Fecho os olhos, esperando...porém, o doloroso tapa nunca vem.

Respiro fundo e só então, percebo as sensações em meu corpo, mais precisamente, o calor que se espalha pelos meus ombros.

Abro os olhos.
Azul.
Esqueço do sonho, e paraliso com a dor nauseante que acerta cada parte do meu corpo, me fazendo gemer. Minha pele arde, e parece haver inúmeras agulhas sob ela.

Minha visão, aos poucos foca no que há na minha frente.
Lindas íris azuis safiras.
Pisco, percebendo que tudo não se passou de um pesadelo, e que Liam e o senhor Stuart não estavam realmente aqui.
Sinto cócegas na minha bochecha e uma leve ardência, e tento recuar. Apenas tento, já que uma mão forte segura meu ombro.

-- Teve um pesadelo. -- Aquela voz rouca. -- Eu não queria acordá-la.

Estremeço e volto a olhar para cima, finalmente, saindo da nuvem de sonolência que ainda cobria meus olhos, e vendo o que realmente há na minha frente.

Max.

Me afasto do seu toque, quase doloroso.
Não quero que me toque.

Minhas mãos trêmulas tateiam o colchão e a mesinha ao lado da minha cama, procurando algo para que eu possa me defender.
Não tiro os olhos de Max.

Ele não está sorrindo, como imaginei que faria ao me ver nessa situação. Seu rosto está sério, seus cabelos negros bagunçados, como se tivesse passado horas passando as mãos entre os fios. Sua postura está tensa, sentado em minha cama enquanto me observa pegar o relógio de golfinhos em cima da minha mesa.

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora